O futebol feminino possui dois anos de destaque e dois anos de trabalho duro e mais silencioso. O calendário coloca em sequência a copa do mundo e olimpíada, são dois anos decisivos e de muita pressão, posteriormente a essa maratona as seleções costumam reformular suas equipes, repensar aquilo que foi feito. No primeiro ano pós olimpíada uma seleção se destacou. A Austrália dominou as conversas entre torcedores, a sequência de vitórias contra rivais de peso, o crescimento de Sam Kerr e a confiança da equipe colocaram a seleção no centro das atenções do mundo do futebol feminino. Fato é que hoje as australianas ocupam a quarta posição no ranking da FIFA, é o melhor posto já alcançado pela Austrália na história. 

O ano não começou como terminou. Com participação confirmada na Algarve Cup, a equipe enfrentou rivais em preparação para a Euro. A primeira partida foi contra a Suécia. A derrota por 1 a 0 foi considerada dentro do esperado, já que a rival é tradicional dentro da modalidade, mas após esse pequeno tropeço o rumo das coisas mudaram. 

No confronto seguinte a seleção australiana encontrou a Holanda, que muito em breve se tornaria campeã da Euro, venceu por 3 a 2 e conquistou a primeira vitória do ano. Na sequência uma vitória contra a China por 2 a 1 e um empate em 1 a 1 com a Dinamarca fecharam a participação da equipe na Algarve Cup. 

O melhor estava por vir. Em julho, no torneio das nações, realizado nos Estados Unidos a equipe mostrou sua mudança de patamar. Brasil, EUA e Japão, rivais de peso e tradição, solo norte americano e um bom público, tudo isso só abrilhantou ainda mais o título conquistado pelas australianas. O ponta pé inicial foi contra os Estados Unidos, considerado o jogo mais difícil. A surpreendente vitória por 1 a 0 mostrou a força da equipe e abriu os olhos de quem ainda não tinha notado o crescimento australiano. Na sequência uma goleada impressionante contra o Brasil, 6 a 1. E fechando o torneio, novo resultado positivo, agora um 4 a 2 frente ao Japão. Festa da Austrália no país do futebol feminino.  

Em setembro a seleção australiana reencontrou o Brasil. Em dois amistosos realizados na Austrália, duas vitórias para as anfitriãs, placares mais realistas do que a goleada anterior. No primeiro jogo 2 a 1 e no segundo 3 a 2. Não perca as contas, já são cinco vitórias seguidas. 

Encerrando o ano, mais uma vez na Austrália, a seleção da casa enfrentou a China em nova casadinha de dois amistosos. Vitória tranquila por 3 a 0 e uma goleada por 5 a 1. 

Se o ano da seleção australiana foi sensacional, o que falar sobre Sam Kerr? A atacante de 24 anos marcou 11 gols em 11 partidas com a Austrália, foi eleita MVP (melhor jogadora) da liga norte americana, onde marcou 17 gols durante a temporada regular, recorde da liga. Indicada ao prêmio de melhor do mundo, aclamada por críticos e elogiada por rivais, a atleta fez em uma temporada muito mais do que já tinha feito em anos anteriores. 

Além de Sam Kerr outras atletas se destacaram, como a veterana Lisa de Vanna, que manteve sua liderança sobre a equipe chamando a responsabilidade e ajudando as mais novas. Tameka Butt, Alanna Kennedy e Stephanie Catley também foram destaques em 2017. 

O crescimento individual das atletas refletiu na seleção e colocou a Austrália no círculo de equipes fortes, onde já se encontram, por exemplo, França, Inglaterra, Holanda e Japão. Encerrar 2017 como a quarta melhor seleção do mundo, segundo o ranking da FIFA é um prêmio para uma equipe que durante alguns anos vem mantendo resultados equilibrados e incomodando os rivais. Em 2018 os olhos do futebol feminino vão estar ligados na Austrália e ela não parece querer nos decepcionar.