Após perder peças capitais em sua campanha realizada na temporada passada, nomes do impacto de Alexandre Lacazette, Corentin Tolisso e Mathieu Valbuena, o contexto caótico que envolve o futebol praticado pelo Olympique Lyonnais recebeu argumentos diferentes para competir dentro da França em 2017-18. Em síntese, o enfoque do clube esteve em contratar jovens talentos através da utilização de sua excelente rede de observação, buscando reunir jogadores de características similares para completar um plano de jogo específico. Sem ir mais longe, os talentosos Ferland Mendy e Tanguy Ndombélé, que chegaram de Le Havre e Amiens, respectivamente, representam esta ideia descrita.

Atualmente, os Gones estão estabelecidos na terceira colocação do Campeonato Francês, somando 45 pontos em 21 partidas, acumulando 49 gols anotados e apenas vinte e um concedidos durante a brutal temporada realizada até aqui. Com relação ao seu objetivo final, as intenções dos comandados do jovem técnico Bruno Génésio são direcionadas a um possível retorno à Uefa Champions League, lutando rodada a rodada com os rivais Monaco e Marseille pelas outras posições pendentes além da liderança isolada do absoluto Paris Saint-Germain. Neste domingo (21), o adversário do OL será justamente o PSG, recebendo o inimigo em seus próprios domínios, no Groupama Stadium, às 18h no padrão de Brasília.

A potência física em estado puro: o ritmo oferecido por Mendy e Ndombélé

​"Na França, as melhores pernas ganham destaque. Como Tanguy e Ferland possuem um perfil parecido, de infiltrar com dribles, eles são importantes para nós. Ambos nos trazem aceleração e ruptura para desorganizar a defesa adversária."

A declaração de Bruno Génésio é bastante condizente com o impacto causado pelos jovens. Para início de conversa, precisamos definir o Lyon como uma equipe. Neste cenário, a forma como o OL conduz seu estilo se trata de uma postura agressiva e vertical. Em resumo, no que permite análise, a principal ideia está em resistir posicionado com uma linha defensiva em altura média, acumular jogadores capazes de agregar fisicalidade sem a bola por dentro para posteriormente conectar ataques devastadores em transição ofensiva. Quando o contexto estabeleceu conforto para os Gones neste aspecto, a execução do plano proposto pelo coletivo foi positiva, adquirindo resultados significativos longe de sua casa, como as três vitórias por 5-0 contra Troyes, Nice e Saint-Étienne. Porém, o desempenho contraproducente quando assumiu responsabilidades de elaborar desde trás em ataque posicional, pode ser classificado como um fato paradigmático dentro da temporada.

Em jogos onde o Lyon não esteve fluído com a posse de bola, mesmo somando um índice considerável de seu controle (54% em média), o onze inicial da equipe não contou com as presenças de Tanguy Ndombélé e Ferland Mendy. O ritmo altíssimo em seus fluxos ofensivos está relacionado diretamente com a capacidade atlética representada pelos dois. No caso do primeiro, um meio-campista incontrolável através de suas conduções, aptidões tanto físicas quanto criativas e portador de uma característica rara em comparação com a elite mundial: ao mesmo tempo em que é caótico, se torna capaz de lidar com suas imprecisões as transformando em vantagens para sua equipe. Já o segundo, possui qualidades para pisar em zonas profundas do campo, eliminar marcadores e criar um sistema próprio ao redor de sua figura.

Sem ir mais longe, os mecanismos apresentados pelo Lyon estão direcionados as combinações entre funções, estilos e variações. Em saída de bola, o volante Lucas Tousart se posiciona em um escalão próximo dos zagueiros, oferecendo linhas de passe para que jogadores como Kenny Tete e outro extremo que ocupar o flanco direito - Bertrand Traoré ou Maxwel Cornet -, tenham opções para progredir metros e estabelecer ataques em campo rival. Porém, o lado forte é encontrado a partir da esquerda, através da altura e continuidade oferecida pelo jovem Houssem Aouar desde uma posição aberta, executando movimentos de tendência interior para impulsionar Mendy ao fundo, contando com a capacidade associativa do franco-argelino para receber passes criteriosos e condicionar um cenário favorável para o desequilíbrio do capitão Nabil Fekir, ainda contando com as trocas de ritmos de Ndombélé para acelerar, romper e somar atividades ofensivas. Em sentido contrário, está o caso de Memphis Depay, que apesar de renome dentro da Europa, significa um argumento totalmente negativo para o futebol praticado pelo Lyon.

No caso do holandês, a sua falta de leitura e interpretação, somada com a perda de elasticidade e agilidade para conduzir (os seus números de dribles completados só caem desde 2014-15) representam uma debilidade para o ritmo em que o Lyon ataca, algo que consequentemente impacta negativamente na fase defensiva da equipe, criando cenários de transição em campo aberto, onde a inferioridade númerica marca diferenças, colocando em pauta a questão individual e estilística de cada atleta - com o brasileiro Marcelo sendo o defensor que responde melhor as estas adversidades impostas pelos erros na construção em terreno contrário. Para finalizar o raciocínio introduzido, as versões mais produtivas do OL aconteceram quando Memphis não esteve em ação.

Em relação aos protagonistas Mariano Diaz e Nabil Fekir, dois jogadores com grande qualidade resolutiva, ambos funcionam como peças-chaves na ideia. No caso do internacional francês, a sua resistência com o esférico controlado, sendo capaz de temporizar e reter a posse em curtos espaços sem ser desarmado, se trata de um fator decisivo para a fluidez ofensiva do coletivo. A sua mobilidade, para recepcionar passes em qualquer zona do campo - claramente mais assertivo quando ativado em terço final -, é uma ameaça indecifrável para os rivais franceses, com cada intervenção do jogador de 24 anos simbolizando uma ocasião de gol. Já com relação ao hispano-dominicano, a hiperatividade que possui em seus movimentos, seja executando desmarques em profundidade ou movimentos de apoio, servem como uma característica complementária ao resto do sistema, especialmente levando em consideração a ausência de autossuficiência de nomes como Traoré e Cornet, que mesmo produzindo gols semanalmente, encaixam apenas como extremos de ataque ao espaço neste contexto.

Conheça o futebol de Mendy e Ndombélé

Enquanto os integrantes da comissão técnica do Lyon continuarão juntando peças para encaixar os jogadores citados em simultâneo num mesmo contexto, você pode apreciar o futebol dos dois destaques do artigo clicando nos links abaixo: