Reviravoltas, surpresas, decepções, polêmicas, jogadores superando expectativas, jogos históricos, lances memoráveis e muita emoção. Por si só, uma Copa do Mundo já é muito especial e histórica, mas esses fatores trouxeram um grande charme à edição de 2002, que, com certeza, foi uma das memoráveis edições do torneio mais importante do mundo dos esportes – sendo relembrada até hoje.

Essa foi a primeira vez que dois países dividiram o título de ‘país-sede’ da competição. Além disso, fora a estreia de uma Copa do Mundo longe da Europa ou das Américas, trazendo à tona toda a peculiaridade do futebol asiático, que conseguiu aparecer ao mundo com essa competição e, consequentemente, ganhou muita atenção por parte de todos os telespectadores. A VAVEL Brasil relembrará tudo o que se passou nessa Copa do Mundo, disputada no Japão e na Coreia do Sul.

Países-sede: a Ásia vive a Copa

Três nações lançaram suas candidaturas para sediar o torneio: México, Japão e Coreia do Sul. Como os mundiais de 1970 e 1986 foram no país da América do Norte, a Fifa resolveu unir, no dia 31 de maio de 1996, os projetos lançados pelos dois países da Ásia e formaria a primeira – e até agora, única – Copa do Mundo sediada em dois países diferentes. Além disso, foi o último Mundial em que o atual campeão tinha classificação garantida – após isso, até o vencedor teria que encarar as Eliminatórias para a Copa seguinte.

Por conta do convívio ruim entre as duas nações que sediavam o torneio, a Cerimônia de Abertura tratou apenas da cultura da Coreia do Sul. Ironicamente, o tema do espetáculo foi em torno da dificuldade da comunicação entre as pessoas – justamente algo que ela sofre com o Japão, que também sediava a Copa. Apesar disso, aos poucos, tudo se transformara e o assunto se tornou “Como o mundo mudou através da tecnologia”, algo que é muito importante na economia do país. No final, crianças com camisas de todas as Seleções entram, simbolizando o desejo de um final feliz entre as nações.

Tônica da Copa do Mundo: ruas cheias para acompanhar as partidas (Foto: Anja Heinemann/Bongarts)
Tônica da Copa do Mundo: ruas cheias para acompanhar as partidas (Foto: Anja Heinemann/Bongarts)

O futebol asiático, apesar de ter sido o lar de jogadores que representaram a Seleção Brasileira em Copas do Mundo anteriores, como o zagueiro Ronaldão, em 1994, que jogava no Shimizu S-Pulse, e Dunga, do Júbilo Iwata, e César Sampaio, no Yokohama Flügels, na França, em 1998, não era tão conhecido do público brasileiro, que pouco tinha acesso à cultura e o futebol desses países.

Dessa maneira, muitos brasileiros conseguiram conhecer um pouco da cultura do futebol do país: uma torcida apaixonada, que apoiava incessantemente as suas respectivas seleções. As ruas estavam enfestadas com um mar de pessoas, que saíam para torcer e vibrar. Tudo que era possível, seja de indústrias ou comercio, parou para ver essa histórica competição. A Ásia, de fato, viveu a Copa do Mundo.

Fase de grupos: surpresas e incertezas

Estreante em Copa do Mundo, a Seleção de Senegal não sentiu a pressão e derrubou rótulos para se classificar em um grupo que continha França e Uruguai, que ficaram pelo caminho. Além deles, a Dinamarca foi outra que surpreendeu nesse Grupo A, terminando como líder. Já na primeira fase da Copa do Mundo, duas grandes seleções ficariam pelo caminho – provando que as outras equipes, mesmo sem tanto nome e grandeza, poderiam surpreender.

O Grupo F ficou conhecido por todos como o “Grupo da Morte”, já que continha Inglaterra e Argentina, que tinham equipes recheadas de excelentes jogadores, Suécia, invicta nas Eliminatórias Europeias, e a Nigéria, com Jay Jay Okocha e Nwankwo Kanu em seu plantel. Assim como a Seleção Francesa, os Hermanos decepcionaram e foram eliminados ainda nessa fase, com uma vitória, um empate e uma derrota – ficando atrás das duas seleções da Europa. Mesmo com Crespo, Batistuta, Aimar e companhia, a seleção de Marcelo Bielsa não conseguiu avançar.

Ariel Ortega lamenta a eliminação precoce da Argentina (Foto: Philippe Huguen/AFP)
Ariel Ortega lamenta a eliminação precoce da Argentina (Foto: Philippe Huguen/AFP)

As duas seleções que sediaram a competição não decepcionaram. No Grupo D, a Coreia do Sul passou em primeiro, deixando Estados Unidos, segundo colocado, Portugal e Polônia para trás com uma campanha quase perfeita, vencendo duas partidas e empatando uma, contra os americanos. O Japão, por sua vez, também fez o dever de casa e passou com os mesmos sete pontos, ficando à frente de Bélgica, Rússia e Tunísia, respectivamente. Apesar do empate com os belgas em 2 a 2 na partida de estreia, os comandados de Philippe Troussier venceram as outras duas partidas com autoridade, garantindo a liderança.

As únicas seleções que conseguiram se manter 100% durante a primeira fase foram Brasil e Espanha. Os comandados de Felipão superaram a forte Turquia, segunda colocada, Costa Rica e China marcando expressivos 11 gols e levando apenas três. A Espanha, por sua vez, teve vida mais complicada, mas conseguiu superar um grupo com Paraguai, África do Sul e Eslovênia e, apesar de levar gol em todas as partidas, compensou com um ataque muito objetivo.

Oitavas: polêmica e história sendo escrita

Confirmando seus rótulos de favoritos, Brasil e Alemanha passariam por, respectivamente, Bélgica, com grande atuação de Marcos na vitória por 2 a 0, e Dinarmaca, num triunfo de 3 a 0. Em um dos duelos mais equilibrados da chave, os Estados Unidos superaram o México no confronto entre países da América do Norte graças a gols de Brian McBride e do jovem Landon Donovan.

Os confrontos mais complicados ficaram entre Alemanha e Paraguai, em que Oliver Neuville garantiu uma classificação heroica aos alemães com um gol aos 43 minutos do segundo tempo, Espanha e Irlanda, que teve Robbie Keane empatando a partida em 1 a 1 no último minuto, mas sucumbindo na disputa de pênaltis, consagrando a classificação espanhola e a suada vitória de 1 a 0 da Turquia sobre o Japão, graças a um gol de Umit Davala.

Italianos reclamam muito com o juiz na partida contra Coreia do Sul (Foto: Sandra Behne/Bongarts)
Italianos reclamam muito com o juiz na partida contra Coreia do Sul (Foto: Sandra Behne/Bongarts)

Na partida que envolvia o outro país-sede, a Coreia do Sul ficaria frente à frente com a tradicional Itália. Apesar de Christian Vieri ter aberto o placar ainda no primeiro tempo, o jogo foi marcado pelo uso desproporcional de violência vindo dos locais e uma passividade do árbitro Byron Moreno, que deixou de marcar falta em lances, teoricamente, fáceis. Com a bola rolando, Ki-Hyeon Seol marcou o gol de empate já nos minutos finais da partida e Jung-Hwan Ahn brilharia na prorrogação, com um Golden Goal faltando três minutos para o fim da partida. Apesar da euforia em Daejeon, o jogo ficaria marcado como um dos mais polêmicos da histórias das Copas do Mundo.

"Um escândalo de proporções mundiais, que nos faz gritar contra o roubo, a má-fé, a incompetência e até mesmo contra o complô", dizia a página na internet da RAI, rede de televisão italiana, no dia seguinte.

Por toda uma nação: Senegal faria história
Por toda uma nação: Senegal faria história (Foto: Stu Forster/Getty Images)

Mostrando um lado mais positivo da competição, o grande ponto seria a classificação de Senegal, que já havia deixado França e Argentina pelo caminho, para as quartas-de-final – sendo a primeira seleção africana a alcançar tal nível. A partida seria contra a Suécia, primeira colocada do “Grupo da morte”, e o favoritismo era, obviamente, dos suecos. Tal rótulo fora confirmado com apenas 11 minutos de jogo, quando Larsson abriu o placar após uma cobrança de escanteio. Sem desanimar, Senegal partiu para cima e, com fantásticas atuações de Papa Bouba Diop e Henri Camara, que marcou os dois gols da virada, conseguiu essa classificação histórica.

Quartas

"O que nós temos de fazer é repetir a atuação que tivemos contra a Argentina (na primeira fase): um time compacto e agressivo. Os jogadores estão muito calmos e acreditam que têm excelentes chances na sexta-feira. Eles não estão receosos.", disse Sven-Goran Eriksson, treinador da Inglaterra, antes da partida contra o Brasil.

Dentro das quatro linhas, porém, não foi isso que aconteceu: em um duelo envolvendo duas das melhores seleções daquela competição, Inglaterra e Brasil fizeram uma possível “final adiantada”, mas, no fim, a Seleção Canarinho saiu mais feliz em Shizuoka. Apesar de Michael  Owen ter aberto o placar, o Brasil virou graças a gols de Rivaldo e de  Ronaldinho Gaúcho, em um antológico gol de falta, encobrindo David Seaman, que esperava um cruzamento na área.

A histórica cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho (Foto: Bob Thomas/Bob Thomas Sport Photography)
A histórica cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho (Foto: Bob Thomas/Bob Thomas Sport Photography)

No duelo entre, até então, duas das surpresas da Copa do Mundo, Turquia e Senegal não conseguiram sair do empate sem gols no tempo regulamentar e a partida foi apenas resolvida graças a um gol de ouro, marcado por Ilhan Mansiz, dando fim a uma gloriosa epopeia vivida pelos africanos, que ficaram na história; Na Coreia do Sul, a Alemanha derrotaria os Estados Unidos graças a um gol de Michael Ballack e uma atuação de glória de Oliver Kahn, que fez, pelo menos, duas fantásticas defesas.

Apesar da vitória contra os EUA, Franz Beckenbauer, ídolo alemão, criticou a atuação de sua seleção. "Foi um desempenho muito inadequado, se nós não tivéssemos Kahn, já teríamos sido mandados para casa muito tempo atrás. Nós passamos raspando em todos os jogos, com exceção da partida contra os sauditas, que praticamente nos convidaram para dentro do seu gol.", disse ao jornal alemão Bild.

Kahn era o grande destaque alemão (Foto: Pascal Guyot/AFP)
Kahn era o grande destaque alemão (Foto: Pascal Guyot/AFP)

Semis: tradição x surpresa

No começo da competição, ninguém seria capaz de imaginar que Coreia do Sul, mesmo sendo uma das anfitriãs, e Turquia fossem fazer parte do seleto grupo das quatro melhores seleções da Copa do Mundo. No caminho, delas, porém, as tradicionalíssimas equipes da Alemanha e de Brasil, respectivamente.

Empolgado com os resultados positivos, Senol Gunes, técnico da Turquia, disse, antes da partida, que buscava vingar a derrota na fase de grupos. "Nós deveríamos ter vencido o Brasil na primeira partida, mas não foi possível. Vamos fazer isso agora. Temos de olhar para o futuro. Temos novos planos para o futuro. Nós queremos jogar a final da Copa. Temos um grande objetivo, e temos mostrado ao mundo o que significa um bom futebol.”, afirmou.

O biquinho de Ronaldo (Foto: Alex Livessey/Getty Images)
O biquinho de Ronaldo (Foto: Alex Livessey/Getty Images)

Na prática, a partida da semi-final foi um espelho do que havia acontecido na fase de grupos – porém, em uma proporção menor: em um jogo complicado, com Hasan Sas em uma noite inspirada, coube ao bico da chuteira de Ronaldo superar Rüstu Reçeber e colocar o Brasil na grande final; Era o fim da jornada de uma grande Turquia, que fez por merecer de chegar aonde esteve.

Do outro lado, Daegu e toda a Coreia do Sul pararam para a ver a seleção nacional enfrentar a Alemanha. Perigosa nos contra-ataques, os locais levaram muito perigo em suas rápidas transições, que foram paradas por intervenções clínicas de Oliver Kahn que, mais uma vez, foi perfeito. Os coreanos, porém, tomariam do próprio remédio na marca dos 30 minutos do segundo tempo, quando Neuville puxou pelo lado direito do campo e cruzou para Ballack, que precisou de duas chances para marcar.

Ballack comemora o gol que colocaria a Alemanha na final (Foto: Brian Bahr/Getty Images)
Ballack comemora o gol que colocaria a Alemanha na final (Foto: Brian Bahr/Getty Images)

A grande final

Apesar de estarem no estágio máximo possível da competição, as duas seleções viam em momentos psicológicos distintos: o Brasil, com 100% de aproveitamento e a com a dupla Rivaldo-Ronaldo muito entrosada, chegava à decisão no ápice do seu jogo, enquanto que a Alemanha era muito criticada por todos da imprensa, pelo jogo ‘feio’ que eles possuíam, com exceção do goleiro Oliver Kahn e de Michael Ballack, que não jogaria a final, suspenso.  

O treinador Luiz Felipe Scolari disse, antes da partida, falou sobre o ‘peso’ que havia saído de suas costas e das de Rudi Völler, treinador da Seleção Alemã. “Eu quero parabenizar o Vöeller porque, quando nós nos encontramos em Seul, vínhamos os dois com a corda no pescoço, já que a Alemanha tinha se classificado para a Copa depois de uma repescagem, e o Brasil estava naquela situação difícil. Durante nossa conversa, nós falamos: 'Quem sabe, depois de tudo isso que nós passamos, nós vamos nos encontrar para uma final'. E aí estamos. Agora, tenho certeza que vamos nos abraçar, relembrar Seul e jogarmos. Seja o que Deus quiser”, disse.

Kahn finalmente seria derrubado: Ronaldo herói brasileiro (Foto: Sandra Behne/Bongarts)
Kahn finalmente seria derrubado: Ronaldo herói brasileiro (Foto: Sandra Behne/Bongarts)

Desde o apito inicial, o Brasil buscaria o gol e, por isso, seria superior nos primeiros 45 minutos. No duelo particular entre Ronaldo e Kahn, melhor para o alemão, que defendeu com as pernas um chute do atacante na altura da marca da cal. A melhor chance da Seleção Canarinho foi com um chute no travessão de Kléberson.

A Alemanha voltaria melhor para a etapa complementar. Logo no começo, Neuville acertou a trave de Marcos após um chute de falta, e o jogo se tornaria mais parelho. No seu pior momento da partida, porém, o Brasil abriria o placar: Kahn, até então perfeito na competição, não conseguiu defender um chute de Rivaldo, e Ronaldo colocaria no fundo das redes. A vantagem aumentaria minutos após, quando, após um passe de Kléberson, o Camisa 10 deixaria a bola passar, enganando toda a defesa alemã, e o Camisa 9 marcaria pela segunda vez naquela noite.

O campeão

(Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)
(Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)

A Seleção Brasileira não fez as Eliminatórias dos sonhos. Na verdade, muito pelo contrário: a campanha foi contestada durante muito tempo, e a Canarinho empilhou muitos resultados ruins ao longo do caminho, além de muitas atuações fora da curva, distantes daquilo que o torcedor estava acostumado a assistir. Esse período foi muito conturbado, já que, desde a Copa de 98, três treinadores passaram pela seleção.

Até que, em 2001, Luiz Felipe Scolari assumiu o cargo, mas não conseguiu a confiança dos brasileiros, já que empilhou um dos maiores vexame da Seleção Canarinho em todos os tempos, na fatídica eliminação para Honduras, na Copa América. “Podem me colocar no Guiness Book, eu perdi para Honduras”, disse o treinador após essa derrota. As coisas, porém, iriam melhorar e o Brasil garantia, na última rodada, uma vaga na Copa do Mundo. 

Nada disso foi visto, porém, quando a Copa do Mundo começou. Mesmo com toda a pressão vinda à Luiz Felipe Scolari, por essas fracas atuações e pela não convocação de Romário, a Seleção Brasileira se concentrou no jogo dentro das quatro linhas e foi muito bem-sucedida, já que teve partidas muito boas ao longo da competição, não lembrando o que fora apresentado nos anos anteriores.

Dois dos ícones da conquista: Rivaldo e Ronaldo (Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)
Dois dos ícones da conquista: Rivaldo e Ronaldo (Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)

A campanha perfeita, com sete vitórias em sete jogos, representaria muito bem essa evolução da Seleção Brasileira, que chegou ao seu ápice quando era realmente necessário. O destaque dessa equipe, sem dúvida, foi o setor ofensivo, que garantiu 18 gols na competição, representando o melhor ataque dessa Copa do Mundo.

Time-base: Marcos; Lúcio, Edmílson, Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Roberto Carlos; Ronaldinho; Rivaldo, Ronaldo.

O artilheiro

(Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)
(Foto: Mark Leech/Mark Leech Sports Photography)

Ronaldo justificou o apelido de fenômeno durante toda a competição. Sem delongas, o Camisa 9 foi dominante diante de todos os adversários, que não conseguiam marcar um jogador com a única ambição de vencer. Os oito gols marcados representam que Ronaldo, que sofreu com muitas lesões anteriormente, não havia esquecido como que se dava um espetáculo e essa competição foi o grande momento de sua carreira.

Decepções

Argentina e França protagonizaram dois dos maiores papelões das histórias das Copas. Embalados e com apenas uma derrota nas Eliminatórias, os Hermanos, com um time recheado de estrelas, sucumbiu ao “Grupo da Morte” e ficou pra trás ainda na primeira fase da competição, vendo, com apenas 4 pontos conquistados, Suécia e Inglaterra passarem adiante.

Zidane, lesionado, não conseguiu levar a França adiante (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)
Zidane, lesionado, não conseguiu levar a França adiante (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)

A França, por sua vez, teve uma performance pior ainda. Sem Zidane, que havia se machucado em um amistoso semanas antes, os Bleus, campeões da Eurocopa e da Copa das Confederações, ficaram sem identidade, perdendo para Senegal e empatando com o Uruguai. Com a grande necessidade de se classificar, Zizou, longe do nível físico ideal, voltaria contra a Dinamarca, no terceiro jogo do grupo, mas não seria suficiente, já que os dinamarqueses venceram a partida por 2 a 0, dando fim a uma melancólica campanha francesa.

Surpresa

Após uma campanha regular na fase de grupos, superando a Costa Rica pelo saldo de gols, imaginava-se que a Turquia não iria longe no mata-mata e que, provavelmente, seria eliminada nas oitavas de final. Contrariando todos os paradigmas, a Seleção Turca cresceu no momento decisivo da competição, sendo uma das equipes que mais conseguia entender o jogo, dificultando a vida de seus adversários.

Nas oitavas, deixaria o anfitrião Japão para trás, mesmo tendo um estádio inteiro contra si. Na fase seguinte, em um dos duelos mais interessantes de todas as Copas do Mundo, deixaria a grande Senegal e toda a esperança do continente africano para trás. O sonho, porém, teria um fim nas semi-finais quando não conseguiriam derrotar, novamente, o Brasil. A boa campanha foi fechada com a disputa do terceiro lugar, quando os turcos derrotaram a Coreia do Sul por 3 a 2.

Liderados por Sas (11), a Turquia foi a surpresa da Copa (Foto: Bob Thomas/Bob Thomas Sports Photography)
Liderados por Sas (11), a Turquia foi a surpresa da Copa (Foto: Bob Thomas/Bob Thomas Sports Photography)

O mais impressionante de toda essa epopeia turca foi que Hakan Sükür, capitão e principal jogador da equipe, passou longe de apresentar boas atuações. Nesse contexto, um herói improvável surgiu: Hasan Sas. O Camisa 11, ao lado de Rüstu Reçeber e Umit Davala, assumiria o papel de protagonista da seleção de Senol Gunes, fazendo, até hoje, a melhor campanha da Turquia em Copas do Mundo.