Um dos pensadores mais cultuados na arte e cultura argentina, Enrique Discépolo declarou que “o tango é um pensamento triste que se pode dançar”. Exatamente quatro décadas atrás, era uma euforia enorme no país sul-americano pela proximidade do primeiro título mundial. Na Rússia, a torcida foi exemplar. Em campo, um catado vexatório. Na tarde desta quinta-feira (21), no Nizhny Novgorod Stadium, em Nizhny Novgorod, a Croácia mostrou como se joga um bom futebol e usa muito bem suas peças de desequilíbrio. Com gols de Rebić, Modrić e Rakitić, os bálcãs fizeram os hermanos dançarem sob seu ritmo e venceram por 3 a 0.

O triunfo garantiu a classificação croata às oitavas de final, líder do Grupo D, com seis pontos ganhos. A Albiceleste fica em situação crítica, com apenas um ponto. A real situação vai ser conhecida após o jogo entre Nigéria x Islândia, disputado nesta sexta-feira (22). A derradeira rodada será disputada às 15 horas da próxima terça-feira (26). A Argentina encara a Nigéria em São Petersburgo, enquanto a Croácia mede forças contra a Islândia em Rostov.

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Tudo ou nada

A tensão era completamente evidente na Argentina. Na execução do hino nacional, enquanto as arquibancadas pulsavam em vibração, Lionel Messi ficava concentrado, tenso, ciente da responsabilidade. Não se pode dizer que o camisa 10 esteve ausente. Buscou jogo, correu e teve movimentação. Porém, o craque é de outro planeta em um grupo atordoado e formado por terráqueos que não apresentam desenvoltura em conjunto. Mas tudo isso se tornou diminuto ainda no primeiro tempo.

Os croatas entraram em campo com o objetivo de mostrar que o time é mais que talento de duas peças no meio de campo. Aos quatro minutos, Perisić quase abriu o marcador ao bater cruzado e Caballero tirou com a ponta dos dedos. Messi respondeu para a Argentina. Após cruzamento de Enzo Pérez, houve o domínio parcial, mas escapou. Logo em seguida, Meza arriscou, mas Lovren travou. Aos 29, a melhor chance da Albiceleste. Agüero iniciou a jogada pela esquerda, Vida cortou parcialmente e Enzo Pérez, com o gol vazio, mandou para fora.

A Croácia não se deu por vencida. Mais cautelosa, chegava com muito perigo. Mandžukić completou cruzamento de Modrić com perigoso peixinho. Errou o alvo por pouco. Na reta final do primeiro tempo, a pancadaria ficou mais notória. Entradas duras, pouco futebol e muitas faltas.

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Croácia mortal

A tensão virou drama na etapa complementar. A Argentina tentava encontrar os espaços na defesa, mas as dificuldades permaneciam. Mas a defesa, sempre problemática, mostrou que todas as críticas são oportunas e fazem jus. Aos oito minutos, Mercado recuou para Caballero e o goleiro quis devolver com belo toque por cobertura. Rebić emendou um voleio imperdoável e coroou a lambança do arqueiro.

Se existia algum esquema tático, foi completamente anulado. Na base da pressão, da quantidade de atacantes colocados por Jorge Sampaoli, a Argentina tentou levar tudo na base da emoção. A Croácia fortaleceu ainda mais a marcação e foi eficiente. Messi tentou ser o fator de desequilíbrio. Higuaín fez jogada pela esquerda e cruzou. Meza bate no canto e Subašić defende. No rebote, o meia rolou de calcanhar e o arqueiro croata impediu o empate mais uma vez.

Com Dybala, Higuaín, Pavón e Messi no ataque, o nervosismo, os erros no ataque e a tentativa desesperada mostraram a fragilidade na equipe sul-americana. Nada adiantou. Os croatas não foram misericordiosos. Não há justiça, perdão ou piedade. Aos 35 minutos, Modrić fez bela jogada individual, dançou e chutou forte. Caballero saltou, mas não impediu. Croácia nas oitavas de final com méritos, classe e qualidade no conjunto. Rakitić ainda quis coroar ainda mais a vitória, mas o travessão impediu. Mas desmoralizou. Aos 46 minutos, após rebote de Caballero, o meia sacramentou a vitória de maneira magistral.

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Sobre o autor
Taynã Melo
Editor VAVEL Brasil