Treinador da seleção venezuelana, Rafael Dudamel deixou seu cargo à disposição nesta sexta-feira (22), após vitória de 3 a 1 sobre a Argentina. O comandante revelou que recebeu visita de representante de Juan Guaidó em Madrid — local do amistoso —, ação política que não o agradou.

Dudamel disse a repórteres que conversou com executivos da Federação Venezuelana de Futebol, incluindo o seu presidente Laureano Gonzalez, sobre manifestação política dentro da concentração.

"Hoje (22/03), infelizmente, tivemos uma triste e muito amarga experiência, e estou muito decepcionado", disse o técnico, referindo-se a visita feita por Antonio Ecarri antes do jogo. Lembrando que Ecarri foi nomeado por Juan Guaidó como seu embaixador na Espanha.

O Ministério da Comunicação e Informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentários feito pela Reuters.

Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela em janeiro, alegando que a reeleição do presidente Nicolás Maduro em maio de 2008 foi uma fraude.

"Houve uma falta de respeito"

À noite, Dudamel concedeu entrevista à CNN. Além de comentar sobre o jogo, o treinador também disse que recebeu o embaixador antes do amistoso, mas foi contra uma leve manifestação política aos jogadores.

"Houve uma falta de respeito, ato político pelo Sr. embaixador de Guaidó, que veio nos visitar. Nós gentilmente participamos, mas com o acordo de que se houvesse uma foto ou vídeo a veiculação seria interna. Era para saudar os jogadores de futebol, e eles (embaixada) politizaram, e nós não podemos permitir isso."

Dudamel também lembrou que em 2018, recebeu visitas de embaixadores "do governo do presidente Maduro".

"Infelizmente, eles usaram a visita à equipe nacional para a mídia", disse Dudamel, mas sem detalhar o conteúdo de suas conversas com a Federação, cujos diretores incluem representantes do governo de Maduro.

Deixando a decisão nas mãos da Federação, Dudamel antecipou que irá assistir o outro amistoso da Venezuela, contra a Catalunha, na segunda-feira (25), em Barcelona.