Pouco mais de três semanas após um jogo de um único gol no Wanda Metropolitano e a vitória simples do time da casa, Atlético de Madrid e Liverpool tiveram mais uma chance de tentarem a classificação, desta vez na casa dos ingleses.

Desde a derrota no Wanda Metropolitano, a equipe do norte da Inglaterra teve o maior período de altos e baixos até o momento atual da temporada, perdendo duas das últimas quatro partidas realizadas (cinco, se contabilizarmos a derrota para os próprios espanhóis).

O Atleti, por sua vez, vinha de dois empates consecutivos e buscava fazer o “jogo mais Atleti possível” - a cara de Cholo Simeone - e segurar um empate sem gols em pleno Anfield.

Em relação ao time que saiu derrotado para o Atlético, Klopp foi obrigado a colocar o goleiro Àdrian no lugar do lesionado Alisson, e - neste caso por opção - tirar Fabinho para por Chamberlain, que deu mais verticalidade a sua equipe. No caso do time madrilenho, Simeone teve três mudanças se compararmos os 11 iniciais presentes na partida de ida do confronto. Trippier foi o titular na vaga de Šime Vrsaljko, não alterando tanto as características defensivas da equipe. Em contrapartida, a dupla de atacantes foi completamente mudada, já que Morata e Lemar (que jogou mais à frente) deram lugar a João Felix e a Diego Costa.

PRIMEIRO TEMPO

Sem necessidade de apertar o Liverpool nos minutos iniciais, o Atlético apenas observou como o jogo fluiria em seu início e deixou o time da casa prender a bola nos pés durante boa parte da primeira etapa.

Aos 13', o dono da primeira boa chance da partida foi justamente o Liverpool, que funcionava de forma muito intensa pelo lado direito do campo, que tinha Arnold e Chamberlain. Na ocasião, o meia inglês pegou a sobra na entrada da área e obrigou Oblak a espalmar para o canto, fazendo uma excelente defesa e evitando o gol que igualaria o placar agregado.

Poucos minutos depois, aos 18’, num bom cabeceio cruzado de Felipe após a cobrança de escanteio, o zagueiro brasileiro quase colocou o time espanhol na frente, já que a bola saiu ao lado do gol. A partir deste momento, o Atleti teve mais confiança para subir suas linhas e pressionar a equipe mandante. Quando decidia partir em velocidade, Correa e Felix vinham sendo as válvulas de escape do time.

Até os 30 minutos de jogo, Mané e Salah pouco conseguiram fazer para desequilibrar a defesa colchonera em Anfield. Além destes, Firmino mal havia visto a cor da bola, já que a zaga adversária vinha cobrindo bem os movimentos do camisa nove.

Na primeira jogada em que Salah e Mané se envolveram com sucesso, o egípcio conseguiu o drible de corpo em Renan Lodi e serviu ao senegalês, que pegou de primeira e viu Oblak agarrar em dois tempos. Em seguida, Arnold quase conseguiu a assistência para que Firmino marcasse de voleio, não fosse mais uma boa interceptação de Oblak.

No fim da primeira etapa, entretanto, num momento de completa posse de bola do time de Liverpool, Chamberlain subiu em profundidade pela direita e cruzou de forma certeira para Wijnaldum marcar e fazer um belo gol de cabeça, sem a menor chance de defesa para o goleiro esloveno.

Com o placar favorável, o Liverpool vinha fazendo seu dever de casa e deixando o placar da partida idêntico ao do primeiro jogo. Desta forma, as equipes retornaram para o vestiário em Anfield.

SEGUNDO TEMPO

Com as mesmas equipes da etapa inicial, Klopp e Simeone mantiveram suas estratégias iniciais no recomeço da partida. Mesmo com o placar agregado igualado, o ritmo da partida voltou com a mesma intensidade ofensiva do Liverpool e uma tentativa clara de puxar contra-ataques por parte dos visitantes.

Os dois primeiros ataques saíram dos pés de Salah e Mané e ambos pararam nas mãos de Oblak antes dos cinco minutos de segundo tempo.

O dono do novo “bombardeio” na marca dos 55’ foi Chamberlain, que quase chegou ao gol em duas oportunidades. Na segunda, obrigou Oblak a pular no cantinho e evitar aquele que seria o segundo gol do Liverpool.

O ritmo impulsivo do time da casa obrigou Cholo a sacar Diego Costa para colocar Llorente, que seria mais um para “fechar a casinha” no meio de campo colchonero.

Depois de mais uma defesa de Oblak após o chute de Chamberlain, foi a vez do Atlético finalmente aproveitar um contra-ataque. Felix forçou o rebote de Àdrian e defendeu com o rosto o chute prensado de Correa. Na oportunidade seguinte por parte do time visitante, Saul tentou da intermediária ao observar o goleiro Ádrian à frente da área, mas chutou ao lado da trave direita, levando bastante perigo.

Na marca dos 66’, em mais um ataque avassalador do time inglês, Salah chutou com desvio e viu a bola sobrar na pequena área para Robertson cabecear com força no travessão da meta de Oblak. O segundo gol do Liverpool não saiu por detalhes neste lance.

Na 19ª finalização do time da casa, novamente foi Chamberlain quem quase conseguiu chegar ao gol, foi fosse mais uma boa e segura defesa por parte do goleiro do Atlético de Madrid.

A pressão foi a mesma até os 85, com o Liverpool forçando a todo o tempo. Neste meio-tempo, Chamberlain deixou o campo para a entrada de Milner, que saiu bem cansado de campo. Mané, que fez um excelente segundo tempo, quase marcou de voleio após a bola sobrar na grande área livre para ele. Mas parece que, além de Oblak, mais fatores pendiam para que a partida fosse para a prorrogação. Faltando pouco mais de três minutos para o fim da segunda etapa, Salah ainda teve uma ótima chance após chutar firme e ver a bola passar a centímetros do ângulo de Oblak.

No minuto final de partida, para botar aquela lenha necessária na fogueira, Lodi levantou no segundo pau após um último lance de falta e Saul botou para dentro das redes com a cabeça, porém já impedido - para o desespero de Cholo e seu staff. Desta forma, a partida acabou no tempo extra.

PRORROGAÇÃO - PRIMEIRA ETAPA

Com apenas um descanso “mental” depois de 90 minutos completamente tensos para os dois lados, a partida voltou com tudo na prorrogação. No lado do Atlético de Madrid, Vrsaljko retornou a campo na vaga de Trippier.

Aos 92', em uma arrancada espetacular de Mané, o ponta serviu Arnold, que tabelou com Wijnaldum e viu o meio-campista holandês chutar cruzado e forçar (mais uma) excepcional defesa de Oblak.

No lance seguinte, entretanto, a defesa colchonera não conseguiu parar o time inglês. Wijnaldum arrancou bem pela direita e colocou a bola na cabeça de Firmino, que viu a bola voltar em rebote nos seus pés e apenas empurrar para o gol livre. O 2 a 0 a favor do time da casa aconteceu e desesperou Simeone.

Mal Cholo imaginou que, menos de cinco minutos após o segundo gol, seu time descontaria em Anfield. Numa boa bola recuperada por João Felix, o português serviu Llorente, que chutou no canto direito do gol de Ádrian, que fez um “golpe de vista” muito mal feito e viu a bola entrar no cantinho. O placar de momento era favorável para o time visitante e levava o Atleti para a fase de quartas-de-final da competição.

Daí em diante, precisando do terceiro gol para sair classificado na frente de seu torcedor, o Liverpool não tirou o pé do acelerador em nenhum minuto. Na marca dos 102’, Simeone resolveu priorizar o jogo aéreo e colocou Morata no lugar de João Felix.

PRORROGAÇÃO - SEGUNDA ETAPA

Depois de mais uma boa roubada de bola da zaga do Atlético, Morata avançou pela direita e serviu Llorente, que, descansado, cortou dois e chutou firme para fazer seu segundo na partida e empatar tudo para o time espanhol.

Necessitando de fazer mais dois para sair vitorioso, a equipe de Merseyside colocou praticamente seu time inteiro no campo de ataque em seus momentos ofensivos.

Mesmo com Origi como mais um homem de ataque, o Liverpool tinha muitas dificuldades - pelo próprio psicológico da partida - em chegar no ataque sem titubear na frente da defesa adversária e entregar a bola de bandeja para o time madrilenho.

Nos acréscimos da prorrogação, para sacramentar os últimos 30 minutos jogados pelo time espanhol, Morata foi lançado no ataque, saiu cara a cara com Ádrian e fez o terceiro do Atleti.

A vitória de virada surpreendeu até o próprio Simeone, que pouco parecia acreditar sobre o que estava acontecendo em Anfield. Mesmo com um domínio total da partida, os comandados de Klopp pecaram nas finalizações, contaram com o azar e as boas defesas de Oblak para serem completamente sufocados na prorrogação.

As substituições realizadas por Simeone foram primordiais para a virada do Atleti, que conseguiu se sobrepor na partida num cenário completamente desfavorável e avança às quartas da Champions League, em uma partida com a cara e a alma do Atlético de Madrid.