Como esperado e sinalizado por alguns países europeus, a Argentina foi o segundo território da América Latina a encerrar a temporada de competições esportivas do país por causa dos efeitos devastadores causados pela pandemia do coronavírus. Em comunicado divulgado em seu site oficial, a Associação de Futebol Argentino (AFA) explicou em um documento que a temporada de 2019/20 acabou. Logicamente que a decisão terá consequências não apenas para 2022, mas, no mínimo, para os dois próximos anos. O resultado de tais decisões causa impacto não apenas nas quatro linhas, mas no modo como o país lida com o futebol.

O Campeonato Argentino já estava encerrado, com o Boca Juniors campeão na última rodada. Porém, após a competição nacional, é disputada a Copa da Superliga com 11 partidas. Dessa forma, caso não haja possibilidade de disputar as copas nacionais no segundo semestre, a tabela de classificação que será usada como critério de classificação à Taça Libertadores e à Sul-Americana de 2021 será a tabela da Superliga mais a única rodada da Copa da Superliga disputada.

Dessa forma, o Argentinos Juniors toma a quarta colocação do Vélez, enquanto o Lanús fica com a última vaga para competições internacionais em vez do Rosario Central. Caso esse critério seja adotado como o principal, as equipes classificadas à Taça Libertadores da América serão Boca Juniors, River Plate, Racing e Argentinos Juniors, enquanto Vélez Sarsfield, San Lorenzo, Newell’s Old Boys, Talleres, Defensa y Justicia e Lanús estarão na Sul-Americana.

Outra mudança considerável no futebol argentino foi a decisão de não rebaixar equipes nessa e na próxima edição do Campeonato Argentino, mas os acessos permanecem. Dessa forma, a competição será disputada por 28 equipes em 2022. Com isso, Central Córdoba, Patronato e Gimnasia y Esgrima permanecem na primeira divisão nacional. Além disso, em vista da imprevisibilidade em apontar uma data para retorno das atividades, a AFA muda o formato do calendário e as próximas temporadas serão disputadas como no Brasil, de janeiro a dezembro. Desde 1986, o futebol argentino era disputado nos moldes da Europa.

A mudança interfere não apenas no cenário nacional, mas tem impactos internacionais não apenas causados pela mudança do calendário. A princípio, o governo irá autorizar voos internacionais a partir de 15 de setembro. Embora o decreto seja revisado quinzenalmente, não há indícios de que o presidente Alberto Fernández mude de ideia. Além disso, a AFA rejeita completamente a ideia de jogos serem disputados com portões fechados, uma vez que a principal fonte de receita dos clubes vem das bilheterias e dos sócios-torcedores. Com isso, a Libertadores e a Sul-Americana de 2020 ficam ainda mais atrapalhadas, o que pode resultar em uma suspensão ainda maior ou um cancelamento dos torneios deste ano.