Nesta segunda-feira (08), o zagueiro Antônio Carlos conversou conosco sobre a sua adaptação ao futebol estadunidense. Durante a entrevista para a VAVEL, o atleta do Orlando City descreveu as características da Major League Soccer (MLS) dentro de campo, contou suas experiências fora das quatro linhas e não poupou elogios aos colegas de trabalho.

Antônio, de 27 anos, pertence ao Palmeiras. Entretanto, como não foi muito aproveitado na temporada passada e continuaria sem obter muitas oportunidades neste ano, o clube optou por emprestar o atleta para o Orlando City. O jogador tem um acordo de empréstimo válido por um ano com a franquia estadunidense, mas ainda há um contrato vigente até 2023 com a equipe paulista. 

Com passagens por diversos times brasileiros, como: Flamengo, Ponte Preta, Avaí e Corinthians, essa é a primeira vez que o atleta joga no exterior. Quando perguntado sobre quais as diferenças entre o futebol brasileiro e norte-americano, Antônio Carlos caracterizou os latinos com uma postura tática mais aguçada e falou que os estadunidenses valorizam mais o físico.  

“Então, tem um pouco de diferença para o futebol brasileiro que é mais toque de bola. Aqui às vezes fica um jogo de muita transição e, além disso, um jogo de muita força. Os centroavantes são muito fortes. Os pontas e os laterais buscam chegar bastante na linha de fundo para que, com a força do centroavante, ele consiga surpreender os zagueiros. Eu acho que, no meu modo de ver, a característica principal aqui dos Estados Unidos é a força mesmo.”

Quando um profissional vai trabalhar no exterior, em qualquer profissão, há um certo período de adaptação. Desde a sua rotina, por exemplo, dentro de uma empresa até os aspectos da sua vida pessoal. É uma nova forma de se comunicar, novos hábitos alimentares, outras culturas e muito mais. O atual camisa 25 do City nos contou como está sendo esse momento para ele. 

“Eu acho que ‘pegou’ um pouco mais foi o idioma. Ainda que eu, minha minha esposa e minhas filhas começamos o processo de estudo. Mas, infelizmente, o coronavírus deu uma parada nisso. Foi mais o idioma. A culinária é bem tranquila, até porque a minha esposa cozinha muito bem, e a cultura creio que não seja muito diferente. É bem tranquila. Os americanos são bastantes responsáveis com tudo que está acontecendo. É isso… o idioma me ‘pegou’ um pouco, mas em Orlando fica mais fácil. É uma cidade que tem muitos brasileiros e outros latinos, então, consigo suprir um pouco da dificuldade.”

Quem nunca ficou com vergonha em uma viagem que atire a primeira pedra! Será que algum(a) leitor(a) vai se identificar com essa história aqui? Antônio disse que enfrentou problemas com o idioma local. Então, perguntamos se ele ficou em apuros ou passou vergonha por conta dessa dificuldade na comunicação. Com muito humor, ele respondeu:

“Passar vergonha ou ‘pagar mico’... acho que não. Uma situação que aconteceu durante os três primeiros dias é que eu chegava no clube e me perguntavam: “como você está?”, claro, em inglês e, como eu não sabia responder (risos), eu só balançava a cabeça e falava ‘yes’ ou ‘okay’ (risos). Acho que foi essa a situação mais constrangedora que eu passei. Acho que não é um mico. É até um pouco de vergonha, mas foi isso que aconteceu. Pelo menos os três ou quatro primeiros dias foram um pouco difíceis para conversar (risos)."

Com tudo, o defensor não é o único brasileiro na equipe. Ruan Teixeira (ex-Ponte Preta), Júnior Urso (ex-Corinthians) e Robinho (ex-Ceará) fazem parte do elenco. Carlos frisou a receptividade de todos os integrantes da franquia e incluiu estes atletas. 

“É muito boa a minha relação com a equipe. Já estou um pouquinho melhor para conversar com eles. Já tinha o Ruan e o Robinho aqui, ambos brasileiros, e o Urso chegou junto comigo. Está bem tranquilo. Hoje, eu sei responder mais algumas perguntas e todos os meus companheiros, trabalhadores e comissão técnica do clube me receberam muito bem. Estão me dando muita moral. Estão me ajudando. Como fiz em todos os clubes, vou ajudar eles muito também. Tenho certeza disso. Porque, como falei em todos os clubes, vou deixar o meu legado e vou deixar o meu legado aqui também. Vou dar o meu melhor. A minha relação com a equipe é muito boa. Gosto de todos e, o mais importante, aqui todo mundo se ajuda.”

Para esta temporada, os Lions decidiram contratar o treinador Óscar Pareja para comandar a equipe. O técnico, que foi eleito melhor treinador da MLS quando estava trabalhando no FC Dallas, estava no Tijuana antes de aceitar essa proposta. Além disso, a estrela principal do elenco é o Nani. O craque, que conquistou uma Champions League pelo Manchester United e uma Eurocopa por Portugal, estava no Sporting de Lisboa até ser contratado no ano passado pelo clube americano. Contratações de qualidade, oportunidades geradas para atletas mais novos para adquirir experiência e muito mais. 

“É um ótimo treinador, está ajudando a todos nós, está ensinando bastante sobre a sua história e, além disso, é um vencedor na vida. O professor Óscar Pareja me recebeu de braços abertos, conversa comigo todos os dias, pergunta sobre a minha família e eu acho isso importante. É se sentir importante dentro do seu papel. Isso é muito bom e o Óscar Pareja faz com todos. É um grande treinador. Já o Nani dispensa comentários. É um irmão para mim. Um irmão mesmo. Desde o momento que eu cheguei era uma pessoa que eu queria estar perto. Eu era um fã e trabalhar ao lado do Nani é extremamente extraordinário. Ele é sem palavras. A qualidade que ele tem, a pessoa que ele é, o líder de grupo que ele é, ele toma as rédeas e, sem dúvidas, é sensacional. Acho que os dois vão se dar muito bem, tanto o Óscar Pareja quanto o Nani, e eu acredito que temos muito o que conquistar neste ano. Realmente, são duas pessoas sensacionais e que vou lembrar para sempre no meu coração”, disse Antônio Carlos.

Devido ao surto de casos do novo coronavírus em escala global, todos os jogos da MLS estão paralisados desde março. Entretanto, a previsão de retorno está previsto para o mês de julho com portões fechados.