Os rumores se tornaram mais concretos e o adeus está cada vez mais próximo da realidade. De acordo com informações provenientes de veículos de comunicação da Espanha e da Argentina, Lionel Messi teria comunicado ao Barcelona que pretende deixar a equipe de modo imediato e não esperar o fim do vínculo na próxima temporada. A informação foi divulgada na tarde desta terça-feira (25), partida pela rádio espanhola Onda Cero e pelo jornal argentino Olé.

Segundo o veículo  de comunicação espanhol, o jogador enviou um burofax à direção da equipe catalã para comunicar sua saída ainda nesta temporada. Conforme explicou o jornalista brasileiro Fernando Kallás, residente em Madri, “burofax nada mais é do que uma Carta Registrada por Mão própria. É um serviço que existe na Espanha para entrega de documentos e onde uma terceira pessoa, no caso os Correios, certificam o que está escrito no documento e o recebimento do mesmo”.

O contrato de Messi com o Barcelona foi renovado em 2017, com duração prevista até a metade de 2021. Existe uma cláusula nesse vínculo que permitia a rescisão unilateral, sem pagamento da multa rescisória avaliada em 700 milhões de euros. Tal cláusula teria duração até o dia 1º de junho de 2020. Porém, com a pandemia do novo coronavírus e a paralisação do futebol entre os meses de março e junho abriram uma brecha para que a solicitação realizada em agosto ainda possa ser atendida, uma vez que a temporada para o clube foi encerrada há pouco mais de uma semana. Foi com base nesse ponto que o pedido para encerrar o ciclo foi enviado.

O Barcelona confirmou o recebimento do pedido e convocou uma reunião de emergência para discutir o assunto. Ainda de acordo com o Olé, pode-se haver um embate sobre a situação. Messi e seus representantes usam o argumento da prorrogação do seu vínculo durante a pandemia para sair da equipe e ser negociado com qualquer outro clube sem a necessidade do desembolso da estratosférica multa rescisória. Para não sair de mãos vazias e colocar a pá de cal na medonha gestão, o clube deve usar o argumento de que há o contrato até 30 de junho de 2021.

O desenho de um impensável encerramento de ciclo ainda com Messi em campo começou a ser mostrado com atitudes tomadas pela direção que incomodaram o craque. Ainda em janeiro, ao demitir o técnico Ernesto Valverde, o presidente do clube, Josep Maria Bartomeu, afirmou que a saída ocorreu por insatisfação do elenco, o que Messi fez questão de discordar e declarou que o grupo gostava de Valverde. Quique Setién, o substituto, não agradou. Os resultados ruins após o retorno do futebol, os recorrentes tropeços e a ascensão do Real Madrid, com a conquista do título espanhol pelos merengues, incomodou bastante. Ainda em jogos válidos por LaLiga, foi comum jogadores como Messi e Suárez não darem ouvidos às instruções do comando técnico.

Na reta final do Campeonato Espanhol, o próprio camisa 10 foi enfático ao dizer que precisava de uma mudança total na equipe. Caso contrário, o Barça não conseguiria passar pelo Napoli nas oitavas de final da Uefa Champions League. A classificação veio, mas as quartas de final simbolizaram a gota d´água. A goleada de 8 a 2 sofrida diante do Bayern de Munique deixou claro que alguma ruptura precisaria ocorrer. As tolas atitudes internas carregadas há anos resultaram nas vexatórias consequências explicitadas a bilhões de pessoas, culminadas pela insatisfação de um dos mais espetaculares atletas.

A astronômica história de duas décadas chega ao fim. Em 16 temporadas no futebol profissional, são quatro Uefa Champions League, três Mundiais de Clubes, dez títulos de LaLiga, seis Copas do Rei, oito Supercopas da Espanha e três Supercopas da Uefa. Como conquistas individuais, seis vezes o melhor jogador do mundo pela Fifa e pela France Football, duas vezes o melhor da Europa, 18 vezes artilheiro em competições (Copa do Rei, LaLiga, Mundial de Clubes e Uefa Champions League) e dez vezes melhor jogador da Espanha. Como resumo de todo o cenário, são 731 jogos, 634 gols e 285 assistências.

Após o vexame em Portugal e o finco da cruz na cova de um clube poderoso em frangalhos, as demissões de Abidal e Setién, a certeza da negociação de grandes nomes do elenco e a chegada de Ronald Koeman para reorganizar o ambiente não foram suficientes. A maior incompetência da gestão catalã é deixar o maior astro de sua história sair – possivelmente sem custos. Assim como uma estrela que brilha no céu, ilumina noites e simplesmente deixa de existir quando perde a luz, o transcendental capítulo de Lionel Messi e Barcelona brilhou intensamente, mas a luz própria acabou. Fim do ciclo.