O dia 5 de julho de 1982 se tornou inesquecível e marcante na história do futebol. No Estádio Sarrià, durante a segunda fase da Copa do Mundo de 1982, a encantadora Seleção Brasileira enfrentava a Itália com a necessidade de um simples empate para seguir na competição e buscar o tetracampeonato mundial. Porém, um atacante que passou batido durante toda a Copa aproveitou aquele duelo gigantesco para cravar seu nome na história não apenas daquele certame, mas do futebol como um todo. A vitória por 3 a 2 da Squadra Azzurra veio graças aos três gols marcados por Paolo Rossi. O jogador ainda marcou mais três nos dois jogos restantes e foi fundamental para o time italiano obter o tricampeonato e ser a melhor seleção do mundo após 44 anos.

Porém, o ano de 2020 tem sido cruel. Inúmeras desgraças têm acometido o mundo como um todo e levam embora aqueles que provocaram intensas emoções nas pessoas, quer sejam próximas, quer distantes, ou até mesmo aqueles que nunca vimos ao vivo, mas que fazem parte do imaginário de uma geração o qual fomos completamente influenciados. E, na noite desta quarta-feira (9), as cortinas do espetáculo da vida de Paolo Rossi se fecharam. O ex-atacante morreu aos 64 anos na Itália.

A causa da morte ainda não foi divulgada. As primeiras informações apareceram por volta das 21h30 (horário de Brasília) e confirmada minutos depois por jornalistas da RAI e de La Gazetta dello Sport, tradicionais veículos de comunicação italianos. Inclusive passou muitos anos como comentarista da RAI após sua aposentadoria dos gramados. Casado desde 2010 com Federica Cappelletti, deixa três filhos: Sofia Elena, Maria Vittoria e Alessandro.

Biografia

Paolo Rossi nasceu no dia 23 de setembro de 1956 na cidade de Prato, localizada na região da Toscana. Começou a dar os primeiros passos no mundo do futebol aos seis anos de idade pelo Santa Lucia, uma pequena equipe do lugar natal. Com 11 anos, jogou no Ambrosiana e, no ano seguinte, no Cattolica Virtus, de Florença. Aos 16 anos, entrou nas categorias de base da Juventus, mas várias lesões não deram prosseguimento na equipe de Turim. Não naquele instante. Após uma rápida passagem no Como, o primeiro grande momento de sucesso veio a partir de 1976, quando marcou 66 gols em 107 partidas com a camisa do Vicenza. Pela equipe, fez parte do elenco que conquistou o acesso à Serie A e, no ano seguinte, ficou com o vice-campeonato italiano, atrás da Juventus. Em ambas as competições, Paolo Rossi foi o artilheiro.

Em 1979, Paolo Rossi se transferiu ao Perugia. Mas o grande passo da carreira em clubes foi o retorno à Juventus em 1981. O atacante ganha destaque com as atuações e gols marcados, recebe oportunidades e, como prêmio, é convocado por Enzo Bearzot para a Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha. No Mundial, o auge. Além de eliminar uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos com os três gols na vitória por 3 a 2, marcou os dois contra a Polônia na semifinal e o primeiro na final contra a Alemanha, vencida por 3 a 1. Além do tricampeonato após 44 anos, Paolo Rossi é o único jogador a ser campeão mundial, artilheiro e o melhor jogador em uma única edição do Mundial. O Paolo passou a ser Il Bambino d’Oro (o menino de ouro, em português).

Após o auge, mais três temporadas e muitos títulos conquistados na Juventus, em uma geração que o torcedor bianconero guarda muito bem em sua memória. Em 1985, vestiu a camisa do Milan, mas as seguidas lesões impediram o sucesso com a camisa rossonera. No ano seguinte, ida ao Hellas Verona e o fim da carreira, com as lesões agravadas e os joelhos sem suportar mais as atividades físicas. A aposentadoria veio aos 32 anos, mas com diversos títulos por clubes e seleção. Além do título mundial em 1982 com a Azzurra, conquistou a Serie B de 1977 com o Vicenza. Pela Juventus, venceu dois Scudetti em 1982 e 1984, além da Coppa Italia em 1983, a Recopa Europeia e a Supercopa da Uefa em 1984, além da Uefa Champions League em 1985.

Como premiações individuais, foi artilheiro da Serie B em 1977, da Serie A em 1978, da Uefa Champions League em 1983 e da Copa do Mundo de 1982. O ano de 1982 foi mágico, além de ser o principal nome do tricampeonato italiano e o artilheiro. Foi escolhido o melhor jogador da Copa e fez parte da seleção da competição, foi escolhido como Futebolista do Mundo, melhor jogador da Europa e melhor jogador do mundo no mesmo ano, além de fazer parte do Fifa 100, lista formulada por Pelé com os 100 melhores jogadores de futebol que estavam vivos à época das comemorações do centenário da Fifa.