Milhões gastos em contratações nas últimas temporadas e nenhum retorno. Dono de nove títulos ingleses, o Everton não consegue chegar nem perto do que promete aos seus torcedores. Mesmo com treinadores de certo renome internacional, principalmente o italiano Carlo Ancelotti, o clube não alcança suas metas ano após ano.

Na atual edição da Premier League, os Toffees parecem estar no que pode ser a pior temporada em anos. Hoje, mesmo com três jogos a menos que os principais concorrentes, está nas posições que brigam contra o rebaixamento à Championship.

O que acontece com o clube que mesmo recrutando ótimos nomes do futebol, sequer consegue uma classificação para competições europeias?

De 2017 a 2020, milhões investidos e pouco rendimento

A temporada 2017-18 marcou a última vez em que o Everton disputou uma competição em nível europeu. Naquela ocasião, o clube ficou na terceira posição no grupo E da Europa League, atrás de Atalanta (Itália) e Lyon (França), superando apenas o Apollon (Chipre). 

Foi nesse mesmo ano que o time contratou um dos pilares até os dias de hoje, o goleiro Jordan Pickford, vindo do Sunderland por 28 milhões de euros, Michael Keane (28,5 milhões de euros), Davy Klaassen (27 milhões de euros) e Theo Walcott (22,5 milhões de euros) foram outros nomes que chegaram. Mesmo com mais de 100 milhões de euros investidos, a equipe mal conseguiu se firmar na PL, amargando uma oitava posição com 49 pontos. Somente em 2017-18, o Everton contou com três treinadores, Ronald Koeman, o interino David Unsworth e Sam Allardyce, nenhum fez a equipe render.

Para 2018-19, foram mais de 114 milhões de euros investidos em jogadores, nomes como Yerry Mina (30,2 milhões), Lucas Digne (20,2 milhões) e André Gomes (25 milhões) do Barcelona, além dos brasileiros Bernard (custo zero) e Richarlison (39 milhões de euros) foram contratados. Todos esses nomes foram pedidos especiais do português Marco Silva, contratado como uma nova opção no mercado após bons momentos em sua carreira, principalmente no Watford. Dentro de campo, as contratações foram importantes, mas os Toffees não subiram do oitavo lugar novamente.

Silva conseguiu fazer algo que poucos treinadores haviam feito nas temporadas anteriores, se manter para o início da seguinte. A diretoria até conseguiu adições pontuais a um elenco que, mesmo sem bater de frente na tabela contra as principais equipes, estava longe de ser fraco. Fabian Delph (9,5 milhões de euros), Alex Iwobi (30,4 milhões de euros) e Moise Kean (27,5 milhões de euros) foram os principais reforços. 

O treinador português mal conseguiu se manter, em 18 jogos venceu apenas sete, além de outros dois empates. Para o seu lugar, o veterano e multicampeão Carlo Ancelotti chegou. Salvou o Everton do que poderia ser uma péssima temporada com risco de queda e entregou na modesta 12ª posição.

Com Ancelotti, o Everton inicia bem e termina mal

Para os amantes do futebol, Carlo Ancelotti dispensa apresentações. Campeão na Itália, Espanha e na própria Inglaterra, o veterano treinador italiano fez os Toffees iniciarem a temporada 2020-21 de forma arrasadora, inclusive brigando pela liderança durante as 10 primeiras temporadas.

Nomes como Ben Godfrey (27,5 milhões), Allan (23,6 milhões), Abdoulaye Doucouré (22 milhões) e, principalmente, James Rodriguez (custo zero) chegaram para reforçar o elenco que já era qualificado. Mas, o bom início durou pouco. O colombiano que foi uma das boas opções quando a temporada começou, logo entrou em declínio técnico, Richarlison mesclou momentos de lesão com partidas abaixo, sem falar de um sistema defensivo que pouco entregou.

Dentro de campo, os Toffees começaram a cair. Ao mesmo tempo, alguns lampejos da equipe pareciam dar sobrevida aos comandados de Carlo Ancelotti, como a vitória sobre o Liverpool, em pleno Anfield Road, por 2 a 0.

Mesmo assim, no final, a equipe amargou a 10ª posição. Para uma equipe que chegou a sonhar inclusive com vagas europeias com o ótimo início de campanha na Premier League, a realidade foi completamente diferente.

O que já era ruim, conseguiu piorar. Carlo Ancelotti, mesmo sem levantar taças ou conseguir classificação com o seu Everton, teve o trabalho reconhecido pela torcida e direção do clube. Porém, um velho conhecido do italiano lhe chamou de volta, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid. Ancelotti retornou ao gigante espanhol.

Para o lugar de Ancelotti, um ídolo do rival que durou pouco tempo

A situação do Everton internamente é tão delicada, que o caos ficou evidente a partir do momento em que um substituto para Carlo Ancelotti chegou. Ninguém menos do que Rafa Benitez, campeão da Champions League em 2005 com o Liverpool, e de bom trabalho no Newcastle com um título da Championship.

No início da temporada, a diretoria foi mais econômica, trazendo apenas nomes pontuais como o veterano Salomón Rondón, e o experiente meia Andros Townsend. A saída de James Rodríguez também era uma carta anunciada.

Dentro de campo, Benitez pouco fez. Uma equipe sem repertório, e principalmente ser dar resistência aos adversários. O espanhol durou pouco, 22 jogos, com incríveis 11 derrotas e apenas sete vitórias. Nunca caiu no gosto dos torcedores, principalmente pelo fato de ser um ídolo no maior rival.

Frank Lampard chega para evitar o pior

Para o lugar de Rafa Benítez, outro velho conhecido de um rival foi chamado, Frank Lampard, de ótimo trabalho no Derby County quando quase subiu a equipe para a Premier League, e de uma rápida passagem pelo Chelsea.

Na janela do inverno europeu, milhões de euros saíram dos cofres do clube para buscar uma salvação. Vitaliy Mykolenko (23,5 milhões de euros) e Nathan Patterson (14 milhões de euros) chegaram para reforçar a lateral-esquerda e direita, respectivamente. No meio-campo, Donny van de Beek chegou por empréstimo, junto com Dele Alli a custo zero. Para o setor ofensivo, Anwar El Ghazi foi cedido pelo Aston Villa até o término da temporada. Entretanto, uma saída chamou muita atenção, Lucas Digne trocou os Toffees pelos Villans, principalmente por ser um dos expoentes técnicos da equipe.

Até o momento, nenhuma contratação, e tampouco os que já estavam em Goodison Park deram retorno. É bem verdade que Frank não teve tempo, e nem terá, de fazer grandes mudanças. O cenário dos Toffees beira o caos, com um possível rebaixamento à vista. Até o fechamento desta matéria, a equipe estava na 17ª posição, uma acima dos três rebaixados, com 25 pontos. Vale lembrar, ainda, que a equipe possui três partidas a menos que seus principais concorrentes, porém, com o péssimo rendimento em campo, com 17 derrotas em 25 jogos – a terceira equipe que mais perdeu – o pior pode chegar.

Ao lado do Arsenal, o Everton é a equipe que menos foi rebaixada para a Championship, tendo em seu currículo apenas duas quedas, menos que Liverpool, Manchester United, Manchester City, Chelsea e Tottenham, equipes que formam junto com os Gunners o famoso Big Six.

O nervosismo e aflição da torcida ainda durará até o final da temporada.