Após os desdobramentos com a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), as jogadoras da Espanha se pronunciaram, em uma carta coletiva, divulgada nas redes sociais, na tarde desta sexta-feira (23), visando esclarecer a posição tomada dos 15 e-mails. Desta vez, Alexia Putellas, atual melhor do mundo e uma das capitãs de seleção, se juntou as colegas que lamentaram o fato da RFEF ter tornado público algo privado as informações que afetam a saúde e alegaram que "Comunicação para na qual, aliás, não recebemos uma resposta formal."

Elas deixam claro que continuaram a manter “um compromisso inquestionável com a seleção espanhola”, e por isso, solicitaram para não serem convocadas “até que situações que afetem nosso estado emocional e pessoal, nosso desempenho e, consequentemente, os resultados da seleção sejam revertidas e que possam acarretar lesões indesejáveis. sejam as razões que nos levam a tomar esta decisão".

+ Grupo de jogadoras pedem para não serem convocadas e demissão do técnico da Espanha

As jogadoras foram categóricas ao afirmar que nunca pediram a demissão do técnico Jorge Vilda, além de pontuar como “alguém pode pensar que, oito meses antes de uma Copa do Mundo, um grupo de jogadoras de alto nível, que é o que nós consideramos, considere essa decisão, como foi publicamente implícito, um capricho ou chantagem” e que não irão tolerar o tom infantil com que a "RFEF conclui sua declaração”.

Confira a carta completa

As jogadoras lamentam, em primeiro lugar, que a RFEF tenha tornado pública, de forma parcial e interessada, uma comunicação privada, com informações que afetam nossa saúde - que faz parte de nossa privacidade -, enviada em resposta à solicitação da própria Federação para saber qual de nós não queria ser convocado. Comunicação na qual, aliás, não recebemos uma resposta formal.

Em segundo lugar, em nenhum caso RENUNCIAMOS à seleção espanhola de futebol, como aponta a RFEF em seu comunicado oficial. Como dissemos na nossa comunicação privada, mantivemos, continuamos a manter e continuaremos a manter um compromisso inquestionável com a Seleção Espanhola.

Por isso solicitamos em nossa comunicação enviada à RFEF que não sejamos convocadas até situações que afetem nosso estado emocional e pessoal, nosso desempenho e, consequentemente, os resultados da Seleção e que possam resultar em lesões indesejáveis. Estas seriam as razões que nos levam a tomar esta decisão.

Queremos um compromisso firme com um projeto profissional em que todos os aspetos sejam cuidados para obter o melhor desempenho de um grupo de jogadoras com quem acreditamos que mais e melhores objetivos podem ser alcançados. Desejamos o melhor para a RFEF, para a seleção feminina e para nós em particular, sem entrar em guerras públicas.

Nunca pedimos demissão do treinador como foi comentado. Entendemos que nosso trabalho não é, em nenhum caso, escolher tal cargo, mas expressar de forma construtiva e honesta o que acreditamos que pode melhorar o desempenho do grupo.

Alguém pode pensar que, oito meses antes de uma Copa do Mundo, um grupo de JOGADORAS DE ALTO NÍVEL, que é o que nós consideramos, considere essa decisão, como foi publicamente implícito, um capricho ou chantagem?

Pedindo para não sermos convocadas, penalizando nossa carreira profissional, nossa economia e claro continuamos construindo algo importante no futebol feminino. Porque chegar onde estamos agora exigiu anos de esforço de muitas pessoas. E ainda há muitas coisas para melhorar como está sendo mostrado recentemente.

Da nossa ambição como jogadoras, lutadoras e vencedoras, queremos apenas poder alcançar novamente o máximo sucesso profissional e pessoal. Por último, mas não menos importante, não toleraremos o tom infantilizado com que a RFEF concluiu sua declaração.

Lamentamos que no contexto do esporte feminino tenhamos de chegar a este extremo, como infelizmente já aconteceu em outras seleções nacionais e outros esportes historicamente a nível mundial, de forma a avançarmos num projeto profissional poderoso e ambicioso para o presente e para as gerações futuras.