A Copa do Mundo vai começar no Catar e, o grupo F, composto por Bélgica, Marrocos, Canadá e Croácia fazem sua estreia na próxima quarta-feira (23). Aqui, vamos falar sobre a classificação de cada equipe até o Mundial, jogadores de destaque, técnicos e o que pode esperar de cada uma na competição. 

A última chance da geração belga

A Copa no Catar talvez seja a última chance da chamada "geração belga" surpreender e levantar a taça de campeão do mundo. Em 2018, eliminou o Brasil nas quartas de final e fez história com o 3º lugar, na Rússia.

A Bélgica se classificou de forma invicta e com facilidade no grupo E das Eliminatórias europeias, onde enfrentou Bielorrúsia, País de Gales, República Tcheca e Estônia. No total, foram seis vitórias e dois empates. Marcou 26 gols e sofreu apenas 9.  

O mesmo desempenho não aconteceu na Liga das Nações. No primeiro ano da competição, a Bélgica sequer chegou ao final four porque perdeu um dos confrontos diretos. No ano seguinte, fez uma campanha melhor e chegou até a semifinal. 

A equipe começou bem na fase de grupos da Eurocopa. Passou sem dificuldades por Rússia e Finlândia e venceu a Dinamarca. Venceu Portugal nas oitavas e perdeu Hazard por lesão.  Na fase seguinte, contra a Itália, foi até o limite e não teve capacidade para avançar.

O envelhecimento do elenco belga é uma das preocupações para o Mundial deste ano. Ainda assim, dois jogadores estão vivendo suas melhores fases da carreira. 

Thibaut Courtouis, goleiro do Real Madrid, é titular absoluto de Roberto Martinez e recentemente foi eleito o melhor da posição pela revista France Football. Na última temporada, o camisa 1 do Real Madrid conquistou a Liga Espanhola e a Liga dos Campeões.

O outro destaque é o meio-campista Kevin de Bruyne. O camisa 7 é o cérebro da equipe e chega ao Catar como principal arma no setor de criação. Em seis temporadas de Manchester City, KDB já conquistou quatro Premier League e é o rei das assistências em 2022.

Foto: Arquivo Pessoal / Instagram KDB
Foto: Arquivo Pessoa

Roberto Martinez é espanhol e tem 49 anos. Antes da seleção, fez bons trabalhos como técnico do Wigan e do Everton, ambos da Inglaterra. Desde 2016 dirige a seleção da Bélgica e tem como objetivo superar o terceiro lugar na Rússia. Em 2021, foram dezesseis vitórias em 21 jogos disputados.

A expectativa é que a Bélgica mostre um futebol melhor do que nas últimas competições e amistosos de Data Fifa. Com uma tática bem definida, elenco reunido há bastante tempo e uma renovação acontecendo gradativa, o técnico Martinez aposta na qualidade dos seus jogadores para sonhar com uma conquista inédita de Copa do Mundo. 

Canadá : retorno ao Mundial 36 anos depois 

A vitória diante da Jamaica por 4 a 0 garantiu a classificação para a Copa do Mundo. A última vez que disputou um Mundial foi em 1986. O país não conseguia alcançar a fase final das Eliminatórias da Concacaf desde 1998 e desta vez foi bem do início ao fim.

O time iniciou sua campanha nas Eliminatórias de 2021 e, nas fases preliminares, conseguiu goleadas interessantes.  No duelo que valia a vaga na fase final, os canadenses venceram o Haiti por 4 a 0 no placar agregado.

O antigo hexagonal final das Eliminatórias se tornou um octogonal e aumentou as chances de classificação. O time mostrava sinais de evolução e não era difícil imaginar os Canucks conquistando uma vaga no Catar. E fato isso aconteceu, já que o time de John Herdman venceu México e Estados Unidos, duas equipes com elencos qualificados. A classificação veio com a vitória por 4 a 0 sobre Jamaica em Toronto.

Um dos destaques da seleção canadense é Jonathan David. Artilheiro da Copa Ouro em 2019, o atacante tem 22 anos e defende o Lille, da França.  A técnica apurada e a velocidade na arranca são suas principais características.

O nome mais conhecido dos Canucks é o lateral Alphonso Davies. Natural de Gana, é um dos destaques do Bayern de Munique. Ele também tem a velocidade como principal característica e, em 2020, quebrou o recorde de rapidez, como se fosse um atleta num Jogos Olímpicos.

Foto: Divulgação/ Bayern de Munique
Foto: Divulgação/ Bayern de Munique

Para comandar esses destaques, a seleção canadense tem John Herdman. Com 47 anos, o inglês comandou o time feminino por sete anos, antes de chegar ao masculino, em 2018.  Com o seu trabalho, a equipe retomou o protagonismo na América do Norte.

Como país sede da próxima Copa em 2026, a expectativa é que o Canadá mostre um futebol coeso e organizado no Catar. Sonhar com os mata-matas é mais difícil, mas tem totais condições de surpreender.

Marrocos: talento e conflitos internos no ciclo de Copa

O ciclo pós Copa de 2018 não foi tão fácil para o Marrocos. Depois de ser eliminado na Copa Africana de Nações, o então técnico Hervé Renard deixou o cargo. Ele havia conquistado a competição com outras duas seleções e não conseguiu repetir o feito.  

O escolhido foi Valid Hallihodzic, comandante da Argélia na Copa de 2014 e que teve seu trabalho adiado por conta da pandemia.  A equipe não teve dificuldade na classificação para Copa Africana e muito menos nas Eliminatórias para o Mundial.

A situação ficou tensa quando o novo treinador decidiu expor o desentendimento com os astros do time. São eles: Hakim Zylech, Mazraroui e Amine Harit, que não foram convocados para Copa das Nações. 

O intuito era manter uma postura firme diante dos jogadores.  A equipe teve uma campanha sem muito brilhantismo na competição e acabou parando nas quartas, perdendo para o Egito de Mohamed Salah. 

O conflito entre comissão técnica e jogadores gerou uma possível demissão de Halilhodzic.  A troca no comando técnico não ocorreu por conta de uma partida decisiva que poderia dar a classificação para a Copa do Mundo.

A classificação veio após a goleada em cima dos congoleses por 4 a 1, em Casablanca. O técnico ainda dirigiu a equipe em mais três partidas na Data Fifa, com duas vitórias e uma derrota. 

Mesmo com a classificação garantida e bom futebol nos amistosos, a Federação marroquina decidiu trocar de treinador. Walid Regraui foi o escolhido. Ele fez um ótimo trabalho no Casablanca  e também defendeu a camisa do país. 

A sua primeira medida como novo selecionador foi reintegrar os jogadores afastados pelo técnico anterior visando os jogos da Data Fifa em setembro.  A equipe venceu o Chile e empatou com o Paraguai.

Dentro de campo,  Achraf Hakimi é o principal nome no setor de defesa. Aos 23 anos, o jogador é muito forte no ataque, tem deficiências na defesa e integra o elenco estrelar do PSG.

No ataque, Haki Zlyech é o atacante mais habilidoso e que pode ser o diferencial para os Leões do Atlas. Depois de todo processo de cisão com o antigo treinador, o jogador do Chelsea gera expectativas positivas para o Marrocos. 

Foto: Divulgação/ FRMF
Foto: Divulgação/ FRMF

Walid Regragui é um ex-lateral que nasceu na França, mas manteve suas origens com o Marrcos.  Defendeu o país de 2001 a 2009.  Depois, como treinador, teve sucesso nas competições marroquinas e com tanto sucesso foi convidado para o Al-Duhail, do Catar. Lá, não durou muito porque caiu na Champions Asiática.

Marrocos é uma das seleções africanas mais fortes da atualidade no papel. Com tantos problemas internos, Walid Regragui não teve muito tempo para trabalhar com a equie, mas têm peças que podem fazer a diferença no Mundial. No grupo F, pode ser uma das surpresas do que foi no grupo B na Rússia. 

Croácia sob a batuta de Luka Modric

Depois do vice-campeonato na Copa da de 2018, a seleção croata desembarca no Catar sem a pressão  de fazer uma boa campanha com a geração mais valiosa dos últimos tempos.

Talvez seja difícil repetir o feito na Rússia, mas os comandados de Zlatko Dalic pode chegar longe.  No grupo F, os croatas não terão facilidade no confronto contra Marrocos. Por outro lado, vai pegar uma Bélgica que não é mais a mesma.

O ciclo para chegar ao Catar neste ano foi tranquilo para a seleção croata. O principal objetivo de Dalic era renovar a equipe depois das saídas de Mario Mandzukic, Danijel Subasic e Ivan Rakitic.  

A primeira competição pós Copa foi a Liga das Nações. A Croácia ficou em último lugar na fase de grupos e, na época, ainda não havia o rebaixamento. 

Já na segunda participação, a equipe conseguiu permanecer na primeira divisão com diferença mínima de saldo de gols.  Foram cinco derrotas .

O desempenho na Euro teve um começo ruim e apenas a primeira vitória na última rodada do grupo,  com uma vitória diante da Escócia e a classificação no segundo lugar.

Nas oitavas, no duelo difícil diante da Espanha e perdendo por dois gols de diferença, a Croácia conseguiu chegar ao empate e só perdeu a partida na prorrogação, por 5 a 3.

Nas Eliminatórias, perdeu apenas um jogo e ficou um ponto acima da Rússia. Garantiu vaga direta na Copa para mostrar que ainda tem força.

A força também vem dos jogadores de meio-campo. Luka Modric é o principal jogador da seleção e motor desse time. Aos 36 anos, o camisa 10 vem desfilando seu futebol no Real Madrid e teve um papel fundamental recentemente nos títulos do Campeonato Espanhol e Champions League.

Foto: Divulgação/ Croácia
Foto: Divulgação/ Croácia

Outro destaque é Mateo Kovacic. A aposentadoria de Rakitic vai ajudar o meia do Chelsea ter mais minutos no Catar. É titular em aproximadamente metade dos jogos e não deve perder a posição na escalação croata.

Zlatko Dalic não tinha um renome como treinador até assumir a seleção croata. Ele chegou para substituir nomes de peso como Niko Kovac e Ante Cacic.  

O mérito de Dalic foi saber conduzir o elenco talentoso da Croácia até  o vice-campeonato do Mundial em 2018.  O feito ajudou a elevar ainda mais a moral. 

Croácia desembarca no Catar com um elenco mais renovado e com a mesma força e categoria. Tem jogadores de qualidade como Modric, Kovacic, Brozovic e Pericic, além de rostos com bastante potencial.

Além disso, depois do desempenho fantástico em 2018, o time croata vai disputar o Mundial de 2022 com menos peso nas costas e sabendo de suas capacidades.

Calendário 

Bélgica x Canadá – 23/11
Bélgica x Marrocos – 27/11
Croácia x Bélgica – 01/12