Comemorando seu centenário, o América vai para o Mundial de Clubes da Fifa buscando quebrar o tabu dos mexicanos na competição, como também firmar ainda mais sua marca internacionalmente. Bicampeão da Concacaf Champions League, as Águias querem chegar longe e não deixar o torneio pela porta dos fundos, passando despercebido como na temporada passada.

Durante esse novo formato com a chancela da Fifa, os mexicanos passaram a ganhar o direito de participar do Mundial, mas o máximo que conseguiram foram dois terceiros lugares, em 2000 e 2012. O país – dominante na América do Norte, Central e Caribe – acumula vexames e eliminações precoces. Os mexicanos participaram de todas as edições do torneio, menos em 2005, quando o continente foi representado pelo Saprissa (CRC).

Neste ano, o clube vai enfrentar o Jeonbuk Hyundai Motors, campeão da Ásia, dia 11 de dezembro. Se avançar, encara o favorito Real Madrid na semifinal. Caso estivesse do outro lado da chave, onde enfrentaria o Atlético Nacional, a obrigação seria chegar à final. Contudo, mesmo com as condições, o América do México entra no Mundial para vencer um primeiro obstáculo e atrapalhar os planos do 11 vezes campeão da Champions.

10 anos: O América enfrentou o Jeonbuk dia 11 de dezembro de 2006. Rojas marcou o gol da vitória do time mexicano.

Bicampeão da Concacaf: o domínio mexicano esmagando a MLS

O América não teve muitas dificuldades para passar da fase de grupos da Concacaf Champions League 2015/16. No Grupo E, a equipe venceu três partidas e empatou outra, acumulando dez pontos. Motagua, de Honduras, somou sete pontos, e o Walter Ferretti, time da Nicarágua, não pontuou. A competição ranqueia os times classificados e os Americanistas ficaram no topo com a melhor campanha.

Nas quartas de finais, disputadas em fevereiro deste ano, o América enfrentou o Seattle Sounders em dois jogos de tirar o fôlego. Na ida, no CenturyLink Field, empate em 2 a 2. Na volta, bateram os estadunidenses por 3 a 1 de virada. Destaque para Peralta e Quintero, importantes no confronto. Nesta fase, curiosamente, os quatro mexicanos enfrentaram os quatro times da MLS. Quatro triunfos do México.

Na semifinal, teste para cardíaco. Duelos difíceis contra o Santos Laguna. No Estádio Nuevo Corona, 0 a 0. Na volta, Arroyo anotou o gol da classificação na prorrogação. A final reservou os dois melhores clubes da competição. O América enfrentou o Tigres no final de abril.

Fora de casa, o América venceu por 2 a 0, gols de Benedetto e Osvaldo Martínez. A boa vantagem foi mais do que suficiente para as Águias. No segundo jogo, Gignac até abriu o placar, mas Arroyo e Martínez viraram o jogo e garantiram o sétimo título da principal competição de clubes da Concacaf.

O craque: Oribe Peralta

Peralta e William após um gol do mexicano (Foto: Divulgação/América)

O veterano de 32 anos é o grande destaque do América nos últimos anos. Centro-avante, oportunista e impiedoso, Peralta ficou famoso após os dois gols contra o Brasil na final dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Mais uma vez convocado para a Olimpíada, o mexicano só anotou um tento e viu sua seleção ser eliminada ainda na fase de grupos.

Peralta balançou as redes três vezes na Concacaf Champions League 2015/16. Nesta temporada 2016/17 do futebol mexicano, o atacante marcou sete gols em 19 jogos. O América está na final do Apertura da Liga MX, o adversário será o Tigres. A ida acontecerá dia 21, a volta será dia 24 no El Volcán. A vida longa dos Águias no Mundial de Clubes passará pelas atuações do camisa 24 no torneio. Decisivo, Peralta é a esperança de gols da equipe.

Fique de olho: elenco do América

O América inscreveu 23 jogadores para a competição. Desses, tem 16 com experiência no Mundial de Clubes. Paul Aguilar é a grande baixa, que continua a sua recuperação de uma ruptura do ligamento cruzado do joelho direito. Mas o clube conta com jogadores contratados na última janela de transferências, como Silvio Romero, que foi contratado junto ao Chiapas. O atacante marou dez gols em 17 partidas.

Michael Arroyo, equatoriano que anotou cinco gols na última Concacaf CL, também é um nome de destaque, que pode contribuir neste Mundial. Há um brasileiro no elenco: William da Silva, formado na base do Palmeiras, que teve passagens por alguns clubes brasileiros, mas estava no Queretaro e se juntou ao América no início do ano.

Goleiros: Moisés Muñoz, Hugo González, Jonathan León.

Defensores: Miguel Samudio, Paolo Goltz, Bruno Valdez, Ventura Alvarado, Pablo Aguilar, Edson Álvarez, Gil Burón, Osmar Mares, Erik Pimentel.

Meias: Osvaldo Martínez, Rubens Sambueza, Javier Güémez, William Da Silva, José Guerrero, Renato Ibarra.

Atacantes: Michael Arroyo, Oribe Peralta, Silvio Romero, Darwin Quintero, Carlos Rosel.

Técnico: Ricardo Antonio La Volpe

La Volpe assumiu o clube em setembro deste ano (Foto: Divulgação/América)

Campeão da Copa do Mundo com a Argentina em 1976, La Volpe chegou ao América dia 22 de setembro, após a demissão de Ignacio Ambríz. Muito marrento, o treinador tem um currículo muito grande no futebol mexicano. Foi campeão da Liga Mexicana em 1993 com o Atlante e levou a Seleção do México ao título da Copa Ouro em 2003, vencendo o Brasil na final por 1 a 0. Ele também treinou o país na Copa da Alemanha em 2006.

O treinador está invicto nesta passagem pelo clube. Foram 14 jogos, com sete vitórias e sete empates. O América ficou na quinta colocação durante a fase de grupos do Apertura. Entretanto, foi eliminado na Copa México nas penalidades para Chivas. Mas venceu o próprio rival nas quartas do Apertura e bateu o Necaxa na semifinal. La Volpe escala o time na formação 5-3-2, com apoio dos laterais e liberdade para os meias, deixando William mais preso na marcação. Quintero e Silvio Romero comandam o ataque.

Histórico no Mundial de Clubes da Fifa

2006: 4º lugar

América 1 x 0 Jeonbuk (quartas de final)

América 4 x 0 Barcelona (semifinal)

Al-Ahly 2 x 1 América (disputa pelo 3º lugar)

2015: 5º lugar

América 1 x 2 Guangzhou Evergrande (quartas de final)

América 2 x 1 TP Mazembe (disputa pelo 5º lugar)

Foto: Divulgação/América