Antes de começarmos a falar sobre o futebol do Kosovo, precisamos entender um pouco sobre a história do país e faremos isso de uma maneira bem didática. Situada na famosa Península dos Balcãs, território da antiga Iugoslávia, a República do Kosovo é reconhecida apenas por alguns países do mundo depois que declarou a sua independência junto à Sérvia. Dentro do grupo dos países que não o consideram República, está o Brasil.

O local, que foi parte do Império Otomano durante o século XIV, sofreu com a constante mudança no poder, principalmente por parte dos sérvios. No entanto, tendo a maioria da sua população de origem albanesa, sempre lutou pela liberdade. A tensão entre os separatistas albaneses e  o governo central da Iuguslávia aumentou por volta de 1998, dando origem à Guerra do Kosovo, extremamente importante para o nosso tema principal.

Em 2008, motivados pela proteção política dada a eles pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), optaram por declarar, pela segunda vez, sua independência. Porém, desta, obtiveram um apoio maior incluindo os países da própria OTAN e organizações internacionais como o COI, o FMI, a ONU e até mesmo organizações esportivas como a FIFA e a UEFA, da qual falaremos mais.

 - O drama futebolístico -

Em 2007, com os primeiros movimentos de separação aquecendo o país, enviaram um pedido à FIFA para fazerem parte da federação. No entanto, devido ao clima tenso que acercava esta decisão, viu a entidade negar seu pedido que fora aceitado apenas em 2014, quando a entidade liberou a seleção do país a realizar amistosos. 11 anos após a criação da Seleção do Kosovo.

Tendo sua seleção reconhecida pela entidade máxima do futebol, o Kosovo estreou oficialmente nos gramados no dia 5 de março de 2014 quando enfrentou a seleção haitiana. Já neste ano, alcançou a sua maior conquista, o reconhecimento da UEFA e a sua liberação para atuar nas Eliminatórias para a Eurocopa e para a Copa do Mundo.

Mas, e os jogadores? No início deste texto, afirmei que a Guerra do Kosovo seria um elemento central para entendermos o drama em questão. O motivo? Simples, a saída da população do território durante a guerra o que fez com que muitos jogadores (ainda enquanto crianças) deixassem o território e começassem suas carreiras por outros países.

Além da Guerra, o constante clima de instabilidade presente no território também causou este movimento de emigração. O caso mais famoso é o de Shaqiri, campeão da Uefa Champions League com o Bayern de Munique em 2012-13 e atual meia do Stoke City que deixou o Kosovo em 1992 junto de sua família devido o clima pesado e instável da região.

Shaqiri, no entanto, abraçou a causa de seu país natal carregando sua bandeira e flamulando-a na comemoração de suas conquistas, como no caso da Uefa Champions League (foto). Além de Shaqiri, outros jogadores notáveis também são originários do território, como: Taulant Xhaka (Basel/Albânia), Lorik Cana (Nantes/Albânia), Adnan Januzaj (Manchester United/Bélgica), Almen Abdi (Watford/Suiça), Valon Behrami (Watford/Suiça), Admir Mehmedi (Bayer Leverkusen/Suiça), Shani Tarashaj (Everton/Suiça).

Shaqiri carregando a bandeira da Suíça e do Kosovo (Foto:Getty Images)

A FIFA e a UEFA trabalham na investigação da origem destes atletas para que possam ser liberados a defender o seu país de origem uma vez que o mesmo fora criado a pouco tempo. No entanto, esta não parece ser a escolha de muitos deles que possuem vaga em seleções de renome como Suiça e Bélgica.