Campeão da Ligue 1 encerrando a supremacia parisiense e um jejum de 17 anos, semifinalista da Uefa Champions League após passar por duas fases prévias, chegou longe em duas copas nacionais, mesclou experiência e juventude dentro das limitações do clube. Este é Leonardo Jardim, comandante do Monaco. Após uma temporada recheada, o técnico fez um balanço geral.

O treinador revelou alguns de seus segredos, sua forma tática e como as características desses jogadores influenciam nas mudanças: “Para jogar no 4-4-2, são necessários, no mínimo, quatro atacantes, dois mais fixos e dois mais móveis. Kylian Mbappé e Germain são os mais 'vagabundos', Falcão e Carrillo são os pontos de fixação. Na temporada anterior, tínhamos o Lacina Traoré, que teve muitos problemas físicos, e emprestamos o Germain ao Nice, porque Martial ficaria conosco naquele momento. Depois, dois dias antes do fim do mercado, o Monaco vendeu o Martial. Quem nos restava? Lacina, que não estava a 100%. Tínhamos apenas Carrillo e Vágner Love, não poderíamos jogar no 4-4-2.

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O projeto é também manter um modelo consistente, procurar jogadores adaptados a esse modelo, para termos uma certa qualidade de jogo", esclareceu Jardim.

Em entrevista ao jornal francês L’Équipe, o venezuelano naturalizado português citou alguns pontos importantes da temporada e até falou em uma possível aposentadoria, no futuro. Jardim se mostra bem consciente e logo encerrou uma especulação de que seria contratado pelo PSG, informação negada por ambos os lados, já que Emery vai ficar à frente do banco do time da capital.

A imprensa francesa vem alimentando uma possível saída do técnico para clubes maiores da Europa, como o Porto, por exemplo. Leonardo Jardim comentou o atual cenário: “Essa é uma questão que só poderei responder mais tarde. Tenho mais dois anos de contrato, não tenho problemas em dormir, não tenho dúvidas sobre o dia de amanhã. Esta semana vamos conversas, vou analisar as propostas, o que se pode passar, para poder tomar uma decisão de forma tranquila.

Já mostrei aqui no Monaco o que sou nos momentos difíceis. Os dirigentes, e eu, conhecemo-nos bem. Com o Vadim [vice-presidente], falei sempre olhos nos olhos para dizer as coisas. Não será diferente neste ano”, enfatizou o treinador campeão francês.

Leonardo revelou o que deseja para um curto prazo com o Monaco, já pensando nesta pré-temporada: “Quero fazer o melhor com esta equipe, o que não é fácil. O Bernardo já partiu, outros vão partir, outros vão chegar. O objetivo é ficar com uma equipa competitiva. Não podemos jogar sempre pelo título e esperar, todos os anos, chegar às semifinais da Liga dos Campeões. Aqui, em França, só um clube tem esse projeto de manter os melhores de um ano para o outro.

Em determinado momento, questionado sobre o futuro, Jardim surpreendeu ao citar que já pensa no tempo de parar: “Sou um apaixonado do futebol e vou estar no futebol enquanto tiver essa paixão. Mas, um dia, vou gostar de fazer outra coisa, para aproveitar mais a vida. O meu filho tem 13 anos, talvez quando for adulto eu pense em parar.

Apenas vou deixar de treinar. Porque, quando somos treinadores, não temos vida. Trabalhamos de 12 meses em 12 meses. O campeonato acabou, estou de férias, mas estou dando entrevista. E para a semana vou me reunir com os dirigentes. Depois tenho de preparar a pré-temporada. É complicado. Passo cinco horas ao telefone, estou na Internet. Quero ficar no futebol, mas com outras funções. Não sei ainda, mas talvez diretor-desportivo, ou conselheiro”, disse o técnico em tom revelador.

Nesta temporada, o Monaco somou 95 pontos na Ligue 1, sagrando-se campeão da competição, título que não vinha desde 2000. Foram 107 gols marcados só na liga francesa. O time ficou invicto da 19ª até a 38ª rodada. Na Copa da França, os monegascos foram eliminados na semi pelo PSG, mesmo algoz na final da Copa da Liga, ficando com o vice. Na Champions League, parou na semifinal para a Juventus. Foram lideres do seu grupo.