Desde junho de 2016, o Campeonato Francês tem se sentido órfão. Sem o sueco Zlatan Ibrahimovic, ex-PSG e que aceitou o desafio de ser o artilheiro do Manchester United, a Ligue 1 carecia de um nome estelar para ser o seu principal jogador e ajudar a promover o torneio que, apesar de ser um dos principais do Velho Continente, não dispõe do mesmo prestígio do Campeonato Inglês ou da Liga Espanhola.

No entanto, a espera acabou, e com um final felicíssimo para os franceses. Após duas semanas de negociações, o mesmo PSG anunciou nesta quinta-feira o brasileiro Neymar, ex-Barcelona, como a sua mais nova estrela, o que faz o mundo inteiro virar os holofotes novamente no Campeonato Francês.

A princípio, o impacto parece óbvio: se o clube parisiense já era favorito a conquistar o seu sexto troféu - mesmo após o título surpreendente e inquestionável do Monaco na temporada passada -, após o anúncio de seu novo craque, a expectativa acabou se tornando um sentimento de obrigação. Obrigação essa que, por vezes, chega a ser creditada também ao próprio Neymar.

Leia: Neymar é a transferência mais cara da história do futebol

Tal impacto, porém, tem fundamento: o PSG conquistou a Ligue 1 com sobras durante os quatro anos em que Ibrahimovic ainda defendia as cores da equipe, que sempre chegava ao fim da última rodada com no mínimo oito pontos de diferença para o segundo colocado. Na temporada 2015/2016, a disparidade mais assustadora: 31 pontos à frente do vice-campeão Lyon. Espera-se que Neymar, um jogador igualmente capaz de decidir partidas sozinho, também traga de volta ao PSG a facilidade de triunfar no campeonato nacional.

Ibrahimovic marcou época no futebol francês com a camisa do PSG (Foto: Getty Images)
Ibrahimovic marcou época no futebol francês com a camisa do PSG (Foto: Getty Images)

Além disso, outro ponto precisa ser destacado: na última temporada, o treinador Unai Emery encontrou muitas dificuldades de ajustar taticamente o seu time, o que resultou em muitas vitórias com futebol duvidoso e tropeços decisivos. Mesmo assim, seus comandados disputaram o caneco até a penúltima rodada contra um Monaco em fase de raríssima felicidade, coroada posteriormente. O que prova que, mesmo em fase considerada difícil, o clube parisiense consegue competir de igual para igual com qualquer que seja o rival nacional atualmente.

Aos rivais que também sonham com o título da Ligue 1, portanto, resta "assimilar o golpe" e tentar guerrear usando as suas próprias armas. 

O Monaco, atual campeão e principal concorrente do PSG, segue apostando em sua filosofia de contratar jovens talentos e lapidá-los dentro do clube, algo que tem dado certo já há algum tempo. A equipe, que perdeu peças como Bernardo Silva, Germain, Mendy e Bakayoko, apoia-se na manutenção de seu esquema tático, com destaque para a jovem estrela Kylian Mbappé, e a chegada de reforços como o volante belga Youri Tielemans, o zagueiro/lateral esquerdo holandês Terence Kongolo e o atacante francês Adama Diakhaby.

Com novas caras, Monaco tentará surpreender o país outra vez (Foto: Getty Images)

Um patamar abaixo, surge o Nice como potencial candidato a zebra. A equipe, que surpreendeu ao terminar a última Ligue 1 em terceiro lugar, com direito a classificação aos play-offs da atual edição da Liga dos Campeões, conta com um maior orçamento para tentar melhorar ainda mais o desempenho em relação ao último.

Outros clubes que também chamaram a atenção no mercado de transferências e podem incomodar o PSG são Olympique de Marselha e Lille. O primeiro, agora sob gestão do magnata norte-americano Frankin McCourt, investiu em nomes como Germain e o brasileiro Luiz Gustavo, além do retorno do goleiro Mandanda, para somar a uma base que já conta com Dimitry Payet e Florian Thauvin. Já os Dogues colocam as suas fichas no badalado treinador argentino Marcelo Bielsa e suas contratações, como os brasileiros Luiz Araújo, Thiago Mendes e Thiago Maia.

O Lyon, por sua vez, não gera expectativas de incomodar o clube parisiense. A tradicional agremiação perdeu jogadores importantes, sobretudo no setor de meio campo, como Valbuena, Tolisso e o capitão Gonalons, e trouxe jogadores pouco conhecidos, como o lateral brasileiro Fernando Marçal, ex-Guingamp, para tentar, pelo menos, conseguir uma vaga na próxima Liga Europa.

Em meio a tudo isso, uma única certeza: a chegada de Neymar impacta o Campeonato Francês do mesmo modo que a de Ibrahimovic em 2012. A necessidade PSG de retomar a hegemonia nacional para si é mais clara do que nunca, e seus concorrentes sentirão isso. Novamente.

O novo clube de Neymar estreia neste sábado (04), ao meio dia, contra o Amiens.