Em duelo que esteve diretamente relacionado a ausência de Nabil Fekir, suspenso após acumular cartões amarelos, o Lyon teve sua sequência de vitórias encerradas, diante do Montpellier, neste domingo (19), em partida realizada no Groupama Stadium.

Sem encontrar uma forma coesa de fluir seu jogo, o OL esbarrou na solidez defensiva dos visitantes durante o transcorrer dos minutos e transmitiu sensações claras de que depende demasiadamente da presença de Fekir para conseguir triunfar frente à adversários resistentes defensivamente. No mais, o treinador franco-armênio Michel Der Zakarian provou mais uma vez que possui capacidade de tornar o Montpellier novamente competitivo - com este ponto conquistado, o MHSC efetivou uma estatística representativa: contra os primeiros colocados do Campeonato (PSG, Monaco e agora o Lyon), o modesto clube conquistou três empates valiosos.

Com este resultado, pouco favorável pelas circunstâncias do Campeonato Francês após os tropeços de concorrentes diretos, o Lyon chegou aos 26 pontos ganhos, três atrás do Monaco, com 13 partidas disputas e estabelecendo sua presença na terceira colocação da Ligue 1. Em resumo, os comandados do técnico Bruno Génésio possuem poderio ofensivo agressivo, com 32 gols anotados, no entanto, a instabilidade defensiva às vezes compromete tal força criativa.

Em contrapartida, o Montpellier está passando pelo seu momento mais sólido na temporada até aqui, estando na oitava posição da tabela de classificação, com 17 pontos somados - uma surpresa enorme pela qualidade de seu plantel - podendo sonhar com vaga em competição continental.

O compromisso seguinte no território francês do OL será diante do Nice, na Allianz Riviera, no próximo domingo (26), às 12h, no horário de Brasília. Entretanto, os Gones têm um duelo antes deste embate importantíssimo diante do OGCN, na Europa League, contra o Apollon Limassol, em casa, na quinta-feira (23) - em confronto onde os franceses podem confirmar classificação para a fase seguinte do torneio. Por outro lado, o Montpellier volta seu foco apenas para o âmbito nacional e terá partida diante do Lille, no sábado (25), às 17h, atuando em seus domínios.

Sem encontrar jogo fluído, o Lyon esbarrou na solidez do Montpellier

Em relação ao que ocorreu durante os noventa minutos em Lyon, os cenários do jogo não foram normais para o padrão de futebol estabelecido por cada equipe. Nos primeiros minutos, o Montpellier, dentro do 5-3-2, tinha intenções de resistir posicionado, povoar a zona ativa do terreno e transitar nos espaços conquistados após recuperar a posse.

Em sentido oposto, os locais tentavam compensar a ausência de um armador com tremenda agressividade para conectar Depay e Cornet em jogadas individuais contra os defensores adversários, sempre no princípio de atrair, eliminar e inverter o esférico para romper as linhas de pressão do MHSC. No entanto, quanto ao OL, a falta de autossuficiência por parte dos mesmos pontas citados, impediu que os Gones encontrassem fluidez e consequentemente, gerassem perigos contra a baliza defendida pelo goleiro Benjamin Lecomte.

Ademais, um fator paradigmático sobressaiu na primeira etapa dentro da estratégia do Lyon. Dito isto, as características pouco complementares de Ferland Mendy e Memphis Depay - ambos ocupantes do costado esquerdo -, impediram fluxos de construções naquele setor. Sendo mais didático, grande parte da proposta do OL, é idealizada por associações elaboradas pela esquerda e, como os atletas retratados não conseguiram executar movimentos benéficos para o coletivo, as jogadas não contaram com clarividência e todo trabalho defensivo do adversário foi facilitado.

De maneira simples, Mendy é um lateral explosivo que utiliza das conduções em velocidade para eliminar marcadores e chegar ao fundo naturalmente. Como não houve criação de espaços com interiorização de posse através de Depay, o talentoso atleta procedente do Le Havre não encontrou margem de progressão no setor. Fora isto, as intervenções em fase ofensiva dos interiores Houssem Aouar e Tanguy Ndombélé, se caracterizaram como uma das únicas armas capazes de condicionar situações frontais para Mariano produzir algo minimamente decente diante de um rival pragmático e em vantagem posicional para resistir.

Com as mesmas propostas da etapa inicial, o empate prevaleceu até o final

Em 4-3-3 desde o início, as tentativas do técnico Bruno Génésio em estabelecer equilíbrio técnico maior estiveram relacionadas a duas mudanças: uma delas, a alteração da formatação tática, a outra, diferir característica de um jogador por outro. Em síntese, os mandantes passaram a jogar no 4-2-3-1, com a entrada do jovem Amine Gouiri na vaga de Ndombélé e adquiriram possessão interior com a ingressão do lateral-esquerdo brasileiro Fernando Marçal ao campo. Porém, as contribuições solistas de Depay e Cornet/Bertrand Traoré, ainda atrapalharam a fluência do estilo da equipe e deixaram os meio-campistas simplesmente sem apoios zonais para trocar passes.

Uma estatística significativa com relação a isto: durante todo jogo, os extremos do Lyon, em números somados, perderam a posse em 45 oportunidades. Tal dado explica o fato da imprecisão no terço final e também deve ser creditado a ausência de um jogador do perfil de Fekir, que possui controle de bola e capacidade de retenção fantástica.

No fim das contas, os argumentos ofensivos do Montpellier não fugiram das projeções exteriores do lateral Jérôme Roussillon juntamente da presença física do chadiano Casimir Ninga. Em um retrospecto geral, as sensações deixadas no Groupama Stadium hoje representam um Lyon relacionado ao caos e muitíssimo dependente de uma individualidade em especial: a de Nabil Fekir. Sem ele, a equipe do centro-oeste francês perde todo um sistema.