O canto da torcida do Boca Juniors mantém seu efeito simbólico mesmo o dia 25/01/2015, onde Juan Román Riquelme anunciou publicamente sua aposentadoria. Eterno camisa 10 Xeneize, se despede com 670 jogos realizados, 173 gols, 282 assistências, 17 títulos e status de lenda.

Senhor Libertadores, apelidado assim pelos muitos que o idolatravam, encerra seu ciclo com três títulos da maior competição da América (2000, 2001 e 2007), com um Mundial de Clubes (2000) e uma Recopa Sul-Americana (2008). Em sua terra natal, levantou o caneco em seis oportunidades (1998, 1999, 2000, 2001, 2008 e 2011).

A “Era Román” teve início em novembro de 1996, onde um garoto de apenas 17 anos debutava entre os profissionais e não tinha ideia do que o futuro lhe reservava. O Boca Juniors venceria o Unión de Santa Fe pelo placar de 2 a 0 e a Bombonera, em uníssono, cantava seu nome a quem quisesse ouvir. Cena que se repetiria por tantas vezes durante sua carreira.

Desde então, Riquelme passou a fazer história. Ou melhor, a história passou a ter Riquelme em sua galeria. Figura importante neste início, Carlos Bianchi, treinador contratado em 1998, foi o responsável pelo seu crescimento como atleta, intitulando-o como o cérebro de um dos maiores Boca Juniors já vistos e lhe dando a camisa 10, ato conquistado por poucos.

Em 2000, durante o Superclássico mais importante já disputado, válido pelas quartas-de-final da Copa Libertadores, protagonizou o famoso “Caño a Yepes”, drible que marcaria sua carreira e seria lembrado até os dias atuais. O River Plate não foi páreo para seu maior rival e o título veio em consequência. Nos pênaltis, contra o Palmeiras, chegou ao topo da América pela primeira vez. Feito que se repetiria no ano seguinte.

Enquanto sua coleção de títulos aumentava, as desavenças com membros da comissão técnica surgiam e sua forte personalidade não deixava por menos. A tradicional comemoração com as mãos nos ouvidos foi decorrência disso. Aos românticos, é interpretada como quem quisesse ouvir os gritos da torcida, mas foi originalmente destinada a Maurício Mitre, presidente do clube em 2001, figura que nutria desafetos públicos junto ao jogador.

Sua saída para a Europa não manchou sua imagem e seu retorno à América foi triunfal. Após ser o camisa 10 pela Argentina na Copa do Mundo em 2006, retornou ao Boca Juniors por empréstimo no ano seguinte e precisou de pouco tempo para disputar sua terceira final de Libertadores. Três finais, três títulos. Contratado em definitivo em 2008, caiu diante do Fluminense na semifinal. Em 2012, carregou praticamente sozinho um limitado elenco para outra final sul-americana, mas terminou com o vice-campeonato, derrotado pelo Corinthians.

Rei. Simplesmente. Segundo a Fifa, o jogador com maior número de assistências na história do futebol e candidato a Bola de Ouro de 2005 à 2008. Meio campista com mais gols na história da Libertadores e presente na seleção de todos os tempos da competição. Jogador que mais vezes atuou na Bombonera e maior ídolo da história do Boca Juniors, o maior clube da América do Sul.

Se os argentinos consideram Diego Maradona como o melhor jogador da história, a torcida Xeneize coloca Riquelme no mesmo patamar. Ambos são ídolos absolutos do clube, mas a camisa 10 nunca se sentiu tão a vontade como quando detinha o nome ‘Román’ em suas costas.

Obrigado por tudo, Riquelme. Foi uma honra de te ver jogar.

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