O momento do futebol argentino não é bom e a crise parece estar cada vez mais agravada. No começo da tarde desta terça-feira (05), Gerardo 'Tata' Martino renunciou ao cargo de técnico da Seleção e deixa a equipe às vésperas dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O problema na federação do país começa a ser refletido fortemente dentro das quatro linhas, tanto no profissional, como nas categorias de base.

Martino se reuniu com Claudio Tapia, vice-presidente e candidato à presidência da Associação de Futebol Argentino (AFA), e o saldo não foi satisfatório. Além dos resultados dentro de campo - dois vice-campeonatos consecutivos da Copa América e manutenção de jejum de duas décadas sem conquistas profissionais, pesou também os problemas vividos pela seleção. Informações provenientes dos portais argentinos especializados no futebol dão conta de que o treinador ficou pressionado. Salários da comissão técnica atrasados, indefinição dos treinadores das categorias de base e a aposentadoria de Messi após mais uma derrota contra o Chile foram fatores determinantes para a saída.

Além do mais, a preocupação maior é a indefinição dos jogadores que irão representar o país na Olimpíada. Dos 35 pré-selecionados, mais de 50% deles não foram liberados pelos seus clubes. Com isso, a Argentina tem apenas 17 atletas e não consegue fechar a lista com 18 nomes, e os treinamentos não foram iniciados por falta de profissionais disponíveis. Diante desse cenário, existe a possibilidade dos bicampeões olímpicos não disputarem o maior evento esportivo do planeta na modalidade, como já tinha dito o presidente do Comitê Olímpico Argentino, Gerardo Werthein.

"Há 50% de chance de que a Seleção Argentina não apresente equipe para os Jogos Olímpicos. A AFA não toma decisões, é muda. A Argentina vai ter uma equipe e isso não vai passar pelas mãos da AFA. Estamos decididos a trabalhar junto com os presidentes dos clubes para formar uma equipe. Vamos avante, vamos pensar positivo, porque os pessimistas não chegam a lugar nenhum", afirmou Werthein ao diário Olé.

O grande problema é definir quem comanda a Argentina na Olimpíada, que acontece em 30 dias, e os jogos no futebol começam antes da cerimônia de abertura. Por causa do credenciamento e dos trâmites do Comitê Olímpico Internacional (COI), não pode haver a inserção de um nome após o prazo final. Por isso, o comandante será Jorge Pautasso, Raúl Marcovich ou Adrián Coria, auxiliares técnicos.

A Associação de Futebol Argentino (AFA) passa por seríssimos problemas administrativos. A entidade-mor da modalidade no país sofreu intervenção pelo presidente da República, Mauricio Macri, que resultou na suspensão por 90 dias da eleição marcada para o último dia 30 de junho. O problema pode gerar sérios problemas em relação à Fifa, cujo regulamento proíbe intervenções administrativas de Poder Executivo com o risco de suspensão, como aconteceu na Indonésia, Kuwait e Benin.

Na seleção profissional, Gerardo Tata Martino comandou a Argentina em 29 jogos e venceu 19 destes, além de sete empates e apenas três derrotas, com aproveitamento de 73%. Porém, as duas derrotas para os dois títulos inéditos do Chile, além da inédita derrota para o Equador dentro de casa na abertura das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo 2018.