Presente na comissão técnica da Holanda na Copa do Mundo de 2010, sendo um dos auxiliares de Bert van Marwijk, Frank de Boer iniciou sua carreira de treinador no Ajax logo depois do Mundial na África do Sul. Fez ótimo trabalho no clube holandês e construiu hegemonia no campeonato nacional, a Eredivisie, onde conquistou quatro títulos consecutivos (2010/11 a 2013/14). Após seis temporadas no time de Amsterdã, o ex-zagueiro rumou a Milão, em agosto deste ano, para assumir a Internazionale. Porém, não ficou sequer três meses na agremiação e acabou demitido nessa última terça-feira (1º).

De Boer tentou implantar sua filosofia ao time nerazzurro, que carecia de novas ideias depois da fraca passagem do italiano Roberto Mancini. Mas a incessante busca por resultados – ainda que tenha vencido a dominante Juventus –, alinhado às dificuldades de uma liga com propostas de jogo distintas às do campeonato holandês, fizeram o treinador sucumbir. No entanto, há outro fator que acelerou a queda de Frank de Boer: a incansável busca dos dirigentes italianos por um ‘novo José Mourinho’.

Um dos treinadores mais polêmicos e vitoriosos do planeta bola, Mourinho pegou a Inter em junho de 2008 com a missão de reerguer o clube de Milão. E cumpriu à risca o desafio. Uma Uefa Champions Legue, dois scudetti (título da liga italiana), duas Copa Itália e uma Supercopa Italiana: tudo isso nas temporadas 2008/09 e 2009/10. Deixou o Giuseppe Meazza em maio de 2010 para assumir o Real Madrid. De lá para cá, a Beneamata segue à procura de um novo ‘Special One’.

Mourinho fez a Inter conquistar o 'triplete' em 2009/10: Champions, Serie A e Copa Itália (Foto: Jasper Juinen/Getty Images)
Mourinho fez a Inter conquistar o 'triplete' na temporada 2009/10: Champions League, Serie A e Copa Itália
(Foto: Jasper Juinen/Getty Images)

Passaram-se oito treinadores à frente da Inter após o sucesso de Mourinho: Rafa Benítez, em 2010 (25 jogos); Leonardo, em 2010/11 (32 jogos); Gian Piero Gasperini, em 2011 (cinco jogos); Claudio Ranieri, em 2011/12 (35 jogos); Andrea Stramaccioni, em 2012/13 (65 jogos); Walter Mazzarri, em 2013/14 (58 jogos); Roberto Mancini, de 2014 a 2016 (77 jogos); e Frank de Boer, em 2016 (14 jogos).

Rafa Benítez e Leonardo foram os únicos a conseguirem trazer títulos a Appiano Gentile pós-era Mourinho. O espanhol fisgou o Mundial de Clubes de 2010 (graças ao título da Champions League, vencida sob a batuta do treinador português). Já o brasileiro ganhou seu primeiro título como técnico ao conduzir os nerazzurri à conquista da Copa Itália 2010/11. Gian Piero Gasperini é o que durou menos tempo: recebeu o aviso de demissão após conseguir impressionantes quatro derrotas em cinco jogos. Roberto Mancini, por sua vez, é o mais longevo, tendo aguentando dois anos.

A bola da vez, agora, deve ser Stefano Pioli, ex-técnico da Lazio. Apesar não ser um comandante vitorioso e brilhante como é José Mourinho, Pioli conhece muito bem a Serie A e sabe se adaptar às peças que tem em mãos. Hoje, a Inter ocupa a 12ª colocação na tabela e está a oito pontos do rival Milan, primeiro time dentro da zona de classificação à Champions League. Na temporada 2014/15, Pioli conseguiu levar a Lazio ao terceiro lugar.

Pioli é o candidato número um a assumir o cargo de técnico da Inter (Foto: Paolo Bruno/Getty Images)
Segundo a imprensa italiana, Pioli é o candidato número um a assumir o cargo de técnico da Inter
(Foto: Paolo Bruno/Getty Images)

Alto investimento

O jornal espanhol Mundo Deportivo publicou uma matéria após a confirmação de demissão do técnico De Boer da Inter ressaltando o alto investimento do clube nos últimos anos. Somente no último mercado de transferências, antes do início da atual temporada, a diretoria gastou € 130 milhões em contratações como João Mário e Gabriel Barbosa, o ‘Gabigol’. Segundo a publicação do periódico, a Inter desembolsou € 460 milhões em reforços ao longo dos últimos seis anos.