Antes do início da temporada 2016/17, a Juventus já era considerada soberana a nível nacional. Com dois dobletes consecutivos (2014/15 e 2015/16) e o pentacampeonato da Serie A, a Vecchia Signora não precisava provar mais nada para reafirmar o seu domínio em território italiano. Entretanto, na perspectiva de torcedores, jogadores e dirigentes, faltava algo a mais: voltar a conquistar o continente.

O título da Uefa Champions League ficou por um triz há dois anos, quando a equipe de Turim perdeu a decisão por 3 a 1 para um inspirado Barcelona. Apesar do sabor amargo da derrota, os bianconeri voltavam a ocupar posição de prestígio na Europa, retomando o protagonismo em competições continentais.

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O sonho de reerguer o troféu que não vem desde a temporada 1995/96 se intensificou após o vice para a equipe culé. Para seguir competindo com as potências espanholas, a Juve mudou a sua política de contratações. Conhecida por trazer reforços de qualidade a baixo preço, como Arturo Vidal, Carlos Tévez, Andrea Pirlo e Paul Pogba (estes dois últimos a custo zero), em 2016/17 a Vecchia Signora ousou.

Em uma transação que mexeu com as estruturas do futebol europeu, a Juventus consolidou a transferência mais cara de sua história ao pagar a multa rescisória de Gonzalo Higuaín junto ao Napoli. Foram € 90 milhões investidos para contar com o futebol do argentino, cifras recordes também na história da Serie A. A transferência mais cara entre clubes italianos havia sido em 2000/01, quando a Lazio pagou cerca de € 51 milhões para o Parma por Hernán Crespo.

Higuaín chega à final da Champions League depois de marcar 32 gols pela Juve (Foto: Massimiliano Ferraro/NurPhoto via Getty Images)
Higuaín chega à final da Champions League depois de marcar 32 gols pela Juve (Foto: Massimiliano Ferraro/NurPhoto via Getty Images)

Logo em sua primeira temporada com a camisa juventina, Pipita já elevou o nível de competitividade da equipe. Somando todas as competições, já são 32 gols marcados e quatro assistências. Na Serie A, foi o artilheiro da equipe e o jogador que mais atuou: 24 tentos em 38 partidas disputadas, o único a entrar em campo em todos os jogos do campeonato. Foram 64 arremates certos, com 60% de eficiência, o líder da equipe nesta estatística.

O artilheiro balançou as redes em confrontos decisivos para o hexacampeonato da Vecchia Signora, dentre eles o duelos de primeiro turno contra a Roma (1 a 0) e contra o Napoli (2 a 1). Na Copa Itália, Higuaín foi fundamental novamente contra seu ex-time, ao anotar três gols dos cinco gols da equipe bianconera nas duas partidas válidas pela semifinal da competição. Na Champions, é o artilheiro da equipe com cinco gols anotados.

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Um mês antes do acerto entre Gonzalo Higuaín e Juventus, o time de Turim já havia se reforçado oficialmente para a atual temporada. Em junho de 2016, a maior campeã italiana anunciou a contratação de Miralem Pjanic, um dos grandes destaques da Roma em 2015/16. De passe refinado, ótima visão de jogo e fatal nas bolas paradas, Pjanic pintava à época como o possível substituto de Paul Pogba, uma vez que o nome do francês era especulado no Manchester United.

Com a transferência de Pogba concretizada, o meia assumiu imediatamente a titularidade na equipe de Massimiliano Allegri. Valorizado pela excelente temporada defendendo das cores da Roma, o bósnio custou € 32 milhões aos cofres juventinos.

Pjanic é o cérebro da Juventus (Foto: Matteo Ciambelli/NurPhoto via Getty Images)
Pjanic é o cérebro da Juventus (Foto: Matteo Ciambelli/NurPhoto via Getty Images)

Pjanic rapidamente se transformou em uma das principais engrenagens da Vecchia Signora. Ditando o ritmo do meio de campo juventino com maestria, o bósnio foi o líder do time em assistências na Serie A: nove passes para gol, além de balançar as redes em cinco oportunidades. Com exceção feita aos atacantes da equipe (Mandzukic, Dybala e Higuaín), ninguém fez mais gols que ele. Na Champions, são três assistências do meia, superado apenas por Dani Alves, com quatro.

A qualidade de passe de Pjanic fica ainda mais latente ao aprofundarmos suas estatísticas. Além de ser o meio-campista com melhor aproveitamento no fundamento (87%), o camisa 5 foi responsável por 60 chances criadas pela Juve na Serie A, mais do que qualquer outro atleta. Essa estatística leva em conta não apenas as assistências, mas também os chamados "key passes", passes considerados fundamentais para uma finalização ao gol acontecer.

Estes números revelam como Higuaín e Pjanic foram fundamentais não apenas para uma nova doppietta juventina, mas também para uma campanha impecável da equipe de Turim na Uefa Champions League, até então. Será que os "ex-rivais", hoje craques bianconeri, farão a diferença contra o Real Madrid no dia 3 de junho?

Higuaín e Pjanic comemoram gol da Juve (Foto: Marco Bertorello/AFP
Higuaín e Pjanic comemoram gol da Juve (Foto: Marco Bertorello/AFP)