Milan e Roma só se enfrentarão pela Serie A no próximo mês de outubro, mas as duas equipes já entraram em um duelo particular ainda na pré-temporada. No entanto, nenhum jogador participou e as farpas voaram bem longe dos gramados. O presidente da romanista, James Pallotta, e o CEO rossonero, Marco Fassone, discutiram nesta sexta-feira (28) por conta das finanças de ambos os clubes, motivados pela série de contratações que o time de Milão fez no início da temporada.

Sob nova administração, os milanistas contrataram nomes de peso como Ricardo Rodríguez, Leonardo Bonucci, Lucas Biglia e promessas como Franck Kessié e Andrea Conti, destaques da última temporada na Serie A. No total, o clube gastou por volta de € 210 milhões (cerca de R$ 773 milhões) para se tornar mais um candidato ao título italiano. As transações chamaram a atenção, e o americano Pallotta questionou de onde o Milan tirou o dinheiro para se reforçar, gerando respostas nada amistosas.

Capítulo 1 - Pallotta questiona Fair Play Financeiro e ataca o Milan: "Perderam a cabeça"

Em entrevista a uma rádio americana, o presidente da Roma estava com a língua afiada. Depois de criticar o ex-diretor esportivo Walter Sabatini, Pallotta declarou não entender como o Milan havia feito tantas contratações. Questionando a saúde financeira da equipe de Milão, o dirigente criticou a diretoria rossonera e chegou a pedir para que alguém pudesse lhe explicar o que estava acontecendo com o rival.

Pallotta tenta entender como o Milan conseguiu tantos reforços (Foto: Nurphoto via Getty Images)
Pallotta tenta entender como o Milan conseguiu tantos reforços (Foto: Nurphoto via Getty Images)

"Eu não faço a menor ideia do que está acontecendo por lá. Não faz nenhum sentido. Eles não tinham essa quantia que gastaram no começo, já que eles fizeram um empréstimo de 300 milhões de euros com algumas pessoas que conheço em Londres, com taxa de juros bem alta. Eles são os únicos da Serie A que estão perdendo a cabeça. Talvez exista um grande plano por trás disso, mas os outros times estão sendo racionais. Se alguém puder explicar o Milan para mim...eu simplesmente não entendo."

O estadunidense ainda apontou os desaforos para a Uefa, principalmente sobre a questão do Fair Play Financeiro, criado para evitar gastos desproporcionais e o endividamento das equipes: "A Uefa, em termos de Fair Play Financeiro, tem sido um completo show para inglês ver, na nossa opinião. Nós deveríamos ser os garotos-propaganda no sentido de reverter algo criado pela gestão anterior", provocou o presidente.

Capítulo 2 - O Milan contra-ataca com Fassone: "Nossas dívidas são muito menores que as da Roma"

A explosão do dirigente giallorosso em relação à política de transferências do Milan fez com que Marco Fassone, CEO do Milan desde que o clube foi comprado pelos chineses, publicasse uma resposta ao americano na página oficial do Milan no Facebook. O italiano explicou um pouco melhor a conduta do clube em relação a seu dinheiro e aproveitou para dar uma alfinetada no rival, usando a situação financeira da Roma a seu favor.

"Não sei como Pallotta consegue imaginar que nossos [gastos com] salários serão equivalentes às nossas receitas em breve. Nosso plano visa um limite de 50 a 60% de nossas receitas e temos um limite bem baixo porque herdamos uma equipe com salários abaixo de um nível competitivo. À parte disso, nossas dívidas estão na casa dos 120 milhões de euros, muito melhores que as da Roma. Não quero falar sobre elas, mas todos podem vê-las, uma vez que a Roma tem o azar de ter suas planilhas públicas por estarem em capital aberto", declarou Fassone.

Capítulo 3 - Pallotta se desculpa e espera cooperação para fortalecer liga italiana

Pouco após as respostas da direção milanista, Pallotta se apressou em publicar uma nota oficial no site da Roma, pedindo desculpas caso tenha utilizado alguma informação incorreta e ressaltando que todos os seus comentários buscam tornar a Serie A uma liga mais sustentável e de maior qualidade.

"Queria pedir desculpas se tenho alguma informação incorreta. Me preocupo muito com o futebol italiano retornando ao topo e, nesse sentido, espero que todos os clubes possam colaborar para uma liga mais forte e sustentável, assim como estamos fazendo na Roma. Desejo ao Milan e aos seus novos donos tudo de melhor e torço para que sua gestão e seus donos possam cooperar com todos nós para ser uma peça chave do crescimento da Serie A", disse o americano, em tom mais ameno, como forma de – pelo menos por enquanto – encerrar o imbróglio.