Os títulos estão em falta no lado giallorosso da capital italiana. Depois de bater na trave na Copa Itália na temporada 2012/13 e ser vice-campeã da Serie A outras quatro vezes nos últimos anos, a Roma busca o fim do jejum, apostando em novo treinador e mantendo a base da equipe da temporada passada, mas sem seu eterno camisa 10.

Depois de mais de duas décadas, Francesco Totti pendurou as chuteiras e emocionou o mundo no seu adeus. Os giallorossi contam ainda com Daniele de Rossi e Alessandro Florenzi para seguir seu legado, numa temporada que promete ser uma das mais disputadas dos últimos tempos na Itália, agora comandados por Eusebio Di Francesco, que já vestiu a camisa romanista.

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As mudanças no time não foram tão profundas e os principais destaques da campanha passada permaneceram no elenco, como Radja Nainggolan e Edin Dzeko. No entanto, a incerteza ainda marca um elenco que parece não ter sido finalizado a tempo da estreia na principal competição do país. Um ponto perigoso para uma equipe que tem como objetivo primário o título da liga, para sair da sombra da Juventus.

Pré-temporada traz certa preocupação

Como já é tradição no time da capital italiana, a Roma fez sua pré-temporada na pacata comuna de Pinzolo, que tem apenas três mil habitantes. No período em que passou treinado por lá, realizou dois amistosos. No primeiro, goleou o time local do ACD Pinzolo por 8 a 0. Depois, venceu o Slovácko, da República Tcheca, por 1 a 0.

Foi o fim dos resultados minimamente animadores para a torcida romanista. Rumando para os Estados Unidos, onde disputou a International Champions Cup, a Roma empatou com o Paris Saint-Germain na primeira partida, sendo derrotada nos pênaltis. Na sequência, venceu o Tottenham pelo placar de 3 a 2, depois de ceder empate após sair ganhando por 2 a 0. Por fim, empatou com a Juventus em 1 a 1 e, novamente, acabou perdendo nos pênaltis.

Em amistoso de pré-temporada, Roma começou mal o confronto direto: derrota (nos pênaltis) para a Juve (Foto: Daniele Badolato/Juventus FC/Getty Images)
Em amistoso de pré-temporada, Roma começou mal o confronto direto: derrota (nos pênaltis) para a Juve (Foto: Daniele Badolato/Juventus FC/Getty Images)

Com o time que pode ser considerado seu titular, os giallorossi foram derrotados pelo Sevilla, em jogo de homenagem a Antonio Puerta, que morreu após sofrer parada cardíaca durante jogo pelo clube espanhol, em 2007. A partida terminou com o placar de 2 a 1 para a equipe da casa. Dzeko descontou para a Roma. Por último, com equipe bastante modificada, os romanistas foram massacrados pelo Celta, e acabaram perdendo por 4 a 1. Strootman marcou o gol de honra.

Começo de era Monchi tem grandes vendas e mescla de juventude e experiência

O mercado romanista foi bastante movimentado. Precisando vender alguns de seus jogadores para poder contratar e manter um saldo positivo devido ao Fair Play Financeiro (FPF) da Uefa, o clube se desfez de Mohamed Salah e Antonio Rüdiger, vendidos a Liverpool e Chelsea por 42 e 35 milhões de euros, respectivamente. Além destes, o meia Leandro Paredes foi cedido ao Zenit mediante pagamento de 23 milhões de euros. Mário Rui, que teve poucas oportunidades depois de ser contratado junto ao Empoli, acabou repassado ao Napoli.

Os reforços da equipe mantiveram o padrão de contratações dos últimos anos. Investindo principalmente no futuro, a Roma recomprou Lorenzo Pellegrini, um dos destaques do Sassuolo, além de apostar em Cengiz Ünder, promessa turca de apenas 20 anos, para ocupar uma posição no ataque. Rick Karsdorp, lateral-direito ex-Feyenoord, de 22 anos, foi a contratação mais cara do clube até o momento, comprado por 14 milhões de euros.

Pellegrini, Ünder e Dzeko: os três terão participação importante na temporada romanista (Foto: Maddie Meyer/Getty Images)
Pellegrini, Ünder e Dzeko: os três terão participação importante na temporada romanista (Foto: Maddie Meyer/Getty Images)

Héctor Moreno, Grégoire Defrel, Aleksandar Kolarov e Maxime Gonalons, mais experientes, completam as chegadas à capital italiana, por um total de 20,7 milhões de euros. No entanto, Eusebio di Francesco, novo treinador, ainda espera a contratação de um ponta-direita, para substituir Salah, e pode trazer outros reforços. Para o ataque, o grande nome seria Riyad Mahrez, mas o Leicester City segue relutante em liberá-lo. Juan Cuadrado, da Juventus, desponta como segunda opção para a posição.

Di Francesco mantém esquema recente, mas tenta variar táticas

Eusebio Di Francesco teve passagem pela Roma como jogador. Ficou quatro anos por lá, disputou mais de 100 partidas e conquistou o scudetto na temporada 2000/01. Para voltar a levantar uma taça na capital, terá de conseguir o que Rudi Garcia e Luciano Spalletti não conseguiram: bater a Juventus. Mas o ex-treinador do Sassuolo parece apostar numa fórmula pouco diferenciada em relação aos seus antecessores. Com a base do elenco mantida, o italiano segue apostando no 4-3-3 como formação.

Entretanto, o novo mister indicou que Radja Nainggolan, que assumiu postura mais avançada, marcando 11 gols na última temporada, deve voltar a jogar um pouco mais recuado, afirmando que o belga precisa defender também. Em alguns momentos, o 4-3-3 de Di Francesco se torna um 4-1-4-1, com De Rossi fazendo a função de cabeça de área, à frente da dupla de zaga. O time-base deve alinhar com: Alisson; Bruno Peres, Manolas, Moreno, Kolarov; De Rossi, Strootman, Nainggolan; Defrel, Perotti, Dzeko.

As duas opções de Di Francesco: sem Florenzi e Karsdorp, Bruno Peres é titular na direita; sem um ponta, Defrel começa numa função que não é a sua (Foto: Reprodução/TacticalPad)
As duas opções de Di Francesco: sem Florenzi e Karsdorp, Bruno Peres é titular na direita; sem um ponta, Defrel começa numa função que não é a sua (Foto: Reprodução/TacticalPad)

Expectativa para a temporada: Champions é obrigação, título seria lucro

Apesar de ainda ter um elenco inacabado e ter visto seus rivais se reforçarem muitíssimo bem, a Roma segue tendo ambição de, no mínimo, garantir vaga para a próxima edição da Uefa Champions League. Para ganhar o título da Serie A, o clube precisará atingir um nível ainda não visto nas temporadas passadas. Para bater a Juve, os giallorossi terão de ser como a Velha Senhora: praticamente perfeitos.

Além de vencer seus rivais diretos, como os bianconeri, Napoli e Milan, os romanistas precisam evitar tropeços bobos, principalmente dentro de seus domínios, como aconteceu na última temporada, contra Cagliari (2 a 2 em casa na 2ª rodada), Empoli (0 a 0, fora) e Atalanta (1 a 2, fora e 1 a 1, em casa). Em questão de números, não há o que se fazer. A Roma teve o segundo melhor ataque (atrás de Napoli) e segunda melhor defesa (atrás da Juventus) da Serie A em 2016/17. Resta traduzi-los em mais vitórias.