Neste domingo (25), a Inglaterra viverá sua primeira grande decisão na temporada 2017/18. Arsenal e Manchester City se enfrentam em Wembley valendo o título da Copa da Liga Inglesa. A final da competição em questão não é tão comum para os dois (o Arsenal chegou sete vezes e ganhou duas, enquanto o City nunca esteve na decisão), o que tem gerado uma grande expectativa para uma partida normalmente já esperada.

No caso específico do Arsenal, chegar à final da Carabao Cup é um ponto positivo em uma temporada de altos e baixos. O time começou a temporada mal e com poucas expectativas, e mesmo com um ótimo elenco e com alguns momentos de bom futebol, ainda não mostrou a que veio. Destacamos abaixo como tem sido a temporada do Arsenal, os principais momentos e como a equipe mudou pontos importantes dentro de campo.

A vitória na semifinal da Copa da Liga contra o Chelsea foi um dos bons momentos da temporada (Foto: Matthew Ashton/AMA via Getty Images)
A vitória na semifinal da Copa da Liga contra o Chelsea foi um dos bons momentos da temporada (Foto: Matthew Ashton/AMA via Getty Images)

Estrelas em xeque e goleada sofrida pelo Liverpool marcam começo de ano

Para falarmos do começo de ano do Arsenal, temos que voltar ao fim da temporada passada. Na ocasião, os Gunners não conseguiram a classificação para a Uefa Champions League pela primeira vez em 20 anos – primeira também sob o comando de Arsène Wenger – ao terminarem a Premier League no quinto lugar. O técnico que está no cargo desde 1996 tinha contrato encerrando-se ao fim da época 2016/17 e foi bastante questionado, mas ainda assim renovou por dois anos. Isso colocou em dúvida o futuro das grandes estrelas no time: Mesut Özil e, principalmente, Alexis Sánchez. O contrato dos dois também agravava a situação: o alemão e o chileno tinham vínculo até o fim da atual temporada, e se não saíssem logo, poderiam deixar o clube de graça no futuro. Como ponto positivo da janela, a chegada de dois reforços em posições muito pedidas: o lateral-esquerdo Sead Kolasinac veio do Schalke 04, e o atacante Alexandre Lacazette chegou do Lyon.

A situação de Sánchez foi a mais complicada: o atacante recebeu propostas altíssimas do Manchester City, mas o Arsenal decidiu recusá-las. O chileno obviamente não gostou. No começo da temporada ele estava no banco, e quando entrou no time, claramente estava insatisfeito. O começo de época também marcava o estabelecimento de um novo esquema: Wenger, sempre adepto do toque de bola e da ofensividade, mudou seus princípios e apostou em uma formação de três zagueiros. Ele já havia feito isso ao final da temporada 2016/17, seguindo a moda criada por Antonio Conte – que chegou da Itália implantando o sistema de três defensores no Chelsea e ganhou a Premier League. O Arsenal chegou a jogar bem e ganhou a FA Cup contra o próprio Chelsea na final, mas ainda assim o panorama geral foi de decepção. Ou seja, a atual temporada já começava com pressão.

Goleada sofrida para o Liverpool acendeu as críticas no começo da época (Foto: Michael Regan/Getty Images)
Goleada sofrida para o Liverpool acendeu as críticas no começo da época (Foto: Michael Regan/Getty Images)

Bastava alguém acender um fósforo que a faísca se transformaria em uma explosão. E Jürgen Klopp e seus comandados do Liverpool trataram de fazer isso na terceira rodada. No primeiro clássico do campeonato, os Reds não tomaram conhecimento e aplicaram um sonoro 4-0, que gerou até críticas duras do maior ídolo do Arsenal, Thierry Henry. Os torcedores viam jogadores desmotivados, Wenger perdido na montagem do time (questionado por deixar jogadores como Kolasinac e Sánchez no banco) e os adversários muito mais preparados. Não havia perspectiva de futuro.

Desempenho melhora, mas tropeços pontuais e resultados em clássicos prejudicam

O tempo passou e os resultados melhoraram em todas as competições. O time foi avançando na Copa da Liga e na Uefa Europa League, além de chegar a entrar no G4 da Premier League, grande objetivo da temporada para voltar à Champions. Mas dois problemas afetaram a pontuação do Arsenal.

Primeiro, os tropeços pontuais contra times menores. Parece filme repetido de todas as temporadas: quando as coisas parecem melhorar, pontos perdidos contra equipes de menor escalão prejudicam a caminhada. Derrota para Watford (2-1) e empates contra Southampton (1-1), West Ham (0-0) e West Bromwich (1-1) aconteceram ainda antes da virada do ano. A grande questão era a oscilação do time, que era capaz de alternar entre grandes jogos e desempenhos sem vontade. Os Gunners dependiam muito de bons desempenhos defensivos e do brilho do trio Sánchez-Özil-Lacazette, que nem sempre estava em dia.

A única vitória em clássicos no primeiro turno foi contra o Tottenham (Foto: Stuart MacFarlane/Arsenal FC via Getty Images)
A única vitória em clássicos no primeiro turno foi contra o Tottenham (Foto: Stuart MacFarlane/Arsenal FC via Getty Images)

Para completar, os resultados dos clássicos eram outro ponto de queda. Apesar de, em exceção da goleada do Liverpool, ter bons desempenhos, os londrinos conseguiram apenas uma vitória contra os outros times do big-six inglês no primeiro turno. E o triunfo não poderia ter sido melhor: 2-0 em casa sobre o Tottenham no North London Derby. Além disso, empate contra o Chelsea (0-0) e derrotas para Liverpool (já citada), Manchester City e Manchester United (ambos por 3-1). Com isso, o time já entrava em 2018 fora da zona de classificação para a Champions e buscava uma vida nova no ano novo.

Eliminação precoce na FA Cup e chegada de reforços marcam 2018

O Arsenal esperava um 2018 melhor. Mas a primeira semana do ano logo reservou uma surpresa nada agradável: derrota por 4 a 2 para o Nottingham Forest e eliminação da FA Cup logo na terceira rodada – a primeira onde os times da Premier League participam. A saída da competição que venceu três vezes nos últimos quatro anos para um time de meio de tabela da segunda divisão trouxe ainda mais questionamentos sobre o trabalho de Wenger, inclusive se ele viria a treinar o time na próxima temporada, mesmo com contrato.

Para aumentar a pressão, após o empate em 0 a 0 contra o Chelsea na ida da semifinal da Copa da Liga, derrota por 3 a 1 para o Bournemouth, ameaçado de rebaixamento na Premier League. A bagunça do sistema defensivo e a falta de harmonia entre os jogadores de frente eram visíveis, e o clima ficava cada vez pior para os lados do Emirates Stadium.

Das arquibancadas graças a uma suspensão, Wenger (centro) viu seu time ser eliminado precocemente na FA Cup (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)
Das arquibancadas graças a uma suspensão, Wenger (centro) viu seu time ser eliminado precocemente na FA Cup (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)

Para a torcida, os Gunners precisavam de um grande agito na janela de inverno. E ele veio. Um período onde normalmente não costumam haver grandes transferências foi extremamente movimentado graças ao mesmo que gerou as maiores especulações na janela de verão: Alexis Sánchez.

Em negociação com o Manchester United, o Arsenal mandou Alexis para os Red Devils e recebeu em troca o meia armênio Henrikh Mkhitaryan, que se destacou no Borussia Dortmund, mas não teve o mesmo brilho no United. A transferência foi sem custos, mas ainda assim terminou com um saldo menos pior pela chegada do meia – caso tivesse sido ao fim da temporada, o Arsenal não teria ganho algum.

A outra novela foi a de Pierre-Emerick Aubameyang. O atacante gabonês que se destacou durante anos no Borussia Dortmund foi pretendido pelo Arsenal. Após uma longa negociação que envolveu três times, foi definido: o Arsenal contrataria Aubameyang e cederia Olivier Giroud para o Chelsea, enquanto o Dortmund foi até os Blues e contratou Michy Batshuayi.

Mkhitaryan (esq.) e Aubameyang (dir.) foram as grandes contratações na janela de inverno (Foto: Shaun Brooks/Action Plus via Getty Images)
Mkhitaryan (esq.) e Aubameyang (dir.) foram as grandes contratações na janela de inverno (Foto: Shaun Brooks/Action Plus via Getty Images)

A chegada dos dois reforços trouxe características novas ao elenco e fez Wenger mudar novamente o esquema: nos três jogos com os novos jogadores como titulares, os Gunners voltaram ao 4-5-1 padrão de temporadas anteriores. Dessas partidas, o Arsenal venceu duas, mas fracassou no teste principal e perdeu por 1-0 para o Tottenham no Wembley, o que gerou mais críticas a Wenger (pois mesmo com um elenco agora mais encorpado, ainda não conseguiu fazer o time render como esperado contra os grandes adversários).

Evoluções e pontos a melhorar

A melhora recente mais visível tem sido a do ataque. Desde que os novos reforços estrearam como titulares, o time marcou oito gols em três jogos – quase três gols por jogo. Além disso, o desempenho individual de determinados jogadores melhorou esse ano. Atletas outrora bem questionados como Nacho Monreal e Jack Wilshere melhoraram bastante na atual época e tem contribuído de forma importante.

A melhorar de forma mais específica, o sistema defensivo. O Arsenal levou 36 gols em 25 jogos na Premier League, uma média de enormes 1,44 gol por jogo. A zaga em especial tem deixado a desejar e em várias partidas é visível a falta de organização do sistema como um todo. Até mesmo o desempenho de Petr Cech, um dos melhores goleiros do país, caiu bastante nessa temporada (ainda assim, salvou seu time em várias ocasiões). A volta dos quatro defensores na retaguarda também é uma tentativa de Wenger em fazer os Gunners tomarem menos gols. Para uma final de campeonato contra um time como o Manchester City, que tem incríveis 79 gols em 25 jogos na liga, todo cuidado é pouco para não vazar sua defesa e sair com a vitória.

Mesmo com a instabilidade da atual temporada, o Arsenal continua muito forte e tem muita tradição nesses jogos. Por isso, nada mais esperado do que um jogão na final em mais uma final da Copa da Liga Inglesa que promete agitar o lendário Wembley Stadium.

Será que o Arsenal conseguirá vencer sua primeira Copa da Liga com Arsène Wenger? (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Será que o Arsenal conseguirá vencer sua primeira Copa da Liga com Arsène Wenger? (Foto: Clive Mason/Getty Images)