O torcedor atleticano viveu as mais diferentes emoções neste ano de 2013. De vice-campeão brasileiro em 2012 a campeão mineiro e da Libertadores, um sonho antigo do alvinegro, passando por Brasileirão irregular e finalizando com um Mundial de Clubes que surpreendeu negativamente. Nesta retrospectiva, a VAVEL Brasil comenta com detalhes o ano do Galo mineiro.

Vice-campeonato brasileiro

O ano de 2012 terminou com o vice-campeonato Brasileiro. O Galo deixou o título escapar diante do Fluminense, mas deixou para o seu torcedor à perspectiva de um 2013 bastante promissor. Para começar o ano que se tornaria o mais importante da história centenária do clube, o Atlético-MG faria contratações pontuais para preencher posições que desfalcaram a equipe em partidas importantes, principalmente no ataque e no meio-campo. O torcedor que esperava contratações de impacto acabou acordando com Araújo, que veio do Náutico, e Rosinei, transferido do futebol mexicano. Entretanto ainda esperava por nomes de maior impacto.

Taça Libertadores, o grande foco atleticano

O ano de 2013 começou com derrota e justamente para o maior rival, o Cruzeiro, por 2 a 1, na reinauguração do Mineirão, no dia 03 de fevereiro pelo Campeonato Mineiro. Um clima de incertezas tomou conta da torcida, pois o time atleticano não havia repetido a mesma atuação do ano anterior. Dez dias depois, veio a estréia na Taça Libertadores da América contra o São Paulo. O Galo não disputava o torneio desde 2000 e buscava um título inédito. Para acalmar as desconfianças dos alvinegros, o presidente Alexandre Kalil anunciava o retorno do atacante Diego Tardelli.

Entre as dúvidas sobre o potencial da equipe para encarar um torneio tão difícil como a Libertadores, a atuação do time diante do tricolor do Morumbi deu um acréscimo de esperanças ao torcedor atleticano. Simultaneamente com o torneio Sul-Americano, o Galo disputava o Campeonato Mineiro e fazia uma boa campanha, terminando a primeira fase na vice-liderança.

Na Libertadores, o Atlético-MG realizava uma campanha que empolgava o torcedor. Nos primeiros cinco jogos, o time mineiro obteve 100% de aproveitamento. Vitórias sobre Arsenal-ARG por 5 a 2, duas vezes, e também sobre o The Strongest-BOL nos dois jogos, 2 a 1. Como prêmio pela excelência dentro da competição, o Galo conseguiu ser o melhor dentre todos os participantes do torneio, o que foi importantíssimo nas partidas eliminatórias. No último embate, sem qualquer aspiração dentro da competição, o alvinegro foi mal diante do aguerrido São Paulo, e perdeu por 2 a 0, classificando a equipe paulista, que viria a ser o adversário atleticano nas oitavas de final.

Sobrando técnica e vontade nos dois jogos, o Atlético-MG viajou até o Morumbi para encarar o tricolor paulista. No primeiro jogo, vitória por 2 a 1. E na partida de volta, uma goleada para nenhum torcedor questionar a qualidade do alvinegro. O placar foi incontestável, 4 a 1, com direito a show de Jô, que marcou três vezes. O time atleticano teria que fazer uma pausa, pois a decisão do estadual se aproximava.

Bicampeão mineiro

O Atlético-MG realizou a decisão do campeonato contra seu maior rival, o Cruzeiro. Diferente da temporada anterior, em que a qualidade técnica do Galo sobrava diante do time azul celeste, as coisas foram mais equilibradas em 2013. Na primeira partida, vitória atleticana por 3 a 0, sem deixar qualquer margem para contestações. No jogo de volta, uma semana depois, a Raposa precisava vencer por três gols de diferença, fez 2 a 0 ainda no primeiro tempo, mas na segunda etapa, Ronaldinho Gaúcho converteu penalti e deu o título ao Galo.

Brasileiro e Libertadores, como administrar?

Dificilmente o Atlético conseguiria disputar duas competições tão importantes sem alterar a equipe. Após reunião da comissão técnica, ficou acertado que o time disputaria o Brasileirão com uma formação alternativa, e a Libertadores com o elenco principal. O Galo estreou no Brasileiro diante do Coritiba, com uma derrota por 2 a 1 no Paraná. Logo depois, viriam as partidas contra o Tijuana-MEX, aquele que pode-se considerar o adversário mais difícil da campanha alvinegra.

Depois de um 2 a 2 em Tijuana, a partida de volta terminou em 1 a 1, graças ao goleiro Victor, que fez uma grande defesa, e ainda pegou uma penalidade máxima cobrada por Riascos, aos 48 minutos da etapa final. O Galo se consolidava como favorito ao título. No Brasileiro, o time era alternativo e fazia uma campanha irregular, acumulando três derrotas, um empate e apenas uma derrota antes da parada para a Copa das Confederações.

Na volta do futebol brasileiro à ativa. O Atlético voltou vencendo o Criciúma por 3 a 2 no Independência. Depois viria a semifinal contra os argentinos do Newells Old Boys. Após derrota em Avellaneda por 2 a 0, o Galo contou com a garra, a presença do torcedor, e uma queda de energia suficiente para o técnica Cuca organizar o time. Resultado: os alvinegros devolveram o placar da Argentina e levaram a disputa para os pênaltis. Novamente Victor foi o herói defendendo a última cobrança de Maxi Rodriguez. O time atleticano chegava à final da Libertadores pela primeira vez em sua história.

Na final contra o Olímpia do Paraguai, derrota por 2 a 0 e a incerteza quanto ao título do torneio. Para piorar, a Conmebol tira a decisão do Estádio Independência e leva o jogo para o Mineirão. O número de torcedores seria bem maior, mas a mística da arena do Horto tomava conta dos atleticanos. Com o gigante da Pampulha lotado, o Galo devolveu o placar, 2 a 0, e levou à disputa para a prorrogação, que ficou no marcador sem gols. Nos pênaltis, brilhou a estrela de Victor, com uma defesa logo na primeira cobrança, e a trave na cobrança de Gimenez.

O Atlético-MG conquistava um título tão sonhado por seus torcedores e pela agremiação. Libertava-se de rótulos e apelidos desagradáveis. Silenciava à crítica e a torcida rival. Colocava o time em um lugar inédito em sua história de 105. Campeão da Taça Libertadores da América.

Segundo semestre

O segundo semestre do Atlético começou com o título da Libertadores, mas os tempos de glória terminariam por ali. O Galo perderia sua maior revelação nos últimos anos: o garoto Bernard deixaria o clube para jogar no futebol ucraniano pela bagatela de 22 milhões de euros (cerca de 74 milhoes de reais). O técnico Cuca começava o projeto Mundial de Clubes no Marrocos. Para isto, passou a trabalhar em conjunto com o preparador físico Carlinhos Neves e deixar os jogadores considerados titulares no melhor de suas condições para o torneio que se realizaria em dezembro.

A Copa do Brasil começou e terminou rapidamente para o Atlético. Após encarar seu algoz de outras épocas, o Botafogo, o Galo não conseguiu passar pelos cariocas, perdendo por 4 a 2 no Maracanã, e empatando no Independência por 2 a 2. Considerado pelo próprio técnico Cuca como prioridade do clube por não ter este título em sua sala de trofeus, os atleticanos deixavam escapar mais uma oportunidade de faturar um título inédito.

No Brasileirão, o Galo era irregular, sem conseguir dar uma sequência de jogos ao time titular, o Atlético perdia pontos, principalmente, fora de casa, o que deixava o torcedor e a crítica especializada descrente quanto ao rendimento do elenco em um torneio tão complicado quanto o Mundial de Clubes. O Atlético conseguia somar pontos dentro de casa. No Independência, os atleticanos eram quase imbatíveis. Mas, fora dos domínios do Horto, a irregularidade somada a deficiência técnica de alguns, resultaram em uma campanha vexatória. Apenas uma vitória em 19 jogos.

Por fim, a campanha terminaria com um empate diante do Vitória da Bahia por 2 a 2 no Independência. Até aquele momento, a cabeça dos atleticanos, agregando jogadores, comissão técnica, diretoria e torcida, estava no Marrocos.

Mundial para se esquecer

No dia 9 de dezembro, jogadores e comissão técnica embarcaram para Marrakesh, no Marrocos, onde finalmente iriam disputar o Mundial de Clubes da FIFA 2013. O técnico levava consigo o time titular na cabeça, mas também, uma proposta milionária do futebol chinês para comandar o Shandong Luneng. O treinador viajou com a oferta chinesa aceita e comunicou ao presidente atleticano Alexandre Kalil e aos jogadores que esta jornada seria à ultima de Cuca pelo Atlético-MG.

Ainda não se sabe, mas talvez esta notícia tenha abalado o grupo de jogadores, que entrou em campo diante do surpreendente Raja Casablanca, time anfitrião, com aparência desligada, sem garra, vontade ou jogando o mesmo futebol que encantou aos seus torcedores no primeiro semestre. O Galo acabou levando um baile técnico e tático dos marroquinos e perdeu por 3 a 1, deixando escapar o tão sonhado título. Na decisão do terceiro lugar, o Atlético encarou o Guangzhou Evergrande-CHN e venceu por 3 a 2, chegando ao terceiro lugar na competição.

Melhor jogo: Atlético-MG 1 x 1 Tijuana (MEX), quartas de final da Libertadores

O Atlético-MG havia empatado por 2 a 2 o jogo de ida das quartas de final da Libertadores, no México. Na volta, a equipe não fez uma brilhante partida e empatava em 1 a 1 até os 47 minutos do segundo tempo, quando Leonardo Silva cometeu pênalti em Riascos. Tudo perdido? Eliminação? Não para o goleiro Victor, que saltou no canto direito e ergueu a perna esquerda para defender a cobrança do mesmo Riascos. Idolatria ao goleiro atleticano. Mesmo sem ter jogado bem, o jogo ficará na memória do torcedor do Galo, pela emoção e façanha de Victor. A partir daí o time cresceu na competição até a conquista do título.

Pior jogo: Atlético-MG 1 x 2 Raja Casablanca (MAR), semifinal do Mundial de Clubes

O Atlético-MG queria enfrentar o Bayern de Munique (ALE) na tão sonhada decisão do Mundial, mas tinha de passar primeiro pelos marroquinos do Raja Casablanca. O Galo entrou nervoso e afobado, o que fez a atuação dos jogadores ser abaixo da média. O Raja, empurrado pela torcida, encaixou esquema tático que anulou os principais destaques atleticanos. Resultado: 3 a 1 para os donos da casa, que foram para a final pegar o Bayern. Sem dúvida foi a pior atuação em 2013, onde nada deu certo para o time mineiro.

Os melhores de 2013

Victor: Se tem alguém que possa ser considerado um herói no título da Libertadores, esta pessoa é o goleiro Victor. Além de defesas fantásticas, foi preciso na defesa de pênalti contra o Tijuana-MEX, batido por Riascos. E na disputa em penalidades contra Newell's Old Boys-ARG e Olímpia-PAR, defendendo um tiro da marca penal em cada jogo.

Jô: Foi o artilheiro da temporada atleticana com 18 gols, sendo oito deles pela Libertadores. A tabelinha entre ele e Ronaldinho Gaúcho só não deu certo no Mundial de Clubes, em compensação, o atacante conseguiu ser figura carimbada no time titular.

Diego Tardelli: Ele chegou e logo ocupou um vaga no ataque. Diego Tardelli era o nome que o torcedor atleticano tanto sonhava. Foi decisivo na Libertadores e um dos responsáveis pelo título.

Ronaldinho: Ele jamais poderia faltar. Calou os críticos mais ferrenhos, conquistou a torcida e foi o melhor do time em todas as competições que o clube disputou. Ronaldinho Gaúcho é gênio na bola e no carisma.

Os piores de 2013

Rosinei: Veio para resolver uma lacuna dentro do elenco. A de volante com boa saída de jogo. Entretanto, Rosinei não seria considerado titular, mas quando entrou também não justificou sua contratação.

Richarlyson: Ganhou a titularidade no campo, aproveitando a instabilidade de Junior César, mas Richarlyson também acabou não justificando a renovação de seu contrato no final do ano passado. É voluntarioso, mas não atuou bem quando precisou dele.

Alecsandro: Chegou para ser reserva e fazer sombra a Jô, mas acabou sendo uma figura quase nula dentro do elenco. Alecsandro fez sete gols no Campeonato Brasileiro, mas apenas isso.

Análise final

O melhor ano da história do Atlético-MG. Após o vice-campeonato brasileiro em 2012, o Galo manteve a mesma pegada para subir no lugar mais alto da América do Sul. Apesar da eliminação precoce no Mundial de Clubes, o ano de 2013 entrou para a história do clube. Com a saída de Cuca, o clube passará por uma reformulação. Paulo Autuori foi anunciado como novo treinador e tem o objetivo de seguir com o processo de evolução do Clube Atlético Mineiro.

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