O volante Ramires falou na tarde desta terça-feira (1) sobre a grande polêmica que envolve o Brasil na Copa do Mundo: a suposta instabilidade emocional dos atletas, que não contiveram as lágrimas durante a disputa de pênaltis contra o Chile, que classificou os brasileiros para as quartas de final do Mundial.

O tema, como já era de se esperar, dominou a entrevista coletiva concedida por Ramires e Fred na Granja Comary. Tal como todos os jogadores que se pronunciaram sobre o assunto, o volante, que entrou no segundo tempo da partida contra o Chile, acredita que esse não é um problema.

O jogador acredita que o assunto veio a tona justamente pelas lágrimas derramadas por alguns jogadores. Para demonstrar que o choro em momentos importantes como o passado no último sábado (28), Ramires recorreu a principal conquista de sua carreira: a UEFA Champions League da temporada 2011/12, pelo Chelsea, que também veio nos pênaltis.

"Isso (a suposta instabilidade emocional dos brasileiros) tem sido muito comentado. Foi uma emoção diferente contra o Chile, já passei por isso numa final de Liga dos Campeões, já vi jogadores muito mais experientes chorando. É a emoção normal de um jogo que vai para os pênaltis. Tivemos uma conversa antes de a Copa começar com a Regina (psicóloga da Seleção). O que a gente passou contra o Chile vai servir de motivação", afirmou.

Sobre o trabalho com a pisicóloga para disputas desse tipo, ele afirmou: "Não conversamos com ela. Isso faz parte do futebol. Ir para uma disputa de pênaltis, alguém vai ter que ganhar. Não pode criar uma coisa que não tem. A gente tem outro jogo, é um jogo diferente. Podemos ganhar em 90 minutos. Mas se precisar ir para os pênaltis, todos estão tranquilos. Todos estavam confiantes para bater e que passaríamos. Um ou outro se emociona um pouco mais pelo fato de querer passar para a próxima fase. É conversa normal de grupo para melhorar e tentar vencer nos 90 minutos".

A atuação da Seleção foi aprovada pelo jogador: "Brasil jogou bem, Chile jogou muito bem. O adversário vem preparado para jogar contra a gente, cresceram bastante, jogam em grandes equipes, estavam fazendo uma boa Copa do Mundo", acredita. "O nível dos adversários está muito elevado. Não é pelo fato de sermos a seleção brasileira que vamos ganhar o jogo. Ganhar uma Copa no Brasil é tudo o que os adversários querem", concluiu.

Quando perguntado se o Brasil está preparado para uma nova disputa por pênaltis, ele tranquilizou os torcedores: "Se vier outra decisão assim, estaremos muito mais preparados. Se passamos pelo Chile, é porque estávamos preparados. Foi a emoção pela partida. Jogar 90 minutos, prorrogação, pênaltis, muito calor, mais de 200 milhões de torcedores na torcida. O time está preparado para lidar com essa questão emocional dentro e forado campo", acredita.

A partida contra o Chile levou o seu companheiro de posição, Luiz Gustavo, a suspensão automática pelo segundo cartão amarelo, deixando Ramires como um dos prováveis substitutos para a próxima partida: "Não sei o que o Felipão vai fazer. Luiz Gustavo dá segurança aos zagueiros. Ele faz muito bem, marca bem, dá estabilidade ao time. Temos outros jogadores que podem fazer. Estamos esperando o que o professor fará. Estamos nos preparando para entrar e fazer o que ele espera", declarou.

Ele ainda aproveitou para falar sobre a confiança passada pelo treinador brasileiro Luiz Felipe Scolari: "O Felipão nos motiva bastante. Ele percebe quando um jogador se abate no jogo e não rende. Depois, ele nos chama e passa confiança, colocando o jogador para cima, para que o jogador possa voltar a apresentar seu melhor futebol. Se ele convocou esses 23 jogadores, é sinal que ele confia em todos. Não é uma partida que vai fazer ele mudar o pensamento sobre um jogador".

E ainda falou de fé: "Todo mundo tem fé. No futebol precisamos de sorte, mas não podemos contar só com ela. Temos que trabalhar e procurar dar seu melhor dentro de campo".

O Brasil enfrenta a Colômbia na próxima sexta (4), pelas quartas de final da Copa do Mundo, no Estádio do Castelão, em Fortaleza. O duelo entre brasileiros e colombianos também coloca frente a frente dois jovem craques: do lado dos donos da casa, a estrela é Neymar. Pelos colombianos, quem decide é James Rodríguez. Os dois jogadores ganharam a avaliação de Ramires.

"O Neymar é o nosso craque. Quando precisamos, ele chama a responsabilidade. Chamou naquele momento, teve tranquilidade e cobrou com muita personalidade. Depois ainda abraçou o Julio e passou confiança. Ele também é importante por isso. Na hora que precisamos, ele sempre está lá para ajudar a Seleção", afirmou sobre o craque brasileiro.

Já sobre o colombiano, ele declarou: "Já tinha visto o James jogar no início no Porto e percebido a qualidade dele. Agora, ele está fazendo uma excelente Copa. É o craque da Colômbia. Temos que ficar de olho. Se a Colômbia vai ficar atenta ao Neymar, vamos ficar de olho nele, que já tem cinco gols na Copa do Mundo", concluiu.