Neste sábado (12), Brasil e Holanda entram em campo para encerrar suas participações na Copa do Mundo de 2014, mas não da forma que gostariam: decidirão o terceiro lugar da competição após terem sido eliminados por Alemanha e Argentina, respectivamente, na fase semifinal. Enquanto a Canarinho sofreu uma catastrófica derrota de 7 a 1 para os alemães, a Oranje, após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, sucumbiu diante dos argentinos na disputa de pênaltis.

O encontro entre os técnicos Luiz Felipe Scolari e Louis van Gaal, que trocavam farpas entre si desde a fase de grupos, será um atrativo a mais para o duelo a ser disputado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Durante a fase de grupos, Van Gaal insinuou que o Brasil estava sendo favorecido pela Fifa devido aos horários dos jogos da última rodada do primeiro estágio. A Holanda, integrante do Grupo B, jogaria às 13h do dia 23 de junho, enquanto o Brasil, cabeça-de-chave do Grupo A, entraria em campo às 17h da mesma data. Após afirmar que a Seleção Canarinho "teria a possibilidade de escolher o adversário das oitavas", o treinador dos Países Baixos foi chamado de "burro ou mal intencionado" por Felipão.

E não para por aí: depois das oitavas de final, Scolari ironizou a classificação holandesa ao dizer que "em todos os jogos das oitavas, nenhum tinha sido decidido por conta de um pênalti mal assinalado", referindo-se à penalidade marcada sobre Robben no confronto com o México e que isso foi com "uma certa equipe que desconfiava favorecimento ao Brasil", numa clara indireta ao comandante neerlandês, que, inclusive, já teve muito atrito com jogadores brasileiros.

"Ele é o Hitler dos jogadores brasileiros. É arrogante, soberbo, tem algum problema. Minha convivência com ele foi péssima. Ele não queria brasileiros com ele, brigou comigo, me mandou embora e também brigou com Rivaldo e o Sonny Anderson. Ele sempre dava a desculpa que estávamos treinando mal", disse o ex-meia-atacante Giovanni, há quatro anos, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Felipão deve fazer mudanças na Seleção Brasileira

O último treino dos comandados de Felipão na Granja Comary, reduto do selecionado brasileiro durante o Mundial, foi realizado nesta sexta-feira (11) e foi o indício de que novidades devem surgir na escalação da Amarelinha para o embate com os europeus na capital federal.

No trabalho tático em campo reduzido, o time titular foi escalado da seguinte maneira: Júlio César; Maicon, Henrique, David Luiz, Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires, Oscar, Willian; Jô. O 4-3-3 ofensivo dos primeiros seis jogos deu lugar ao cauteloso 4-5-1. Fernandinho, Hulk, Bernard e Fred, titulares contra a Alemanha, começaram o treinamento entre os reservas.

Seleção Brasileira fez seus últimos trabalhos em Teresópolis-RJ na manhã desta sexta-feira (Foto: Mário Farache/Mowa Press)

Suspenso da semifinal por ter acumulado dois cartões amarelos entre a fase de grupos e as quartas de final, o zagueiro Thiago Silva está apto para retornar aos gramados, mas não treinou com o restante do grupo por ter feito um trabalho físico à parte. Ainda assim, não preocupa para o último compromisso da Seleção Brasileira como anfitriã da Copa.

Depois das atividades praticadas na manhã desta sexta-feira (11), a delegação deixou a cidade de Teresópolis no início da tarde rumo à cidade do Rio de Janeiro. De lá, embarcou para Brasília, local da partida contra a Holanda. O atacante Neymar, que ainda se recupera de uma fratura na vértebra sofrida na partida contra a Colômbia, se juntou ao restante do plantel somente para acompanhar o jogo. Nesta quinta-feira (10), ele deu sua primeira entrevista coletiva após a lesão.

Na coletiva pré-jogo, Luiz Felipe Scolari evitou falar sobre o seu futuro no selecionado nacional e defendeu seu trabalho à frente da equipe, julgando não ter sido ruim apenas por causa de um resultado vexatório.

"Não posso ver somente o resultado de um jogo. Se o trabalho é bom, não é uma fatalidade que muda. Não vejo como negativo o trabalho, a não ser o resultado que foi catastrófico, de 7 a 1. Se tivéssemos perdido por 1 a 0, não seria catastrófico, mas não teríamos chegado na final. Não temos de nos envergonhar de nada. Temos do 7 a 1, porque nunca tínhamos levado, mas precisamos nos orgulhar pelas coisas boas também", justificou o comandante.

Pelo lado da Holanda, Louis van Gaal faz mistério

Polêmico durante todo o torneio, o técnico holandês Louis van Gaal, que deixará o comando da seleção de seu país após a Copa para assumir o clube inglês Manchester United, declarou após a derrota para a Argentina na disputa de penalidades máximas que nunca foi a favor da realização da disputa do terceiro lugar. Para ele, é uma partida desnecessária e o fato de seus comandados terem menos tempo de preparação em relação ao adversário é injusto.

Depois de afirmar que não vê sentido na briga pelo terceiro posto, Van Gaal declarou que buscou um novo objetivo para animar o grupo dos Países Baixos na sua última tarefa em território brasileiro e já o encontrou: sair da Copa do Mundo de forma invicta, feito ainda inédito para a seleção.

"Viemos para cá com um objetivo. E tínhamos a esperança e fé que iríamos conseguir isso. Podemos não ser a melhor equipe em qualidade, mas somos a equipe mais difícil de se vencer. Agora, queremos o terceiro lugar e a marca de sair desta Copa sem perder nenhum dos sete jogos", afirmou o comandante, levando em conta que os jogos contra Costa Rica e Argentina terminaram empatados no tempo normal e na prorrogação e foram decididos somente nos pênaltis.

A delegação da Laranja Mecânica saiu de São Paulo, onde enfrentou a Argentina, na noite da última quinta-feira (10). Nos treinamentos desta sexta-feira (11), no palco do confronto, não houve pistas de como será o time titular para amanhã, mas o treinador garantiu que levará o lado psicológico dos atletas em conta na hora de montar a formação.

"O espírito nesta hora é mais importante e é mais forte que o corpo. Vou entrar em campo com a equipe que estiver melhor mentalmente preparada. Temos um dia a menos que o Brasil para se preparar e isso faz diferença. Por isso a mente é mais importante agora", explicou Louis van Gaal.

Brasil e Holanda se enfrentarão pela quinta vez na história das Copas do Mundo

Em toda a história, Brasil e Holanda se enfrentaram 11 vezes e o retrospecto é bastante equilibrado: três vitórias para cada lado e cinco empates. O equilíbrio também se reflete no número de gols marcados: cada seleção balançou as redes em 15 oportunidades.

Em Copas do Mundo, brasileiros e holandeses se encontrarão pela quinta vez. O primeiro compromisso foi válido pelo Grupo A da segunda fase da Copa do Mundo de 1974, realizada na Alemanha, e teve a Oranje como vencedora: 2 a 0, gols de Neeskens e Cruyff. O Carrossel Holandês foi derrotado pelos anfitriões na grande decisão e a Canarinho perdeu a decisão do terceiro lugar para a Polônia.

Vinte anos depois, os selecionados se reencontraram nos Estados Unidos, desta vez na fase de quartas de final. E foi o Brasil quem saiu vencedor: saiu em vantagem com Romário e Bebeto e sofreu o empate com Bergkamp e Winter, mas chegou à vitória com Branco, já nos instantes finais. O triunfo embalou os comandados de Carlos Alberto Parreira rumo ao tetracampeonato mundial.

No Mundial de 1994, num jogo dramático, o Brasil venceu a Holanda graças a um gol de falta de Branco (Foto: Divulgação)

Em 1998, na França, mais um duelo emocionante: Ronaldo colocou a Amarelinha à frente no marcador, mas Kluivert deixou tudo igual na reta final. O empate persistiu na prorrogação e a estrela do goleiro Taffarel brilhou nos pênaltis. Com a vitória por 4 a 2, a Seleção Brasileira caminhou para mais uma decisão e foi atropelada pela dona da casa: 3 a 0. Na decisão do terceiro lugar, os Laranjas foram derrotados pela sensação daquele Mundial, a Croácia, por 2 a 1.

Na África do Sul, há quatro anos, Brasil e Holanda disputaram uma vaga na semifinal. Os sul-americanos saíram na frente com Robinho, mas viram Felipe Melo ser expulso e Sneijder marcar dois gols para levar a Oranje à fase seguinte. Nela, os europeus eliminaram mais um selecionado sul-americano, o Uruguai, ao vencerem por 3 a 2 e foram derrotados pela Espanha, compatriota continental, pelo placar mínimo na prorrogação da decisão.

Portanto, às 17h deste sábado (12), as seleções ficarão frente a frente pela quinta vez numa Copa do Mundo. Já é um dos confrontos que mais se repetiram na história da competição. No topo está Brasil x Suécia, que já foi realizado sete vezes - uma delas pela final da edição de 1958, vencida pelos brasileiros, contra os anfitriões daquele ano. No próximo domingo (13), no Maracanã, palco da grande decisão, Alemanha e Argentina se enfrentarão pela sétima vez e, sendo assim, empatarão com Brasil x Suécia na ponta da lista dos duelos mais repetidos da história das Copas.