Mano Menezes ficou extremamente animado com a ótima vitória do Corinthians sobre o Goiás por 5 a 2, na noite desta quinta-feira (21), na Arena Corinthians. Em entrevista coletiva após a goleada, o técnico comemorou o resultado, a posição na tabela e a atuação da equipe, definida por ele como a melhor dos alvinegros no Campeonato Brasileiro de 2014.

“Como iniciativa ofensiva, controle do jogo e proposição do que vocês têm cobrado, foi a melhor partida do Corinthians no campeonato. Foram cinco gols. Fizemos o que achamos que estava certo naquela hora. Você tem o momento do jogo, imagina isso e cobra uma justiça que acha que estava certa naquela hora” analisou o comandante.

Um dos fatores que mais agradou Mano Menezes foi a quantidade de jogadas ofensivas criadas pela equipe, que finalizou 24 vezes ao gol goiano. Em comparação, o Goiás arrematou onze vezes em direção à meta alvinegra.

“O Corinthians foi amplamente superior ao Goiás, concluiu 12 vezes no primeiro tempo. Não foi sem qualidade. O Renan havia feito três defesas muito boas. Foram mais 13 vezes no segundo tempo. Isso foi o dobro do que o Goiás concluiu no jogo” continuou.

A atuação ofensiva certamente agradou ao torcedor alvinegro, que não via sua equipe marcar cinco gols na mesma partida desde a vitória por 5 a 0 sobre o Oeste, ainda no Campeonato Paulista de 2013, e que marcou a estreia de Alexandre Pato, hoje no São Paulo, com a camisa do Timão. Apesar do bom resultado, Mano ponderou os erros defensivos da equipe e não confirmou se a postura daqui para frente será de atacar os adversários.

“A partida é bem elucidativa sobre o que sempre falamos. Para ter mais algumas questões ofensivas, para ter produção maior, você tem que correr mais riscos defensivamente. Hoje valeu a pena. A equipe colocou superioridade no jogo. Se você dá essa condição as vezes para outro adversário, ele impõe uma condição que não te deixa dominar. Aí tem de repensar” comentou.

No intervalo, quando o placar estava empatado em 1 a 1, Mano Menezes tirou o paraguaio Romero e lançou Luciano na equipe. Com três gols, o atacante foi fundamental para a vitória corinthiana e bastante elogiado pelo técnico.

“A alteração do intervalo foi tática, de sistema. Eu estava matando o Jadson tendo de acompanhar o lado esquerdo, a passagem do lateral. A falta de recomposição em cima do David estava dando liberdade excessiva para o Goiás jogar. Aí você não consegue retomar a bola. Luciano pelo lado, com Jadson ao centro, no sistema 4-2-3-1, nos deu melhor condição no segundo tempo para continuarmos criando e construirmos a vitória. Eu enxerguei melhor, e o Sidnei (Lobo, auxiliar) dirigiu melhor lá de baixo” analisou.

A ótima atuação, entretanto, não garante Luciano entre os titulares, afirma Mano: “O Luciano entrou bem no jogo. O mais importante é fazer bem a função. O fato de fazer três gols influencia diretamente no placar, principalmente com a equipe que estava tendo dificuldade. Logicamente eu levo em consideração, independentemente do nome, mas não é certo”.

Suspenso por 180 dias pelo STJD, Petros estava de fora da partida até horas antes da bola rolar, quando o departamento jurídico corinthiano conseguiu um efeito suspensivo que o habilitaria para o confronto. Apesar da decisão do Tribunal, Mano manteve o time que treinou durante a semana e o meio-campista sequer foi relacionado. Perguntado sobre uma possível volta do camisa 40 ao time titular até o novo julgamento, o técnico disse que essa não é uma decisão simples.

“Exigi demais do Petros no jogo contra o Bahia. Tudo o que aconteceu nos últimos dias mexeu bastante com a cabeça do jogador. Também tenho de cuidar em relação à arbitragem, porque a gente conhece como essas coisas funcionam, influenciam nas próximas arbitragens. Não quero expô-lo porque não quero prejudicar a equipe. Vou levar isso em consideração, conversar bastante com ele. Sei que houve o esforço do jurídico, mas eu, como comandante, tenho de pesar tudo. Não posso prejudicar a equipe em função de algo individual” finalizou.

Confira outros trechos da coletiva de Mano Menezes após a goleada sobre o Goiás.

Crescimento de Luciano

No futebol talvez seja o lugar onde isso acontece com intensidade maior: sair de herói para vilão e vilão para herói. Ele é muito jovem, está amadurecendo. Teve um início avassalador no Paulista, e naturalmente, como a história ensina, veio a primeira queda, um pouco de falta de foco. Tive de tirar, mostrar o caminho de novo. O fato de ele ter voltado a trabalhar, treinar muito forte, fez com que ele voltasse a merecer as oportunidades. Ele é um goleador nato. A bola vai nele. Se nós olharmos o jogo que não vencemos contra o Bahia, ele deve ter jogado 25 minutos e teve duas chances claras de gol. É mérito dele. Está mais maduro, cuidando mais do posicionamento. Não querer fazer tudo ao mesmo tempo, fazer coisa fora da posição. A equipe também ajudou muito”.

Importância de Elias

“Apesar da fama, eu gosto que o volante entre na área (risos). O Elias é um jogador completo. Muito mais maduro hoje, como profissional. Na primeira passagem, em determinados momentos, tivemos de chamar mais. Hoje ele se coloca como um jogador que precisa passar experiência para os outros. É mais experiente dentro do jogo porque chega na frente. Por ser oriundo da função de atacante, ele sabe por onde a bola passa. É muito difícil que você consiga fazer o volante chegar tantas vezes à frente fora de casa. Se deixarem fazer, vamos fazer. Mas lá no Sul o posicionamento do meio-campo do Grêmio vem com três jogadores por dentro. É outro tipo de movimentação”.

Erros defensivos que geraram os gols do Goiás

“Trabalhamos com encurtamento, posicionamento, com linha de quatro. Não com linha de impedimento. Tínhamos um jogador na primeira bola, um pouco atrás, porque o Gil deu o combate no centroavante. Ele adiantou, e a bola espirrou no jogador do Goiás, que foi muito competente. Ele saiu em cima da linha do nosso último defensor. São lances justos. Competência deles. Não é possível marcar tudo. Temos um jogador novo. É sem entrosamento, sem ter entrado nenhum minuto anteriormente. Já muda a característica do jogador. Você precisa repetir isso. Na bola parada, um jogador deu condição ao Goiás. Mas é importante ressaltar: os adversários observam o que você faz e tentam criar situações novas no nosso posicionamento defensivo. Temos de estar atentos, não relaxar nunca. Quando batem na bola, temos de entrar, porque ali não tem mais impedimento”.

A estreia de Anderson Martins

“Não vou comparar com o Cléber. Ele fazia parte até o jogo passado da melhor defesa do Campeonato Brasileiro. As características do Anderson são diferentes. A saída de bola é mais tranquila. Temos um jogador pela esquerda com facilidade para fazer isso. Invertemos o Gil, que é um jogador destro. Vimos essa bola sair com mais qualidade pelo chão, é um jogador que trabalha com os dois pés com a mesma facilidade. O Anderson foi bem. Todos os jogadores foram bem. Tenho poucos reparos a fazer em relação à equipe”.

O reencontro com o Grêmio e Felipão

“Jogar contra o Grêmio, pra mim, nunca vai ser normal. Faz parte da minha história. Além de termos vivido quase três anos juntos, vivemos coisas muito intensas. A mais intensa de todas a final da Série B nos Aflitos. Existe um respeito e uma consideração mútua. Isso faz que com que, sempre que você se encontra, essas questões se renovem. É Grêmio contra Corinthians, e não deixo questões fora disso serem passadas para a equipe. Sempre é difícil jogar lá. Temos de ter muita força e muito jogo para tentar manter essa nossa produção fora de casa que conseguimos até agora. Não fico planejando essas coisas (abraçar Luiz Felipe Scolari). Temos boas horas até o jogo de domingo em Porto Alegre. Meu respeito por todos os técnicos, meus colegas de profissão, é o mesmo. Respeito a todos. Se as coisas acontecerem com normalidade até lá, vamos nos cumprimentar sim”.

Sobre sua expulsão no jogo desta quinta-feira

“Eu não passo o jogo inteiro gesticulando para a arbitragem, mas sim para os jogadores. Hoje eu reclamei de dois lances. Isso não pode ser considerado todo o tempo. Reclamei quando o Renan deu um tapa na bola, e ela foi pela linha de fundo. O estádio todo viu. Eu estava certo e reclamei. No segundo que reclamei, foi o lance do gol. Eu estava errado, assim como a arbitragem estava no primeiro. É natural do jogo. Eu vi várias atitudes assim durante a Copa do Mundo. No dia em que vocês ficarem ali naquele quadradinho, sendo responsáveis por tudo que o técnico é, vocês vão entender isso. Se você exagera, o árbitro o retira dali. Faz parte. O árbitro entendeu que eu deveria ser expulso, ele está ali para isso”.

Fim da fama de “Robin Hood”?

“Ainda não, e o Goiás está no meio da tabela. Precisamos ser mais duros com aqueles que estão em colocação inferior na tabela. O campeonato não se decide só contra essas equipes. É de pontos corridos justamente por isso, para se fazer justiça com uma performance de 38 rodadas. O que estamos tentando fazer é isso. Vamos a Porto Alegre enfrentar um adversário dificílimo na sua casa. Os pontos de lá têm a mesma importância de hoje. O importante é a equipe construir confiança. Isso só acontece vencendo. É muito difícil sair duas vezes atrás, vindo de um empate dentro de casa contra o Bahia. A equipe teve maturidade para isso e competência. Você vai amadurecendo aos poucos. Em situações como essa, você ganha muito em amadurecimento”.

Movimentação dos atacantes

“A equipe toda precisa, quando o Guerrero sai para o lado, entender a movimentação complementar. Isso cabe mais aos meias do que a outro atacante. Ele naturalmente vai entrar na área, mas é pouco. Precisamos ver Jadson, Renato, Elias... Como fez o gol e obrigou o Renan a fazer uma defesa espetacular. A equipe vai criando confiança. Com repetição e entrosamento, vai fazendo outros jogadores saberem o que fazer a cada momento. Hoje não faltou outro jogador dentro da área. Trabalhamos com isso. Eu já havia insistido muito nisso. Estava faltando nos outros jogos. Arriscar com segurança, sabendo que tem respaldo para fazer”.

Variação de formação durante a goleada

“Não vejo o jogo com três partes tão distintas. Se olharmos no primeiro tempo, quando concluímos 12 vezes com qualidade, e no segundo tempo 13... Não posso dizer que foram três partes do jogo. Foram três formações, mas isso é normal para um jogo de futebol. Os jogadores de um grupo qualificado estão ali para isso. Você tem de ter variações para jogar, e também de características de jogadores. Se demorássemos mais para fazer a virada, talvez fizesse outra alteração para buscar. O jogo ficou sob controle, da maneira como estávamos jogando. Somando informações reservadas sobre o estado de cada atleta, as vezes desgaste maior ou menor... Penso que o Corinthians foi bem durante os 90 minutos. Foi a melhor produção ofensiva no Brasileiro deste ano”.