Brasil e Argentina não conseguiram o título da Copa do Mundo de 2014, mas apresentaram futebol distinto durante o torneio. Agora, com novos comandantes, as duas equipes iniciam uma nova fase e promovem mudanças em seus planteis. Na manhã deste sábado (11), as duas equipes de maior rivalidade da América do Sul entram em campo em Pequim, para a disputa do torneio Superclássico das Américas.

O Brasil tenta, aos poucos, apagar a vexatória participação na última Copa do Mundo, disputada em sua casa, onde foi eliminado nas semifinais por um histórico 7 a 1 para a Alemanha. Para isso, Marín e a cúpula da CBF optaram pela saída de Felipão e a volta de Dunga ao comando técnico da seleção mais vitoriosa da história das Copas. Depois de seu retorno, Dunga obteve duas vitórias diante Colômbia e Equador pelo placar mínimo nos Estados Unidos, relembrando seu estilo pragmático de futebol.

Já a Argentina carrega menos pressão em suas costas. A campanha na Copa do Mundo culminou em um vice-campeonato muito lamentado pelos jogadores, por conta de um gol sofrido na prorrogação diante a Alemanha. Todavia, o orgulho argentino foi grande e milhares de torcedores receberam os jogadores após o segundo lugar.

A morte de Julio Grondona e o desgaste da Alejandro Sabella com cartolas argentinos culminou na saída do técnico. Gerardo Martino, de passagem apagada no Barcelona, foi o escolhido a dar continuidade no trabalho de Sabella. Na sua estreia e único jogo no comando da Albiceleste, conquistou uma vitória convincente diante a Alemanha, atual campeã do Mundo, por 4 a 2.

O jogo deste sábado é o centésimo encontro das duas seleções em jogos oficiais. Recentemente, a primeira partida entre os dois completou cem anos: o primeiro Brasil x Argentina aconteceu no dia 20 de setembro de 1914.

No último jogo entre as seleções, a Argentina venceu o Brasil por 2 a 1 na Bombonera. O jogo foi para os pênaltis, já que o Brasil havia vencido pelo mesmo placar no Serra Dourada. O Brasil venceu por 4 a 3 e conquistou o Superclássico das Américas de 2012. Ambas as equipes eram formadas somente por jogadores que atuavam no futebol local dos dois países.

Três meses antes, quando puderam colocar sua força máxima em campo, a Argentina venceu o Brasil por 4 a 3 em New Jersey, com três gols de Messi. Nas duas ocasiões, o Brasil ainda era comandado por Mano Menezes. De 98 jogos disputados na história dos confrontos, o Brasil venceu em 38 oportunidades, a Argentina 36 vezes e houve 24 empates.

Dunga treina bolas paradas e surpreende com Elias entre titulares

O último treino dos comandados de Dunga foi realizado nesta sexta-feira (10), com grande destaques às bolas paradas. Durante essas atividades, o técnico pediu a retirada de câmeras e fotógrafos do treino. Na primeira parte da movimentação, treinou a bola parada defensiva e a velocidade no contra-ataque, características de sua primeira passagem na seleção.

Em um segundo momento, treinou as bolas paradas ofensivas com Willian e Oscar. Os dois gols saíram dessa maneira nessa segunda passagem de Dunga. Contra a Colômbia, Neymar bateu falta no ângulo. Diante o Equador, uma bela triangulação ensaiada entre Oscar, Neymar e Willian resultou no gol do último.

Em relação a equipe que enfrentou o Equador no último amistoso, duas mudanças ocorreram: David Luiz no lugar de Marquinhos, na defesa, e Elias na vaga do cortado Ramires, como segundo volante.

Neymar está confirmado como titular para o clássico (Foto: Divulgação / CBF)

A Seleção Brasileira sofreu com lesões após a convocação de Dunga. Devido a uma contusão do goleiro Jefferson na partida do Botafogo contra o Santos, Marcelo Grohe, goleiro do Grêmio, foi chamado para integrar o elenco. Entretanto, Jefferson permaneceu no grupo, se recuperou a tempo, e será titular diante a Argentina. Já Ramires, devido a um problema muscular, foi cortado. O volante Souza, do São Paulo, foi chamado para o substituir.

Na coletiva pré-jogo de Dunga, o comandante campeão do mundo em 1994 lamentou as lesões: "Atrapalha por não haver trabalho contínuo. Houve muitos jogadores machucados nessa convocação. Além disso, os jogadores chegarem aos poucos atrapalha pela distância, pelo fuso horário e não pegamos o jogador 100%."

Indagado sobre sua preferência pessoal entre Neymar e Messi, o técnico brasileirou fugiu da pergunta e comentou: "Vemos a cada jogo, a cada ano, a qualidade de cada um deles. São jogadores fantásticos. É um jogo sempre muito disputado, nunca se sabe o que vai acontecer, não há uma chave para o jogo. Vai depender do momento, eu acredito na qualidade técnica dos jogadores. A equipe que conseguir colocar isso em prática vai levar vantagem."

Martino esconde escalação e Roberto Pereyra pode ser a surpresa

Diferentemente de Dunga, Gerardo Martino não confirmou a escalação da Seleção Argentina para o confronto desse sábado. No último treino, realizado nessa sexta-feira (10), Roberto Pereyra foi a surpresa no coletivo realizado na primeira parte das atividades. O meia da Juventus (ITA), emprestado pela Udinese, atuou à frente de Mascherano, e ao lado de Javier Pastore. No fim da atividade, houve treino de bolas paradas.

Indagado pelos jornalistas sobre sua escalação, Gerardo Martino, em bom humor, confirmou somente Messi entre os titulares. Todavia, deixou uma explicação para a possível saída de Lamela do escrete: "A escalação está clara para a partida. Estamos trabalhando com uma nova estratégia e tomamos uma decisão. Messi teve um pequeno problema, mas está perfeitamente em condições de jogo. O Lamela foi afetado pelo fuso-horário e pelo clima local".

Caso mantenha a mesma equipe do último coletivo realizado antes do jogo, Tata Martino enfrenta o Brasil com algumas alterações em relação à equipe que venceu a Alemanha. Promoveria algumas mudanças no meio-campo: Enzo Pérez daria vaga a Messi, poupado naquele jogo. Lamela, por conta dos imprevistos, seria substituído por Javier Pastore. Já Roberto Pereyra seria testado no lugar de Lucas Biglia, segundo volante titular naquela partida.

O treinou contou com grande presença de torcedores chineses. Cerca de 700 pessoas, segundo o Diario Olé, acompanharam as atividades no estádio. Messi e Marcos Rojo foram os mais assediados durante as movimentações. Os chineses se arriscaram a cantar canções argentinas, evidenciando o fanatismo.

Embora aos poucos vá implementado seu estilo de jogo de mais posse de bola à Argentina, Gerardo Martino pouco surpreendeu em sua convocação. Carlos Tévez, que permanece em ótima fase na Juventus, segue de fora. Para ajudar na transformação de estilo de jogo, o goleiro Nahuel Guzmán, o lateral-esquerdo Leonel Vangioni e o volante Éver Banega, que trabalharam com Martino no Newell's, foram chamados.

Martino analisou a equipe de Dunga, mas não comentou qual pode ser o padrão de jogo argentino no Superclássico: "Taticamente pensamos que o Brasil vai nos enfrentar com o 4-3-2-1. Se Neymar jogar pelas pontas, toda a estrutura do Brasil poderá mudar. Depois da Copa do Mundo, o Brasil mudou taticamente e isso pôde ser visto no duelo contra o Equador. Eles querem jogar no contra-ataque usando jogadores rápidos e estamos atentos a isso".