Apesar do bom aproveitamento do Clube Atlético Paranaense em alguns momentos do futebol geral, o ano de 2014 não foi dos melhores. Passou pelo Campeonato Paranaense sem deixar muitos rastros, disputou uma vaga pela Libertadores e conquistou com méritos e muito esforço esta vaga. E, apesar de um forte sentimento de uma forte expectativa para com o time devido ao bom ano de 2013, a temporada termina com um retrospecto não muito animador para o rubro-negro paranaense.

Na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro, principais campeonatos nacionais, o Atlético-PR deixou muito a desejar. Além disso, a equipe sofreu para manter um padrão de jogo após a saída de algumas peças chave do elenco, além do treinador Vagner Mancini no final da temporada de 2013. Ainda, sem deixar de mencionar que o time atleticano ficou boa parte das competições jogando fora da Arena da Baixada, devido à Copa do Mundo. Nesta retrospectiva, confira em detalhes o que rolou sobre o ano de 2014 do rubro-negro paranaense. 

Com planejamento semelhante a 2013, Atlético-PR disputa o Campeonato Paranaense com equipe Sub-23

Após chegar à final da Copa do Brasil 2013, sendo disputada contra o Flamengo, e conquistar no Campeonato Brasileiro uma das vagas à fase da Pré-Libertadores da América, o Atlético Paranaense resolveu manter a mesma linha de planejamento já utilizada a algum tempo. Por ser um clube de formação de atletas, a primeira informação que veio à tona era sobre o campeonato estadual, o qual novamente, segundo a diretoria do clube, seria disputada com as categorias de base. A pré-temporada atleticana começou com o retorno do time aos treinamentos e alguns desfalques no elenco. Além da saída do treinador Vágner Mancini no final de 2013, outras foram as perdas do elenco, sendo alguns jogadores titulares e responsáveis ao acesso à série A, até mesmo pela boa campanha do ano anterior.

Contudo, apesar dos bons trabalhos, uma discussão entre Mancini e o presidente atleticano, Mario Celso Petraglia resultou no desligamento do treinador. Com isso, o técnico Miguel Ángel Portugal foi quem assumiu o comando do elenco. Para ingressar os trabalhos, o time teve muitas dificuldades para trabalhar e para se adaptarem aos trabalhos do novo comandante. O primeiro anúncio de saída foi dado após perder a Copa do Brasil para o Flamengo, no Maracanã. Não seria renovado o contrato com Paulo Baier. Depois vieram as notícias: o lateral-direito Léo e o meio-campista Everton estavam na mira do próprio Flamengo. Os dois eram os principais jogadores que movimentavam a equipe atleticana e criavam as melhores oportunidades do jogo. O atacante Dellatorre foi outro jogador a deixar temporariamente o elenco, sendo emprestado ao Queens Park Rangers, em janeiro.

Derrota no estadual e eliminação na Copa do Brasil 

Após a forte campanha sobre as mudanças do calendário desportivo, o Campeonato Paranaense de 2014 adotou uma nova fórmula, sendo bem diferente do anterior. Primeiro, os doze times se enfrentaram durante um turno completo, sendo que apenas oito equipes seriam classificadas para o mata-mata decisivo. Os quatro melhores que se conquistassem a classificação, disputaram o segundo jogo do mata-mata em casa. Em caso de empate, a regra determinava a decisão nos pênaltis.

Para o Atlético-PR, a mudança no regulamento não favoreceu. Mesmo que em muitos jogos o time-base tenha conseguido fazer bons jogos, os atleticanos encontraram pela frente equipes bem montadas e preparadas, e que a algum tempo já vinham trabalhando duro e surpreendendo no campeonato. Os finalistas da competição, por exemplo, Londrina e Maringá, foram as principais surpresas.

Jogar o Campeonato Paranaense com a equipe sub-23, no entanto, revelou alguns reforços para seguir na temporada. Alguns jogadores como Marcos Guilherme, Hernani, Nathan e Léo Pereira ganharam força no elenco e espaço no time principal. O time no campeonato estadual era totalmente formado pela categoria de base.

Enquanto a base jogava o estadual, o foco do elenco principal estava voltado a conquistar uma das vagas no mata-mata da Libertadores da América e ainda seguir vivos na Copa do Brasil. Sob o comando de Leandro Ávila, que entrou para substituir o técnico Doriva e com o primeiro jogo sendo considerado relativamente fácil, o Atlético-PR entrava em campo de certa forma, subestimando o adversário. Com o primeiro jogo marcado para agosto, contra o América-RN, os paranaenses perderam fora de casa, na Arena das Dunas por 3 a 0, mas ganharam o jogo de volta na Arena da Baixada, por 2 a 0. Mesmo assim, o resultado não foi suficiente e o time rubro-negro foi eliminado da competição. O foco se voltou para o Campeonato Brasileiro após a eliminação.

Sob um comando fraco e jogos sofridos, a vaga na Libertadores premiou ao Atlético-PR, que não soube aproveitar

Após conquistar a vaga na fase preliminar da Libertadores da América, o time atleticano teve de mostrar, mesmo jogando fora da Arena da Baixada, que ainda era o mesmo do término do Campeonato Brasileiro de 2013 brigando na parte de cima da tabela, porém o time estava desfalcado e sob um novo comando, de Miguel Ángel Portugal. Com algumas perdas no início da temporada, o Atlético-PR teve que improvisar em muitas oportunidades e ainda apostar em jovens garotos para integrarem a equipe principal.

Sob a liderança de Portugal, o Atlético-PR pecava muito taticamente. Jogando contra times como Sporting Cristal, The Strongest, Universitário e Vélez Sarsfield, o que parecia mais fácil, tornou-se um verdadeiro vulcão em erupção. Os atleticanos encararam adversários que eram desacreditados, mas que eram bem postados dentro de campo. O jogo mais emocionante da classificação do time rubro-negro para a fase seguinte chegou às penalidades máximas, contra o Sporting Cristal.

O goleiro atleticano, Weverton, brilhou em muitos desses. Quando o ataque falhava, o adversário dava de cara logo com a muralha. Seguir na competição, no entanto, ficou complicado quando as limitações do time ficaram expostas. O elenco rubro-negro pecava muito em jogadas de criação e perdia muitas pelas laterais. A lateral-direita ficou claramente falha com a saída de Léo. E enquanto não se tinha um substituto, a grande questão era improvisar. Na libertadores, o Atlético-PR conseguiu alcançar quatro vitórias.

Com início conturbado, Atlético-PR teve dificuldades para encontrar ritmo

Desde o início da temporada, para o Atlético-PR, a grande dificuldade estava clara: como montar um time ideal, com suas limitações? Primeiramente, Portugal não estava mais comandando o elenco atleticano. Depois, Leandro Ávila assume como interino e, em seguida, Doriva, encerrando com Claudinei Oliveira, totalizando quatro comandantes no rubro-negro em 2014. Além disso, o Atlético-PR teve em 2013 o artilheiro do campeonato, Ederson, que também deixou o elenco em julho, sendo emprestado ao Al-Wasl, dos Emirados Árabes, o que ainda dificultava mais aos trabalhos com a equipe, que já estava limitada.

Jogando fora de casa, cumprindo as suspensões que foram impostas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva devido à fatalidade do último jogo da competição, disputado contra o Vasco da Gama, em Joinville, que resultou na tragédia repercutida, houve grande dificuldade do elenco para se adaptar aos jogos e aos comandos diferenciados durante o campeonato.

O time fazia bons jogos, mas os resultados não vinham. Em muitos momentos a equipe criava mais do que o adversário, tinha posse de bola e maior domínio do jogo, começava as partidas ganhando. Contudo, diminuíam o ritmo, pecavam muito na defesa que furava muitas jogadas, deixando o adversário cara a cara com Weverton e pecando muito no ataque, que perdia muitos gols feitos. Além disso, quando conseguiam começar bem e abrindo o placar, o escrete atleticano sedia o empate. Desta forma, durante algumas rodadas, o clube estava na zona de rebaixamento e era fortes candidatos à Série B 2015.

Com a parada para a Copa do Mundo, os trabalhos continuaram até certo tempo, o time começou a se encaixar e a formar uma base mais sólida para continuar a competição. As laterais foram preenchidas por Natanael e Sueliton, que fizeram jogos praticamente impecáveis, principalmente Natanael, que foi considerado uma das revelações do elenco em 2014. Outro grande ponto positivo e importante, que deve ser lembrado, foi a organização do meio de campo e zaga atleticana. Com Deivid sempre auxiliando na criação e na defesa, Marcos Guilherme fazendo as jogadas de velocidade juntamente com o trio de ataque formado com Douglas Coutinho, Marcelo e Cléo, o time começou a se acertar. Depois, veio a contratação do experiente zagueiro Gustavo, que acertou a defesa atleticana e deu mais segurança ao goleiro atleticano. 

Após cumprir um longo período de suspensão pelo STJD, o Atlético pode voltar a jogada na Arena e teve boa participação da torcida nos jogos. Tanto foi a mudança que o time começou a ganhar jogos importantes que dariam segurança ao elenco. Com um time mais ofensivo taticamente, que avançava com qualidade e sem prejudicar a defesa, o Furacão formou um elenco forte e bom desempenho.

A chegada de Claudinei Oliveira, contudo, deu outra cara ao plantel rubro-negro. O time entrou na maioria dos jogos montado com três atacantes e dois meias de caracteristicas mais ofensivas. Sempre presente, o volante Deivid criava e defendia, Marcos Guilherme vinha como elemento surpresa e Nathan na velocidade, enquanto Coutinho e Marcelo vinham pelas laterais de ataque, deixando os centrais Cléo ou Dellatorre fixos, pois não eram muito rápidos, mas diferenciados e bons cabeceadores. O Campeonato Brasileiro acabou para o Atlético na metade da tabela, sem risco de cair e com bom aproveitamento dentro de campo no segundo turno. Além disso, os atleticanos foram premiados com o troféu Fair Play, da Confederação Brasileira de Futebol.

Atlético-PR 2 (5) x 1 (4) Sporting Cristal-PER, partida de volta da pré-Libertadores

No ano de 2014, com certeza o jogo que mais teve repercussão e emoção para o torcedor atleticano e elenco do time rubro-negro foi o jogo contra o Sporting Cristal. O Atlético-PR precisava da vitória para seguir vivo, enquanto que o Sporting jogava pelo empate. Jogando fora da Arena da Baixada, na Vila Capanema, o Furacão teve um jogo de arrepiar. Primeiro, muitas jogadas lançadas na área, poucas jogadas criadas e muitos lançamentos diretos. Mas os jogadores começaram a se organizar dentro de campo e acharam o caminho do gol, contudo, poucas foram as oportunidades criadas. Foram dois gols contra um e a partida foi às penalidades máximas.

Iniciadas as cobranças de pênalti, Ederson e Lobatón converteram. Logo depois, Deivid chutou fraco e o goleiro Penny defendeu. Para o Sporting Cristal Cazulo converteu, Mérida pelo Atlético e Advincúla marcou para os visitantes. A situação ficou ainda mais complicada quando o goleiro peruano defendeu o chute de Nathan. A classificação parecia longe, até que Weverton apareceu e defendeu o chute de Delgado. Natanael convertou e Calcaterra, para o Sporting, chutou para fora. A emoção somente acabou no chute de Aquino, da equipe peruana, que mandou na trave e o clube paranaense conquistava a classificação à fase de grupos da Libertadores.

América-RN 3x0 Atlético-PR, partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil

Por outro lado, um jogo que pode ser facilmente esquecível é o da primeira partida contra o América-RN, na Arena das Dunas, na Copa do Brasil. O time jogava desorganizado e de certa forma entrou subestimando o adversário, que logo abriu o placar e sacramentou um bom resultado, mesmo respeitando o rubro-negro. 

Os melhores e piores de 2014

Em toda a temporada do time atleticano, a grande revelação e o grande destaque foi sem dúvida o goleiro Weverton, que atuou com qualidade indiscutível. Foram 47 jogos, sendo 35 jogos jogados no Campeonato Brasileiro, oito na Libertadores, dois na Copa do Brasil e outros dois jogos testes. As defesas memoráveis, desde à classificação para a Libertadores ao final do Brasileirão fizeram do goleiro um dos melhores da temporada.

Outros jogadores que ganharam destaque no elenco, foram a dupla de laterais, Sueliton e Natanael, que fizeram muitas partidas praticamente impecáveis e movimentando com qualidade a equipe. O atacante Douglas Coutinho, outra revelação do elenco atleticano, fez juntamente com Cléo, a maior parte da movimentação no campo de ataque, levando perigo aos adversários com qualidade. O destaque de Coutinho foi tanto que o garoto foi convocado à Seleção Brasileira Sub-20.

Apesar dos numeros de participações em jogos, Marcos Guilherme não foi lá o melhor jogador em campo. Em muitos jogos deixou a desejar, falhando em momentos cruciais e por desatenção muitas vezes. Além dele, outro jogador que não fez muita diferença ao elenco foi Fran Mérida, que atuou em poucas oportunidades, ainda no início da temporada e que se apagou, sendo expulso quando estava no banco de reservas.

Sem fortes emoções em 2014 e expectativas para 2015

O ano de 2014 não foi dos melhores para o Atlético-PR, tendo em vista a temporada de 2013 em que o time lutava na parte de cima da tabela para conquistar uma vaga na Libertadores da América, enquanto que, ao se falar em Campeonato Brasileiro de 2014, até algumas rodadas antes de terminar a competição, os paranaenses brigavam para não cair.

Tecnicamente, o Furacão possui bons jogadores no elenco, com jogadores que tem boa velocidade e qualidade individual, porém, pecaram por muito tempo em jogadas coletivas. A questão é que o Atlético, neste fim de campeonato, encontrou uma equipe que conseguiu um bom entrosamento. Sob o comando de Claudinei Oliveira, conseguiram uma identidade ofensiva, sempre jogando com três atacantes. 

A grande questão é que, para 2015, a expectativa do torcedor e até mesmo comissão técnica é do clube chegar às cabeças. Ou seja, atuando com qualidade no estadual, mesmo que jogando com as categorias de base. Além disso, há esperanças de um melhor aproveitamento em competições como Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Para isso, a ideia é manter um time base e sob o comando de um mesmo treinador. Ainda, como já é de costume, colocar a equipe sub-23 para atuar no estadual e alongar mais ainda a pré-temporada do elenco principal, podendo influenciar diretamente na forma de atuação do plantel. Perde-se um pouco na questão de entrosamento de jogo oficial, por outro lado, o elenco ganha força e chegam com mais fôlego às competições nacionais.

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Sobre o autor
Luhana  Baldan
Comentarista esportivo, de Direito, atleta e uma apaixonada por futebol.