Historicamente falando, num contexto global, pôde-se assistir ao eclodir de duas guerras mundiais, à devastação de duas bombas atômicas, ao aparecimento e desaparecimento de países, impérios... Potências.

Num certo país, em específico, viu-se o início da consolidação do regime republicano pelas mãos dos militares. Depois, a elite no poder. Até que um baixinho barrigudinho deu um chega pra lá em todo mundo e governou por mais de uma década.

Viveu-se o nascer da nova capital! Assistiu-se, novamente, os militares - eles, mesmo - de volta ao poder. Viu-se (imóvel) a barbárie. Ouvia-se a voz (muda) dos porões de uma ditadura de 21 anos. Notou-se a juventude indo pra rua e clamando pela democracia. O fervo das massas, o sangue quente e a vontade sobreposta a tudo! Elegeu-se um operário a presidência da república.

Se você, meu amigo leitor, tivesse nascido em 12/08/1904, teria visto tudo isso acima. Mas, infelizmente - pelo menos pra esse que vos escreve -, um dia, pra todos, a vida finda, o caminho acaba e tudo se esvai.

Contudo, eu fielmente acredito que o que é gigante tem a capacidade - única - de sobreviver a maior força que existe. Não me refiro a qualquer bomba, qualquer arma. Refiro-me a força devastadora do tempo. Essa energia que corrói tudo, mas permite que, em raríssimos casos, eu vá, você passe, mas a tal exceção continua!

Essa, no caso, se chama Botafogo de Futebol e Regatas. Um clube que, em mais de um século de vida, já viveu os opostos do caminho.

Afinal, o que seria o Botafogo, senão um clube de extremos?! A começar, claro, pela suas cores: o branco, que possui todos tons, e o preto, que não tem cor alguma! E, no meio, entre o esplendor e a escuridão, uma criação de Deus; uma estrela. E como por definição toda estrela, com luz própria.

O que seria o Botafogo, senão um grito dos cerceados?! A libertação de um povo sofrido, a cada grito de gol, como se esse fosse o primeiro ou, talvez, o último. 

O que seria o Botafogo, pra nós, senão estar-se preso por vontade e ter com quem nos mata, lealdade?

Intertextualizando São Paulo, Camões ou Renato Russo, há uma verdade absoluta: Só o amor, que conhece o que é verdade. E sem amor, nós não seríamos nada!

E hoje, neste dia de festa, o amor nos faz dizer, não parabéns, não feliz aniversário, mas sim OBRIGADO POR VOCÊ EXISTIR, BOTAFOGO! Desejo, apenas, que você continue sendo imune ao tempo. Que ele seja seu amigo, e não seu rival. Que caminhemos, juntos, sempre na estrada dos louros. Nela, um facho de luz dessa sua estrela solitária que te conduz.