O Macaé voltou a vencer na Série B. A vitória diante do ABC, em casa, por 3 a 1, trouxe não só os três pontos, mas também a tranquilidade para a sequência do trabalho de Josué Teixeira. A vitória de virada deverá servir para amenizar a campanha fraca da equipe na Série B. A partida dinâmica e movimentada, que mostrou dois comportamentos distintos de ambas as equipes, no primeiro e segundo tempos, expos a fragilidade dos elencos, de certa forma explicando a posição dos dois na tabela.

A vitória veio em ótima hora para os alvianis, que lutam, assim como os potiguares, contra o Z-4. Os três pontos somados afastaram bastante o Macaé da Série C, o deixando oito pontos à frente do Ceará, o primeiro dentro da zona maldita. O resultado, contudo, não serviu para movimentá-lo na tabela, permanecendo assim, a equipe do Rio de Janeiro, na 16ª colocação. Já para o elenco de Hélio dos Anjos, a situação é bem mais complicada. Ocupando a longínqua 19ª colocação, com apenas 23 pontos, 11 a menos que o próprio Macaé, o alvinegro se vê cada rodada mais presente na Série C 2016.

O Macaé volta à campo na próxima terça-feira (6), quando pega o América-MG, na Arena Independência. Uma parada indigesta para o Leão, já que os mineiros lutam por vaga no G-4, o Grupo de classificação à Série A para a próxima temporada. O ABC, por sua vez, volta a Natal, onde enfrentará o Atlético-GO, na Arena das Dunas, também na terça. Ambas as partidas acontecem as 20h30 (de Brasília).

ABC joga melhor na primeira etapa, pressiona Macaé com jogadas pelos flancos e abre o placar no fim

Dentro de casa, a equipe de Josué Teixeira tinha a intenção de mostrar quem mandava. Com escalação conservadora, priorizando a parte defensiva, o Macaé tentou surpreender o ABC já nos primeiros instantes de jogo. Mas, para a infelicidade dos cariocas, o gol marcado aos 4 minutos do primeiro tempo é anulado. O detalhe do lance foi a bela visão do auxiliar, que observou com clareza o toque de mão do zagueiro Frauches, ao tentar ajeitar a bola que vinha pelo alto. O gol da duas mensagens diferentes. Para o Macaé, a de que seria possível vencer o jogo, já para o ABC, de que era necessário abrir o olho, pois o adversário, também ameaçado pelo rebaixamento, não venderia barato a vitória.

A grande movimentação nos primeiros dez minutos de bola rolando demonstrava que a partida seria aberta. Com interesses em comum, era também comum a maneira como atuavam as duas equipes. Se protegendo, com receio de sofrer gols, e atacando nos contra-ataques, buscando abrir o placar. Esta era a definição para qualquer um dos lados. A diferença era que o Macaé criava, enquanto o ABC, ainda era tímido com a bola nos pés.

Por volta dos 20 minutos, a partida ganha contornos de pelada. Com muitos chutões e passes errados, o jogo esfria e cai de nível, novamente demonstrando a fragilidade das equipes em campo. No minuto seguinte apenas, o ABC chega pela primeira vez. Com chute de fora da área de Romarinho, mas direto nas mãos de Rafael. Mas, com o jogo “lá e cá”, Gedeil trata de responder logo, cabeceando perto da meta de Saulo, mas sem sucesso.

Os minutos seguintes são marcados por um comportamento interessante do sistema defensivo macaense. Os volantes, auxiliados pelos laterais e meias, montaram uma espécie de blitz, marcando no campo de ataque, pressionando e forçando o ABC ao erro, que logo devolvia a bola para o Macaé, mas mesmo tendo a posse, o Leão não resolvia o jogo, pois pecava nos passes errados.

O jogo volta a esquentar por volta dos 30’, quando os mandantes chegam no ataque por três vezes consecutivas. Em uma delas, tendo um pênalti não marcado, sofrido por Pipico. A sequência macaense assusta o ABC, que recua ainda mais, chamando o adversário para o jogo e se arriscando. O Macaé, com espaço, começa a sufocar e criar chances claras. Neste momento, a equipe potiguar só assustava em contra-ataques rápidos, que resultavam em bolas alçadas na área, mas que sempre encontravam os altos zagueiros do Macaé. Mas como “agua mole em pedra dura”, a defesa do leão foi furada, e Edno, entre Ramon e Frauches, cabeceou sozinho, abrindo o placar aos 43 minutos.

O lance acorda o Macaé, que tenta igualar o placar nos minutos finais da primeira etapa. Com passes longos e cruzamentos de todas as partes do campo, o ataque não consegue sucesso e a primeira metade do jogo se encerra deste jeito, equilibrada, mas com um ABC cirúrgico, sabendo aproveitar as poucas oportunidades.

Macaé vira no segundo tempo, mostra superioridade e vence ao som de “olé” vindo das arquibancadas

A segunda metade de jogo se iniciou como a primeira, mas com o lado oposto. Isso porque o ABC partiu para cima já nos primeiros minutos, assustando Rafael e criando chances atrás de chances. Em uma delas, Edinei bateu falta da entrada da área, mas a bola explodiu na trave. O detalhe da jogada foi o movimento de vista do arqueiro macaense, que já batido no lance, só fez rezar para que a bola não entrasse.

Mas desta vez, a sorte e competência estavam ao lado do alvianil, que no lance seguinte, assim também como em um ditado, mostrou que de fato “quem não faz, leva”, e marcou o gol de empate, com Juninho, aos 9 minutos. A movimentação da primeira etapa se repete na segunda, com equipes determinadas a vencer o jogo e mudar suas situações, o jogo fica aberto e cheio de oportunidades. O que aumenta também é o calor dentro de campo, já que aos 13’, após se estranharem, Anderson Manga e Michel são colocados para fora de maneira direta. As expulsões parecem criar mais espaço dentro de campo, tornando o jogo ainda mais aberto e dinâmico.

Nos minutos seguintes, as equipes chegam com facilidade. Primeiro o ABC, aos 21, com Edno, depois o Macaé, aos 23, com Ramon. Ambas as jogadas são desperdiçadas. Hélio dos Anjos ordenava que sua equipe tentasse jogadas agudas, pelo chão, buscando os espaços que a defesa do Macaé deixava pelo meio, já Josué Teixeira, confiava no seu meio campo, mantendo seu time bem postado e armado para o contra-ataque.

Aos 27, Fernando Neto entra em campo pelo Macaé. Reserva em quase todas as rodadas, não representava a peça que poderia mudar o jogo. Pelo menos isso era o que poderiam pensar os torcedores. No primeiro lance em campo, Neto vai no fundo e cruza para Pipico, que só tem o trabalho de empurrar, no canto. Era o gol da virada do Leão. Mas como todo talismã, mesmo que em sua primeira aparição, era necessário um gol, para coroar a atuação de pouco mais de vinte minutos em campo. E é o que acontece aos 31’. Exatamente quatro minutos depois de entrar em campo, Fernando aproveita o rebote dado pela defesa potiguar e chuta forte, a bola desvia na zaga e “mata” o goleiro Saulo. 3 a 1 Macaé.

O lance é o último de grande emoção no jogo, já que outra chance só veio a acontecer aos 49 minutos, com Wellington Bruno, que levou ao fundo pelo ABC, cruzou, mas Bismark furou em bola e desperdiçou a chance de diminuir, o que talvez não fizesse tanta diferença àquela altura.