Verdade ou mito, existe uma sentença que afirma que "um bom time começa por um bom goleiro". Apesar da abertura clichê de aspas para um texto sobre um atleta que atua na posição onde a grama não nasce, o Campeonato Brasileiro, de disputas acirradas durante 38 rodadas, é um bom laboratório para confirmar a tese inicial. O campeão Corinthians possui um grande goleiro, além de também ser um goleiro grande: Cássio Ramos, o gigante de 1,96m que defende a meta onde toda a fiel torcida corintiana deposita confiança nele.

Cássio nasceu em 6 de junho de 1987 na pequena cidade de Veranópolis, com pouco mais de 20 mil habitantes, localizada na serra gaúcha. O clube do modesto e pacato município é o Veranópolis Esporte Clube Recreativo e Cultural, uma instituição de cinco palavras para compor o nome e cinco cores, o pentacolor. E fica claro de que não se pode duvidar do futebol oriundo da terra natal do goleiro corintiano, pois o V.E.C. disputa a primeira divisão desde a temporada de 1994, jamais rebaixado e, de vez em quando, vencendo a dupla Gre-Nal no certame.

O início da carreira de Cássio é justamente com o Grêmio. Após ser descoberto em Veranópolis, foi da base do Tricolor entre 2005 e 2007, sendo até relacionado a partidas entre os profissionais. No único jogo oficial entre os adultos, conseguiu a proeza de uma assistência, da sua área, para o gol do argentino Herrera, hoje no Vasco da Gama. Jóia da base gremista e presença constante nas convocações da seleção brasileira sub-20, o gigante nunca mais atuou pelos tricolores e transferiu-se de Porto Alegre para uma longa passagem no futebol holandês.

Pouco aproveitado, o Corinthians assinou com o gaúcho na temporada de 2011. De lá para cá, muitas conquistas, as principais, sem dúvidas, a Libertadores da América e o Mundial de Clubes na temporada de 2012, quando, no Japão, foi eleito o melhor jogador da competição planetária, após ter salvo os corintianos com defesas incríveis contra o Chelsea, na final. Neste Brasileirão, Cássio novamente foi fundamental.

O 2015 estava nebuloso ao alvinegro paulista. Eliminações, na Arena Corinthians, para o rival Palmeiras no Paulistão e para o Guaraní do Paraguai, na Libertadores. A esperança depositada no Brasileirão rendeu os louros ao final do torneio e as mãos de Cássio são responsáveis por isso. Vale lembrar a luta contra lesões que aumentam a conquista pelo poder de persistência do arqueiro.

A regularidade encabeça o título do presente texto e é vocábulo crucial para o sucesso da equipe do também gaúcho Tite. A defesa, sempre muito bem postada e compactada, tem ainda uma segurança maior quando os volantes, zagueiros e laterais não podem cobrir o perigo. De saída tranquila da meta, passando por bom posicionamento e reflexos, lá está Cássio, goleiro menos vazado entre os titulares no Brasileirão. O Corinthians sofreu apenas 26 gols, após 34 rodadas de campeonato.

Titularíssimo de cabo a rabo no Brasileirão, Cássio possui mais de 70 defesas no torneio. Como dito, a defesa também facilita o trabalho do gigante protetor das redes da Arena Corinthians. Recentemente, para coroar mais uma temporada vencedora, o técnico Dunga o chamou para compor a seleção brasileira nos duelos das Eliminatórias Sul-Americanas contra Peru e Argentina, nos dias 12 e 17 de novembro. Reconhecimento do técnico do país em função da regularidade e liderança dentro do time alvinegro.

Passada a conquista do hexacampeonato do Brasileirão, a massa da maior torcida de São Paulo seguirá atenta e em fidelidade para repetir a volta olímpica sul-americana, esperançosa pelo bicampeonato da Libertadores em 2016.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.