Nesta quinta-feira (26), há exatos 10 anos, o Grêmio sagrava-se campeão Brasileiro da Série B. Parece pouco e realmente é, tratando-se de um clube de outros títulos nacionais maiores e duas conquistas de Libertadores. A celebração e a lembrança da data de 26 de novembro deve-se principalmente às circunstâncias do jogo diante do Náutico, pela última rodada de 2005.

O Grêmio precisava ao menos do empate em Recife para garantir o acesso à elite brasileira. O jogo, porém, fugiu do controle. Logo no primeiro tempo , o clube pernambucano desperdiçou um pênalti, acertando a trave. No segundo, a pressão dos mandantes era grande. Já aos 35 da etapa final, o árbitro Djama Beltrami assinalou um pênalti inexistente. O time gremista não titubeou e partiu para cima do juiz, em confusão que resultou em parada de mais de 25 minutos e em quatro expulsões. Os gaúchos ficaram com apenas sete homens em campo.

Somente após isso, Ademar cobrou a penalidade e o Grêmio, com isso, possuía um novo nome eternizado na história. O goleiro Rodrigo Galatto saltou para o canto esquerdo e, com a perna, desviou o caminho tricolor para voltar à primeira divisão. Mandou a bola para escanteio e as probabilidades contra para o inferno. Anderson, em um contra-ataque, selou a classificação e o título, fazendo o gol do 1 a 0, diante de um perplexo estádio dos Aflitos.

Em entrevista à assesoria do clube, Galatto fala emocionado do episódio marcante: "Traduzir a Batalha dos Aflitos em uma palavra, pra mim, a palavra seria inacreditável. Embora se passem dez anos, pra mim parece que foi ontem. Ainda está muito viva. Não só por mim, mas pelo torcedor", comenta o defensor do pênalti.

"Foi um jogo quente, com lances perigosos. Eu fiz boas defesas no primeiro tempo e no segundo também. A gente atacava também, então era um jogo bonito de se ver, emocionante. Estava realizando um sonho. Eu tinha 22 anos, pra mim tudo era novo, então eu nunca tinha vivido um momento daqueles", conta Galatto sobre a partida épica em Recife.

Gremista assumido, o arqueiro que terminou 2015 pelo Juventude, enfatiza a mística do lance capital, o segundo pênalti: "Não era apenas o profissional que estava ali, era o gremista. Então pra mim era mais do que tudo. Deus me iluminou, baixou Lara, todos os goleiros que o Grêmio já teve, para ajudar. A pessoa era eu, mas o pensamento era de todos os milhões de gremistas".

Por fim, Galatto rememora a importância de todo o grupo na caminhada pela superação: "Aquela equipe era um grupo de amigos. A gente conseguiu ter uma integração grande, forte, para superar todas as dificuldades."

O episódio da Batalha dos Aflitos serviu para alimentar um espírito de persistência no Grêmio. O torcedor aguarda pela retomada de glórias maiores na trajetória dos próximos anos.

Veja o depoimento do goleiro Galatto feito à Grêmio TV, com lances da partida:

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.