O clube do povo está de volta! Depois de passar uma década sofrendo por todas as séries do futebol nacional, o Santa Cruz voltará a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro em 2016, pois conseguiu, com bastante justiça, um acesso à elite de maneira destacável, uma vez que estava ameaçado pelo rebaixamento no início da competição e terminou carimbando o retorno à maior competição do futebol brasileiro com uma rodada de antecedência.

Os pernambucanos não tiveram um bom começo na Série B, mas a chegada de Marcelo Martelotte fez o time mudar completamente e, com uma postura ofensiva e corajosa durante boa parte do certame, confirmou o retorno à elite no sábado (21) ao vencer o Mogi Mirim por 3 a 0, em São Paulo. A VAVEL Brasil relembra ao torcedor Coral como foi a caminha do Mais Querido na Série B neste especial.

Corais encontra dificuldade e vivem jejum de vitórias

O Santa Cruz chegou à Série B respaldado pela conquista do Campeonato Pernambucano diante do Salgueiro, em que apesar do time viver altos e baixo acabou sobressaindo no momento decisivo. Como a diretoria Coral não tem o costume de fazer várias demissões de técnicos durante a temporada, era esperada a continuidade de Ricardinho no comando do Mais Querido e isso acabou acontecendo.

Esperava-se um começo de competição embalado pelo título estadual, contudo, isso não foi visto durante os primeiros jogos. O primeiro compromisso foi fora de casa, contra o Macaé e o baixo rendimento, alinhado a falta de pontaria do ataque, fez o time carioca sair de campo com a vitória por 2 a 0. O duelo de abertura em casa, acabou sendo satisfatório, pois os tricolores bateram o Paraná com facilidade por 4 a 1.

A irregularidade do escrete do Arruda era grande, tanto que no embate seguinte a goleada sobre o Paraná aconteceu outro placar elástico, contudo, em favor do adversário, que foi o América-MG, na Arena Independência. Destaque ficou por conta da facilidade que o Coelho encontrou logo no início para abrir uma boa vantagem e festejar ao fim um triunfo por 4 a 1, que fez os pernambucanos perderem um pouco do rumo, ficando cinco jogos sem vencer.

Com grande sequência de resultados negativos, Ricardinho deixa o comando do Mais Querido

O técnico Ricardinho resistiu no comando Coral por apenas sete jogos. O empate com o Boa Esporte por 0 a 0, no estádio do Arruda, acabou sendo a gota d’agua para a direção entrar em acordo com o treinador e optar por sua saída, acertando assim a primordial chegada de Marcelo Martelotte. Os pernambucanos haviam vencido apenas um dos sete embates realizados.

Com o baixo aproveitamento de Ricardinho, os tricolores sequer estavam sonhando com a volta à Série A do Campeonato Brasileiro, pois o maior medo era voltar à Série C do Campeonato Brasileiro, uma vez que a ameaça, mesmo sendo apenas no início do campeonato, era evidente e o alerta foi ligado no Arruda. 

Martelotte chega e tricolores conseguem apresentar bom futebol

Com a chega de Martelotte tudo mudou no Santa Cruz, que passou a ser um outro time na competição. Logo no início o grande problema era a irregularidade dos pernambucanos, que costumavam vencer dentro de casa e serem derrotados ou ficar apenas no empate longe dos domínios, o que acabava atrapalhando para as pretensões de chegar à parte de cima da tabela da competição. 

A estreia do técnico Marcelo Martelotte aconteceu diante do Ceará, na Arena Castelão, em Fortaleza. Pernambucanos e cearenses fizeram um confronto emocionando e acabaram ficando no empate por 3 a 3. Os tricolores, então, encaixaram uma boa sequência de resultados positivos na competição e deixaram a incomoda 18ª posição, ficando assim até mais próximo do G-4. O primeiro revés da “Era Martelotte” foi apenas na 12ª rodada, quando o rival Náutico venceu por 2 a 1, na Arena Pernambuco.

O tropeço diante do rival alvirrubro não foi suficiente para abalar o bom momento dos corais, que obtiveram quatro jogos sem sequência sem perder após o clássico. O time foi adquirindo entrosamento e passou a figurar como um dos postulantes ao acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, pois alguns adversários que estavam no G-4 passaram a mostrar certa irregularidade, enquanto o Mais Querido crescia de produção.

Chegada de Grafite e regularidade dentro de campo impulsionam campanha

Os corais passaram a ter uma regularidade com Marcelo Martelotte, principalmente na questão de estilo de jogo, sem abdicar de ir ao ataque, mas sempre mostrando uma consistência defensiva, sofrendo poucos gols. Outro fato primordial para o crescimento foi a chegada do ídolo Grafite, apresentado como estrela e festejado pelos torcedores, que lotaram a arquibancada destinada para os sócios no Arruda no dia da apresentação, tendo assim um público estimado em cinco mil pessoas.

Na estreia de Grafite, Arruda lotado para festejar o retorno do ídolo. E ele correspondeu bem, pois, mesmo ainda sem o ritmo ideal de jogo, aproveitou um bom cruzamento do lado direito e mandou para o fundo das redes, garantindo assim a vitória sobre o Botafogo por 1 a 0 para delírio dos tricolores. Com o camisa 23, o desempenho do ataque melhorou bastante, muito também por conta da preocupação que ele causava nos adversário por tudo que representa.

O grande ponto de virada e fundamental para comemorar o acesso foram as últimas rodadas da Série B. Muitos torcedores já estavam achando que a classificação não seria mais possível, até que um confronto direto com o Bahia na Arena Fonte Nova, em Salvador, Bahia, mudou todo panorama da competição. 

Os baianos saíram na frente e pareciam que estavam dispostos a manter-se no G-4, contudo, caíram de rendimento vertiginosamente depois do gol e acabaram sofrendo uma virada inesquecível para os tricolores de Pernambuco, que fizeram uma grande festa com o triunfo de virada por 2 a 1. Depois disso, o time manteve a sequência de vitórias, sendo a contra o Botafogo, no Rio de Janeiro, por 3 a 0 um das mais emblemáticas para o retorno à elite.

Esquema ofensivo e polivalência de João Paulo fazem diferença para acesso

Um dos fatores preponderantes para o crescimento do Santa Cruz na competição, como já foi falado, foi a modificação no esquema tático. Marcelo Martelotte não teve medo de dar uma cara ao escrete, que passou a atuar de maneira ofensiva dentro e fora de casa, conseguindo assim resultados de expressão e fazendo o setor ofensivo ser um dos destaques da equipe durante o certame.

O meio-campo e as pontas conseguiram corresponder. Luisinho e Lelê abertos pelos lados direito e esquerdo, respectivamente eram o ponto de desafogo dos corais e a dor de cabeça para as marcações adversárias. No meio de campo, o grande destaque, inclusive de todo time, foi João Paulo. Começou a temporada sendo o único responsável pela armação das jogadas, mas se reinventou e passou a atuar como segundo volante, tendo como parceiro na cabeça de área o jovem Wellington Cézar.

A equipe formada por Martelotte não se resumiu a apenas os titulares. Mesmo com todas as dificuldades financeiras, o Mais Querido contou com jogadores de qualidade parecida no banco de reservas. O centroavante Bruno Moraes foi a maior prova disso, pois não deixou de corresponder na ausência de Grafite. 

Com os atletas aplicados taticamente e a coragem do técnico, os tricolores acabaram festejando o merecido retorno à elite do futebol brasileiro, algo que aconteceu pela última vez há dez anos, quando os pernambucanos bateram a Portuguesa no estádio do Arruda e subiram junto com o Grêmio. Depois de viver sua pior crise, passando por todas divisões do futebol nacional, os tricolores estão de volta e esperam que a felicidade só aumente.