Após a confirmação do presidente da Federação Gaúcha, Francisco Noveletto, sobre o adiamento da estreia da Divisão de Acesso e da Segunda Divisão, a VAVEL Brasil conversou com o dirigente Tato Moreira, do Guarany de Bagé. O presidente do único bicampeão gaúcho da história falou sobre o panorama atual das equipes e dos estádios pelo Rio Grande do Sul e, após uma boa reflexão sobre o tema, acredita que o campeonato será disputado.

Tato Moreira citou as dificuldades e precariedades de muitos dos locais de jogos enfrentados pelo Guarany de Bagé. O presidente comentou os problemas de clubes como Rio-Pardense, Barra FC e Marau, clube que foi campeão da Segunda Divisão apesar da estrutura deficitária do estádio. "São coisas que a gente reclama. Estava demorando para estourar isso".

O adiamento do início da Divisão de Acesso e da Segunda Divisão, da qual participa o Guarany, ocorreu pelo encerramento do prazo de entrega dos laudos dos estádios (15 de fevereiro), com nenhuma entrega por parte dos clubes. Francisco Noveletto resolveu estender o prazo.

Atento aos dois lados, enquanto se buscam melhorias aos lugares mais precários, o presidente do clube bajeense acredita que as exigências também são muito rígidas: "Esse atraso dos laudos é pela rigidez. É muito rígido para realidade dos clubes. Os clubes não têm essa capacidade de investimento", afirmou Tato.

O presidente comentou também que as pendências e dificuldades fazem parte da realidade inclusive dos clubes da primeira divisão, como tem se observado. Aimoré enfrenta dificuldades para mandar seus jogos no Cristo Rei, em São Leopoldo. Brasil de Pelotas está com capacidade reduzida no Bento Freitas, por conta de uma modernização proposta ao estádio após queda de arquibancada em 2015.

O próprio Guarany fez campanha neste início de ano para melhorar as acomodações do estádio Estrela D'Alva, através da ajuda de torcedores com a doação de materias de construção. Segundo o presidente, as obras estão quase concluídas. Um muro interno e um externo foram as principais mudanças ocorridas na casa do alvirrubro.

Sobre a proposta de Noveletto de adiar o início das competições, Tato Moreira considera válida: " É uma ação também para pressionar Bombeiros e Brigada Militar. Foi boa para puxar para dentro da realidade". O presidente aguarda um maior bom senso das autoridades.

Consciente da situação, ele relembra o episódio da tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, que ocasionou a morte de 243 pessoas. A partir desse desastre, a fiscalização passou a ser mais rigorosa em casas noturnas, estabelecimentos comerciais e estádios de futebol.

Entre outros problemas vividos pelos clubes interioranos, Tato questiona o futuro da segurança nos jogos, pois a polícia estadual, a Brigada Militar tem se mostrado contrária a utilizar seu reduzido efetivo nos jogos. A segurança pública nas cidades pelo Rio Grande do Sul é um dos pontos mais preocupantes do momento atual do estado, pois os números da violência não param de crescer.

Por fim, questionado sobre o sair ou não sair das divisões do Campeonato Gaúcho, Tato Moreira coloca na balança o pesar das equipes terem contratos e acertos estabelecidos com os mais diversos profissionais. "Acredito que saia o campeonato", confirma.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.