E uma das maiores e mais chatas novelas de negociação do futebol brasileiro chegou-se ao fim. Alexandre Pato não é mais jogador do Corinthians e irá de forma definitiva para o Villarreal, da Espanha, por 11 milhões de reais. O negócio foi selado nesta segunda-feira e a Fiel comemora o negócio. O clube confirmou no começo da tarde desta terça-feira (26).

Pato poderia sair sem nenhum custo no fim do ano. Com mais cinco meses de contrato, assinaria com qualquer clube e teve seu nome vinculado em vários times. Mas a agonia da torcida alvinegra acabou. Após pagar 40 milhões de reais ao Milan por 60% do passe no fim de 2012, o jogador chegou como a maior contratação do futebol brasileiro recentemente, mas, após três anos, nota-se que foi um fiasco.

Uma das maiores promessas formadas pelo Brasil, Pato surgiu no Internacional como um fenômeno. Campeão do Mundial em 2006, logo foi para o Milan e se destacou, ganhando mais títulos internacionais. Presente em listas da Seleção, brigava contra lesões enquanto seu nome era envolvido em casos extra-campo com fofocas e romances.

Mas foi no final de 2012 que o patamar do Corinthians se elevou de vez. Além de ter sido bicampeão do mundo, o alvinegro chocou todos ao confirmar a compra de Alexandre Pato. Ainda jovem, seu sucesso era quase certo. A dúvida era quanto a lesões. 40 milhões e investimento num jovem que todos sabiam ser talentoso, mas que o físico não ajudava. O ótimo departamento médico do Timão, que tratou de Ronaldo, era o trunfo para o sucesso. Mas era dentro de campo que se responderia o investimento.

A chegada e gol na estreia

Demorou para Pato estreiar no Corinthians. A enorme expectativa acabou no Pacaembu, em duelo contra o Oeste. Mantendo a sina de marcar em estreias, ele entrou já com goleada iniciada e deixou o dele, causando euforia na Fiel.

Ainda durante o Paulistão-13, Pato foi se incorporando ao time campeão mundial e dividindo espaço com Guerrero, Sheik e Paulinho. Foi decisivo em alguns jogos, mostrando enorme qualidade e técnica. Mas sucumbiu ao Boca Jrs e Carlos Amarilla, na famosa partida da Libertadores, onde o juiz paraguaio fez uma das piores arbitragens. Nesse jogo, o atacante perdeu um gol inacreditável, mas escapou das críticas.

Restando o Brasileiro e a Copa do Brasil, as coisas foi mudando durante a temporada. Foi aparecendo sua falta de interesse e uma personalidade bem aquém de alguém jogando num clube gigante. Isso foi pegando na veia da torcida, que via o time não desempenhar grande futebol e ter um torneio nacional sem grandes esperanças.

Mas foi na Copa do Brasil-13 que o pavio encurtou. Arena do Grêmio, oitavas-de-final. Após empate sem gols na ida, o jogo da volta estava indefinido. Mas um novo empate zerado levou o jogo aos pênaltis. O tricolor estava na frente e cabia ao ex-colorado marcar para manter a série. O erro eliminaria o Corinthians. 

Pois Pato foi frio. Foi tão frio que bateu com uma cavadinha bizonha, recuando a bola nas mãos do Dida. Fim de disputa e um jogador bem calmo nas entrevistas.

"Treinei assim durante a semana e bati assim."

Nos vestiários, Tite, então treinador, não poupou e reclamou muito do seu comandado, como revela seu recente livro. Era a gota d'água para a fúria da Fiel com ele.

Ida para o maior rival e deboche

O fim da temporada marcou a saída de Tite. Agora, Mano Menezes treinaria o Corinthians e com a missão de limpar o elenco, dito como acomodado. Num negócio polêmico, o camisa 7 foi envolvido numa troca com Jádson, jogador do São Paulo na época. Pato seria emprestado até o fim de 2015, enquanto o meia chegaria em definitivo. Ganhando 800 mil reais mensais, o valor era dividido entre os rivais.

Sem poder atuar contra o time detentor de seus direitos, o atacante mostrava maior sintonia com o tricolor. Alfinetadas e falas diminuindo o Corinthians eram ditas com certa frequência. Do lado corinthiano, a torcida por uma venda era alta, mas representantes da diretoria alvinegra faziam de tudo para diminuir o valor do jogador, dizendo até que emprestaria para o Bragantino, caso não fosse vendido.

Nesse meio tempo em que esteve no Morumbi, vários clubes foram ditos que comprariam Pato. Barcelona, Napoli, Sevilla, Liverpool.... Todos especulados e nenhum efetivo. Após dois anos de São Paulo, o retorno ao Corinthians.

Lá vem o Pato...

Início de 2016. Novamente o time era campeão e Pato estava no elenco na reapresentação. Após enorme desmanche e falta de qualidade no ataque, era se esperado que jogasse. No último ano de contrato, muitas teorias e pouco feito.

Até que surgiu mais um negócio. O Chelsea, que sempre teve vontade de ter o atacante, contratou por empréstimo de seis meses pagando salário. A economia nos cofres era do mesmo tamanho do sonho de um sucesso, mas o treinador do time inglês pouco aproveitou o atacante, que atuou bem pouco e marcou apenas um gol num elenco quase sem atacantes de qualidade. Pato retornaria...

No começo de julho, Alexandre era novamente figura nos treinos corinthianos. Time bem no campeonato e agora Cristóvão Borges como treinador. Se esperava que fosse usado e sua estreia chegou a ser cogitada em duelo contra o Figueirense, na Arena Corinthians. De última hora, foi alegado problema físico e o jogador não atuou. Muitas especulações foram feitas. Lazio? São Paulo? Flamengo? Ele poderia assinar com qualquer time e sair de graça, mas uma proposta de 10 milhões de reais do Villarreal salvou o Corinthians e o negócio foi selado no começo dessa semana.

Agora, na Espanha, Pato tem a chance de retomar a carreira de forma estável no futebol europeu. Problema físico não há mais, sua qualidade é enorme, mas lhe falta interesse. Só depende dele para seu futebol crescer e postular até uma vaga na Seleção. O pior negócio da história do Corinthians se encerra com muitas lições, dois títulos e muita decepção.

Pato no Timão:

62 Jogos
17 Gols
2 Assistências
Títulos: Campeonato Paulista 2013 e Recopa Sul-Americana 2013

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Sobre o autor
Diego Luz
De video game à política. Lendo tudo,ouvindo bastante e vivendo com base naquilo que acho certo. Muito prazer.