O fraco desempenho da Seleção Brasileira masculina nos Jogos Olímpicos tem rendido muitas críticas para o time e, principalmente, para NeymarRenato Augusto e o técnico Rogério Micale concederam entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (9) e comentaram sobre o assunto, afirmando que o jogador não está feliz com os resultados e que não pode ser tão cobrado.

O camisa 10 e capitão do Brasil não falou com os jornalistas após o empate por 0 a 0 contra o Iraque e não apareceu diante das câmeras ainda. Mesmo sem boas atuações até aqui, Neymar é defendido por seus companheiros de equipe, como foi o caso de Renato Augusto, que comentou sobre a conversa que teve com o jogador depois do empate: "Após o jogo fiquei preocupado com a equipe toda, pois teríamos mais um jogo e não há tempo para lamentar. Eu fui até o quarto do Neymar, ele estava chateado com o resultado do jogo, mas está confiante, se sentindo bem. Ele não está feliz com o que está acontecendo, mas se sentindo bem, sabe da responsabilidade dele, da importância para o grupo. O Neymar tem o apoio do elenco e da comissão técnica. Nesse momento é importante fechar o grupo".

Rogério Micale também saiu em defesa de seu capitão: "Se não analisarmos friamente, não tivermos uma transição dos craques, não o respeitarmos, logo eles não vão querer estar conosco. O Neymar quis estar na Olimpíada, e volto a dizer: ele assumiu uma situação e é muito cobrado por isso com 24 anos. São fatos para refletir".

O treinador ainda disse que acredita que a pressão sobre Neymar seja excessiva e que ele precisa de tempo para amadurecer. "Enquanto ficarmos preocupados com tarjas de capitão, comportamentos pessoais, situações internas de relacionamento, e não abrirmos discussão para realmente entender o que está acontecendo no futebol brasileiro, no setor tático, comportamental, vamos continuar na mesmice. Queremos achar culpados, isso é um grande mal. Para avançarmos em algo melhor para o nosso futebol, a discussão deveria ser mais aprofundada, e não tão superficial em pontos que não agregam nada em situações de jogo. Perdemos muito tempo com isso. Temos que parar de achar vilões. Fizemos isso com Bernard na Copa do Mundo, o Rafael na última Olimpíada, sempre buscamos vilões e muitas vezes estancamos um potencial de avanço num futuro próximo. A Alemanha levou 12 anos para chegar onde chegou, mas nós queremos chegar lá com seis meses, não queremos passar por 11 anos e meio de preparação. Estamos lidando com jovens, se continuarmos matando, vamos colher a mesma coisa que estamos colhendo há anos", afirmou.

Durante os jogos da seleção masculina, a torcida gritou bastante o nome de Marta, craque do futebol feminino brasileiro. Micale comentou sobre a comparação entre os camisas 10: "São dois talentos do futebol brasileiro. Em relação ao Neymar, é um jovem de 24 anos que não atingiu ainda maturidade total, vai atingir. De uma forma geral, aos 28 anos o jogador chega ao ápice como atleta, homem, física e mentalmente. Ele já tem de lidar com a pressão de ser um líder, um expoente, desde 17, 18 anos de idade. A geração que lhe daria suporte não se firmou. A Marta está com quantos anos? 31 anos... Podemos dizer que a Marta é uma jogadora sensacional, tem todo nosso reconhecimento, mas o Neymar tem o meu reconhecimento como futuro melhor do mundo, ele vai ser, e nós precisamos respeitar o Neymar. Ele é jovem. Sei que em alguns momentos age de uma forma que não queremos, mas na idade dele, não faríamos as mesmas coisas, tendo o que ele tem? Não está fácil a situação que envolve o imediatismo que com nossos jovens jogadores, isso me preocupa como formador, como alguém que trabalha com jovens há alguns anos. Estamos sendo implacáveis, essa conta vai cobrar um preço".