O sábado pode matar de vez um fantasma que acompanha o futebol brasileiro. A camisa amarela que representa o Brasil carrega cinco estrelas, todas de títulos mundiais, não sabe o que é ter a cor dourada da medalha em uma Olimpíada.

Quis o destino que a chance mais fácil, teoricamente, acontecesse no maior palco do futebol do mundo. Em casa, o Brasil pode ter seu primeiro ouro no futebol no histórico Maracanã. Após algumas pratas, bronzes e muitas decepções, a história pode ser escrita no quintal de casa.

Se engana, no entanto, quem acha que foi fácil. Na fase de grupos, quem olhava para África do Sul, Iraque e Dinamarca pensava que seria apenas questão de protocolo jogar contra eles. Mas as duas primeiras rodadas com empates sem gols acendeu o sinal amarelo. O trio ofensivo com Gabigol, Gabriel Jesus e Neymar não funcionava. Na rodada decisiva, Luan entrou para formar o quarteto ofensivo e o garoto do Grêmio caiu como uma luva.

Luan fechou os quatro atacantes brasileiros, mas com uma atuação um pouco mais diferente dos outros. Enquanto Gabigol ficou mais preso na direita, caindo em diagonal, e Gabriel Jesus atuando da esquerda para o meio, Neymar e Luan invertendo os papeis como comandante do ataque. O camisa 10 sai da linha de zaga rival e pega seus companheiros de frente. A sua visão diferenciada e sua técnica amplia o leque de jogadas. A velocidade de Gabigol aliada com o faro de gol do xará pela esquerda são as forças ofensivas. Já Luan é mais cerebral, cadenciado, mas com enorme poder de criação.

Essa mudança deixou o time mais ofensivo. Mas quando tem a bola. Sem, o time atua de forma compacta e aperta rapidamente quando perde a posse, ainda no setor ofensivo. Renato Augusto tem atuado um pouco mais recuado, exatamente para dar suporte no meio-campo e fazer a distribuição. 

Contra a Alemanha, mesmo que não seja a equipe principal deles e uma provável vitória não apague a humilhação da Copa, o ouro pode significar a renovação que Tite pode utilizar no futuro na equipe principal. O trio Luan/Jesus/Gabigol podem cavar uma vaga e até serem titulares. Neymar é nome certo e intocável, mas é nítido que o crescimento de seu futebol nessa olimpíada passa pelo entrosamento e o futebol moleque que Rogério Micale montou com quatro atacantes, mas com responsabilidade de gente grande.