De frente para mim, mas pouco o reconheço. Só havia o visto em outros dias, quando muitos estavam junto comigo e com ele. Conosco.

Tão bela e maravilhosa a Arena, mas presenciar o Olímpico Monumental em seus contados dias de desuso, que antecedem o inevitável fim, invoca muita angústia, agonia e outros abstracionismos que já havia lido e ouvido de quem o presenciou recentemente. É como vagar pelas lembranças dos dias de jogos, das fileiras de ônibus dos mais diversos cantos, dos mais diversos mantos com o aproveitamento das três cores, atualmente reunidos ao endereço do outro lado da ponte.

Olímpico em julho de 2016
(Foto: Henrique König / VAVEL Brasil)

Substituídos na Azenha pelo acúmulo de placas de "aluga-se" ou "vende-se" nos imóveis em volta, pelo vazio e silêncio incomum, pois o panorama de minhas idas era sempre com a circulação de 15 mil ou mais pessoas. É como se o bairro ganhasse um novo cemitério, como o da Santa Casa, ou outro crematório, como o Metropolitano.

Preocupantemente, os moradores locais também reclamam do aumento da violência. Cabe a ironia de uma área antes tão movimentada e procurada por peregrinos do estado e do Brasil todo, agora ser um ponto perigoso. Mais uma vez, o apelo do estádio Olímpico agoniante de pé. Apelo dos gremistas de várias partes do mundo e dos moradores ali tão próximos, independente do clube que eles torcem.

Trafegaram na mente muitos sentimentos, mas não a indiferença. A indiferença de quem por ali passa: por nunca ter sentido ou por ter acostumado. A terra onde nada nasce: a indiferença. A indiferença que muitos sentem por problemas sociais graves ou em mudanças. Os nós na garganta, às vezes, são apertados demais. Mas nestes casos, eu prefiro ter nós que andar com a inexistente relação da indiferença.