De ex-jogador à treinador. De um simples comandante à campeão nacional. Cuca, atual treinador do Palmeiras, teve uma trajetória vitoriosa como técnico de futebol, onde cresceu aos poucos com o passar dos anos e continua em grande ascensão. Nesse ano de 2016, Cuca conquistou o título de campeão brasileiro. Só mais um de seus vários títulos.

O comandante alviverde carrega consigo um estilo de jogo diferenciado, onde consegue reestruturar a postura do time dentro da própria partida, buscando corrigir as falhas apresentadas numa transição de jogo. Esse é o ponto forte de Cuca, além de suas demais características que o fazem ser um técnico diferenciado.

O início de tudo

Após encerrar sua carreira como jogador em 1996, Alexi Stival, mais conhecido pelo seu apelido "Cuca", não desistiu de vez do futebol. Com outros planos na cabeça, o já maduro ex-jogador se colocou em um curso de Educação Física e Ciência do Esporte, com dois anos de longa preparação para se tornar um grande treinador de futebol.

Depois de se formar, no ano de 1998, Cuca assumiu seu primeiro time como treinador de futebol: o Uberlândia, de Minas Gerais, onde treinou o clube por um ano até se transferir no ano seguinte para o Avaí. Já era um clube de mais ponta para um treinador recém-formado, mas os anos foram se passando e Cuca ainda não tinha conseguido um trabalho notório e de grandiosidade.

Já havia passado por Brasil de Pelotas, Inter de Limeira, Remo, Inter de Lages, Gama e Criciúma, e nada de um grande sucesso. Até que chegou o ano de 2003, quando Cuca era o treinador do Paraná Clube, e veio o convite do Goiás para o técnico, que logo aceitou e foi para o clube goiano. Na época, a equipe estava na lanterna da Série A, mas com a chegada do treinador, o clube esmeraldino terminou na 9ª posição com uma vaga garantida na Copa Sul-Americana.

O começo da fama e a recaída de Cuca

Logo depois, foi chamado para treinar o São Paulo e conseguiu levar o clube até as semifinais da Copa Libertadores, sendo eliminado pelo Once Caldas. Montou um grande time para a equipe paulista trazendo Grafite, Fabão e Danilo, que ano seguinte, levaram a equipe tricolor ao título da Libertadores e do Mundial de Clubes. Cuca saiu do São Paulo no mesmo ano em que entrou, por desavenças com a direção do clube.

Após sair do Tricolor Paulista, assumiu o Tricolor Gaúcho no mesmo ano, mas não obteve sucesso e o Grêmio acabou rebaixado para a segunda divisão nacional naquele ano. Depois viveu dificuldades nos clubes em que teve passagem. Em 2005, passou por Flamengo, Coritiba e São Caetano, e não conseguiu um trabalho de destaque em nenhuma das ocasiões. 

A imprensa já não considerava Cuca o mesmo de antes, e parecia que ele não ia se reerguer tão cedo. As críticas em cima do treinador começavam a aparecer constantemente e ele teve de pensar em se organizar para o ano de 2006.

Um recomeço no Botafogo para Cuca

Cuca aceitou a proposta do Botafogo para comandar a equipe em 2006, e conseguiu fazer um trabalho no time carioca, o levando para um novo patamar e com condições de brigar por títulos nacionais. Montou um time recheado de craques como Dodô, Zé Roberto, Lúcio Flávio e Jorge Henrique. Terminou o ano com boas campanhas. 

Em 2007, o Botafogo teve um ínicio espetacular com Cuca no comando. Ficou na liderança do Brasileirão por várias rodadas, mas acabou não levando o título no final, que terminou nas mãos do São Paulo. Na Sul-Americana, o Fogão foi eliminado pelo River Plate nas oitavas de final, jogo que culiminou em frustração de Cuca, que pediu demissão.

O curioso é que nove dias depois de pedir demissão, Cuca retornou ao Botafogo e terminou o ano no clube, onde também iniciou em 2008 chegando nas finais do Campeonato Carioca, mas perdendo para o Flamengo na decisão. Foi demitido do clube após ser eliminado da Copa do Brasil, e depois passou por Santos e Fluminense, onde não conseguiu obter bons resultados.

O primeiro título de Cuca

Depois de um ano difícil, Cuca voltou ao Flamengo com objetivo de não repetir a sua primeira passagem no clube e finalmente conseguiu seu primeiro título expressivo como técnico: campeão carioca de 2009 diante do Botafogo, seu ex-clube. Porém, não conseguiu obter o mesmo rendimento no Brasileirão e foi demitido, mas continuou na cidade maravilhosa e foi contratado pelo Fluminense, que naquele ano era dado como rebaixado e matemáticos calculavam 98% de chance de rebaixamento, mas Cuca teve uma façanha incrível de livrá-los da degola.

Cuca seguiu no clube tricolor em 2010, mas após um ínicio ruim no Carioca, foi demitido. Mas ele não desistiu e no mesmo ano foi contratado para ser treinador do Cruzeiro. No clube mineiro, melhorou o sistema defensivo e conseguiu fazer uma campanha incrível, terminando como vice-líder no Brasileiro e se classificando para a Libertadores.

Seguiu no Cruzeiro no ano de 2011 e foi campeão mineiro, mas com a a eliminação precoce na Libertadores e um ínicio ruim no Brasileiro, Cuca foi demitido. Alguns meses depois, acertou com o rival do Cruzeiro, o Atlético Mineiro, que corria risco de rebaixamento. Após perder as seis primeiras partidas, pensou em desistir do cargo, mas foi convecido pelos jogadores à ficar.

Depois de conseguir equilibrar a equipe, Cuca conseguiu tirar o Galo do rebaixamento e permaneceu para o ano de 2012, onde reformulou a sua equipe e conquistou o título do Campeonato Mineiro pela segunda vez na sua carreira. Na Copa do Brasil, sofreu a eliminação nas oitavas de final pelo Goiás, mas no Brasileirão, não quis fazer feio. Trouxe vários nomes novos para o Galo como Ronaldinho, Jô e Victor, e acabou na vice-liderança da competição, levando o Atlético à Libertadores da América.

A grande conquista da Libertadores da América

Em 2013, Cuca teve vontade de vencer a Libertadores pela primeira vez. Nas duas primeiras oportunidades que teve com São Paulo e Cruzeiro, não conseguiu ter resultado. Com o Galo seria diferente. Com fama de "azarado", Cuca levou o Atlético Mineiro ao título vencendo o Olímpia nas penalidades máximas em pleno Mineirão, com uma campanha surpreendente e cheia de "milagres". 

Foi um título histórico para Cuca e para o Galo. Com empolgação máxima, o treinador foi para a disputa do Mundial de Clubes, mas foi eliminado na primeira partida pelo Raja Casablanca e, após isso, acabou saindo e aceitando uma proposta do futebol chinês.

A primeira experiência em outro país

Cuca só havia treinado equipes brasileiras em toda sua carreira como treinador, e com o Shandong Luneng, na China, teve sua primeira experiência no exterior. Obteve sucesso na primeira temporada ganhando a Copa da China, e no ano seguinte, ganhou a Supercopa Chinesa e terminou na terceira posição do Campeonato Chinês, se classificando para a Liga dos Campeões da Ásia. 

Na "Champions asiática", Cuca não foi muito bem e foi eliminado na fase de grupos, e após isso, no final de 2015, o treinador retorna ao Brasil para treinar o Palmeiras. 

O Cuca de hoje em dia

Atualmente no Palmeiras, Cuca se consagra campeão brasileiro pela primeira vez na sua carreira, contando com vários jogadores de qualidade no elenco como Moisés, Zé Roberto, Dudu, Jean e Gabriel Jesus. 

O estilo de jogo de Cuca

A maneira de jogar do treinador Cuca tem um nome: "Cucabol". Nome esse dado pelos comentaristas e analistas de futebol pela maneira como ele posta o time em campo. O seu estilo de jogo é abusar de cruzamentos na área adversária, inclusive em cobranças de lateral. É considerado que expressões como "Cucabol" e "Muricybol" (Nome dado ao estilo de jogo do treinador Muricy Ramalho) remetem-se a times bem treinados, que tem fundamentos em campo. Isso é muito positivo.

Cuca também é reconhecido pelo sua grande capacidade de montar grandes elencos. O ex-jogador e treinador Mário Sérgio já afirmou que Cuca é o melhor nome para se montar equipes de qualidade e com competividade. No ano de 2007, quando treinava o Botafogo, ele formou uma equipe com características de movimento, no qual ganharam o apelido de "Carrossel Alvinegro".

No Atlético Mineiro, o time de Cuca também ganhou um apelido: "Galo Doido", por conta da individualidade de cada um, criação de espaços no campo para ter maris facilidade de jogo, usando Jô como pivô e Ronaldinho Gaúcho para criar. Isso era muito visto, principalmente nos jogos dentro do Independência.

As mudanças no Palmeiras com Cuca

O Palmeiras pensava em ser campeão desde o íncio da temporada e Cuca ressaltou a força do time para ir busca do título. Não deu outra. O Palmeiras foi forte do começo ao fim e isso se deve também à mudança tática e uma jogada ensaiada que o treinador aplicou no time.

Cuca já admitiu que sua tática se baseia no conhecimento das características do adversário e dos seus jogadores. Ele conseguia entender durante todo o campeonato os fatores que levavam o seu time à cair de produção e os corrigia o mais rápido possível com instruções e quando necessário, algumas alterações cruciais.

Uma das táticas usadas por Cuca em muitas partidas no campeonato foi a utilização excessiva de jogadores no ataque. Ele entendia que quanto mais jogadores tivessem centralizados na frente, o adversário daria mais espaços para chegadas de atacantes nas pontas. E nas pontas, ele tinha atletas de extrema qualidade como Dudu e Gabriel Jesus.

Cuca usufruia muito das jogadas de cruzamento na área, o que não deixa de ser uma jogada ensaiada, já que com uma forte movimentação de seu ataque, isso acabava dando muito certo. O Palmeiras mudou muito nas mãos do treinador, que agora poderá usufruir do primeiro título brasileiro de sua carreira com um trabalho muito bem elaborado desde as primeiras rodadas.