O conceito de Jornada do Herói foi criado pelo estudioso norte-americano de mitologia e religião comparada, Joseph Campbell. Nele, Campbell criou um modelo de como seria o passo a passo do percurso da transformação de um homem comum em herói. E Fernando Prass parece ter saído de um roteiro de cinema, pois se encaixa nisso.

Essa jornada possui 12 estágios principais. E Prass parece ter passado por todos eles até chegar onde chegou. O primeiro deles é o “Mundo Comum”, que é o mundo normal do herói antes da história começar. E neste estágio ele se encontrava no Vasco, com salários atrasados. O segundo é “O Chamado da Aventura”, onde um problema, um desafio se apresenta ao herói. A proposta do Palmeiras havia sido feita.

Mas, o terceiro estágio, a “Reticência do Herói”, estava presente na situação em que o time de São Paulo se apresentava: na segunda divisão. Essa etapa é quando o herói, geralmente porque tem medo, recusa ou demora a aceitar tal desafio. Porém, o terceiro estágio, o “Encontro com o mentor”, deve ter sido dentro dele. Jogar em um time onde um dos maiores ídolos é um goleiro e onde a torcida estava carente por ídolos, chamou a atenção.

Então chega o quinto estágio, o “Cruzamento do Primeiro Portal”, onde Fernando Prass faz sua estreia diante do Bragantino, em partida válida pelo Campeonato Paulista, e que terminou empatada em 0 a 0.

As provocações, os aliados e inimigos, o sexto estágio, aparecem. A segunda divisão é conquistada e o time garante o acesso para a Série A. E Prass alcança a sétima etapa, a aproximação, onde o herói tem êxitos.

O oitavo estágio é onde há a maior crise da aventura. E este foi o ano de 2014, onde o Palmeiras por muito pouco não voltou para a segunda divisão, onde apenas dois pontos separaram o Vitória, primeiro da zona de rebaixamento, e o Verdão. Um ano de muito sofrimento para a torcida e o time palmeirense.

A “Recompensa”, o nono estágio, foi o ano de 2015 para Prass. Desde o quase rebaixamento em 2014 até a conquista do tricampeonato da Copa do Brasil, onde ele foi literalmente o herói do título. E logo após veio o “Caminho de Volta”, onde ele deve voltar ao mundo comum, e 2016 começou assim para ele. A penúltima etapa é a “Ressurreição do Herói”, onde ele enfrenta mais um desafio: a seleção brasileira.

Porém, nem mesmo a jornada do herói consegue prever os obstáculos da vida. A lesão no cotovelo de Prass o tirou dos gramados da seleção e do Palmeiras. Foi um baque para todos, torcedores, jornalistas, jogadores e principalmente os palmeirenses, que se viram sem o ídolo de baixo das traves.

Mas, a jornada do herói tarda mas não falha. A última etapa é o “Regresso com o Elixir”, e aconteceu diante da Chapecoense, no dia 27 de novembro, o jogo do título, onde Prass foi relacionado para a partida e ovacionado nos minutos finais, quando Cuca tirou Jaílson para a entrada do goleiro.

Fernando Prass, herói e ídolo.

(Foto: Henrique Ayres/VAVEL Brasil)
(Foto: Henrique Ayres/VAVEL Brasil)