Fim de 2015. O Corinthians encantava Brasil e a América com um futebol que aliava competência, ofensividade, objetividade, organização e lealdade, isso sob a tutela de Tite. Naturalmente, já entrava como o grande bicho-papão para 2016. A realidade, no entanto, foi totalmente diferente.

O Timão logo viu seus principais jogadores saírem facilmente e em debandada, principalmente para o mercado chinês. Gil, Felipe, Ralf, Jádson, Edu Dracena, Renato Augusto, Malcom e Vágner Love saíram ainda antes de começar a temporada. Já Elias, Bruno Henrique, Edílson, Matheus Pereira, André e Luciano deram adeus durante o ano. Novos jogadores chegaram, como Balbuena, Vilson, Willians, Guilherme, Giovanni Augusto, Marquinhos Gabriel e Gustavo, mas o time perdeu força, oscilou, irritou a torcida, não alcançou objetivos, apresentou vários erros dentro e fora de campo e deixa a Fiel com uma enorme pulga atrás da orelha.

Melhor momento na temporada

Após um Paulistão em que liderou tranquilamente a tabela geral e apresentando um futebol razoável para quem tinha praticamente um time novo, o Corinthians foi eliminado na semifinal para a surpresa Audax. Já na Libertadores, a equipe oscilou mais, mas passou como um dos melhores líderes e encarou o Nacional.

Após empate fraco no Uruguai, a Arena em Itaquera pulsava. Mas a falta de qualidade ofensiva pesou e o empate em 2 a 2, ainda com pênalti perdido, eliminou o atual campeão brasileiro.

Tite começava o Brasileirão mudando a equipe. Dentro da competição, essa pode ser considerada a melhor época corinthiana, quando o time apresentou bom futebol, venceu Ponte Preta, Sport, Santos e Coritiba dando certa esperança ao torcedor.

Um convite mudou tudo. Depois da saída de Dunga, a Seleção Brasileira se voltou para Tite, que não recusou e foi comandar a principal seleção do mundo. Mesmo deixando o time na quinta posição, a equipe evoluía seu futebol, principalmente com um ajuste no meio-campo. Depois de quase seis meses, o treinador encaixou um trio de meia com Giovanni Augusto pela direita, Marquinhos Gabriel pela esquerda e Guilherme pelo meio. A dinâmica da equipe e a criação aumentaram, mas tudo foi acabando durante o resto do ano.

Pior momento da temporada

Podemos dizer que após saída de Tite, o Corinthians acumulou vários péssimos momentos. O time era inconstante, não mantinha um padrão e só piorava. A diretoria definiu o novo treinador. Cristóvão Borges chegava já contestado, mas, quando não tinha tempo pra treinar, manteve o padrão do ex-treinador e engatou grande sequência, incluindo uma goleada de 4 a 0 contra o Flamengo. O Timão chegou a liderar o Brasileiro, mas a equipe entrou num marasmo, começava a cair de rendimento e não se impunha nem em casa.

O futebol fraco da equipe, as fragilidades enormes mesmo contra times da parte debaixo da tabela e a pressão de todos fez com que Cristóvão caísse após derrota em casa contra o Palmeiras. O alvinegro novamente trocava de treinador e perdeu duas seguidas em casa. Oswaldo de Oliveira chegou, venceu os lanternas e só. A equipe corria ladeira à baixo e o ponto máximo foi a sapecada tomada contra o São Paulo. Um time morto, entregue, sem reação. Resultado: 4 a 0 e ainda ficou barato.

A equipe ainda lutava por uma vaga à Libertadores, já que havia aumentado para seis. Mas o time nem isso conseguiu. A defesa, grande trunfo de antigamente, virou uma peneira e a equipe não estará na Libertadores em 2017.

A grande mudança para 2017

Sem a vaga para o principal torneio internacional das Américas, o alvinegro entra em 2017 com um grande ponto de interrogação. A diretoria já sinalizou que não fará grandes investimentos e o técnico Oswaldo de Oliveira deve seguir no comando da equipe.

A Fiel já mostra enorme irritação e pede a cabeça tanto do treinador como de membros da diretoria. O elenco não é fraco, mas precisa muito de contratações em todos os setores do campo. Hoje, entraria pra brigar na parte debaixo da tabela do Brasileiro de 2017. Novas saídas ainda podem acontecer e as chegadas serão poucas.

A esperança fica na melhora do caixa do clube para buscar alguém interessante para o elenco corinthiano. Hoje, do jeito que está, o torcedor sofrerá muito em 2017.

O grande destaque: Rodriguinho

Reserva em grande parte da temporada 2015, Rodriguinho foi o protagonista forçado nesse ano. Antes reserva de Elias e que fazia bem a função de segundo volante, passou a ser titular após saídas de Bruno Henrique e do próprio Elias.

Além do mais, Rodriguinho se tornou o motor da equipe. Fundamental para a criação de jogadas, ele aparecia em todo setor do campo. Mais avançado e jogando na sua posição de origem, ganhou reconhecimento da torcida, em meios aos inúmeros fracassos em 2016.

A grande decepção: Guilherme

Vindo logo após o desmanche de janeiro, Guilherme assumiu a camisa 10 e empolgava a torcida, que via nele potencial para ser a referência de armação de jogadas no ataque, ainda mais após grande passagem pelo Atlético-MG.

O histórico de lesões era um dos fatores que deixava a Fiel com um pé atrás e ele realmente sofreu novamente com isso. Guilherme passou algumas rodadas de fora por problemas físicos, além de ter reclamado publicamente da reserva. No pouco que conseguiu jogar após a saída de Tite, ele demonstrou que era realmente diferenciado, mas com pouca sequência.

A esperança é que a pré-temporada bem feita, com nomes mais fortes no elenco, faça de Guilherme outro jogador em 2017.

Os treinadores

Conhecido por ter uma linha de trabalho após a queda para Série B em 2007, o Corinthians foi radical e se perdeu totalmente em sua filosofia durante esse ano.

Tite começou a temporada comandando a equipe e tinha total apoio da Fiel torcida. O problema começou a aparecer quando surgiu o convite da Seleção Brasileira e Adenor partiu para um novo trabalho. O Timão se viu obrigado a mudar e tinha a chance de trazer Mano Menezes, nome conhecido e importante dentro desse ciclo montado em 10 anos.

Só que problemas particulares com o presidente Roberto de Andrade fizeram o Corinthians mudar seu pensamento. No começo, Fábio Carille, auxiliar de Tite, treinou o time e tentou manter a linha de trabalho. Até a chegada de Cristóvão Borges.

O comandante novo chegou junto com enorme desconfiança da torcida por nunca ter tido um trabalho consistente na carreira. Mesmo após bom trabalho, colocando até o time na liderança, faltava futebol e isso foi piorando conforme o tempo de trabalho aumentava. A derrota para o Palmeiras fez Cristóvão ser demitido.

Carille novamente assumiu e tinha a promessa de ficar até o fim do ano. Mas cartola no Brasil dificilmente cumpre a palavra e um velho conhecido retornou após 12 anos: Oswaldo de Oliveira, campeão mundial em 2000 e com passagem em 2004, voltou e foi logo exaltando clube e torcida. Mas o final do torneio expôs o péssimo trabalho dele. Apenas duas vitórias, fragilidade tática e péssima visão de jogo.

O que esperar para 2017

A Fiel terá no próximo ano uma data redonda não muito agradável: 10 anos da queda para a Série B. E o cenário atual não é tão diferente ao daquela época.

São problemas na diretoria, com nomes ligados à investigação da Lava-Jato, presidente com problemas documentais, diretores que trocam farpas publicamente, além de pouca visão de futebol, apesar do caixa ter melhorado em vista do que era.

Hoje, com o elenco que tem, o trabalho, curto, mas muito fraco e de histórico recente fraco do atual treinador e falta de convicção da diretoria, o torcedor corinthiano pode esperar um Timão brigando na metade de baixo da tabela. O segundo turno da equipe foi péssima e ficou em 16º. Se não mudar, se não tiver investimento aliado a uma certeza e melhora dentro de campo, o Corinthians vai sofrer. Estrutura para trabalho, tanto de CT quanto de estádio e torcida, isso é inegável, um dos melhores do país, mas falta material humano e inteligência. A Fiel pede e merece dias melhores.