A temporada de 2016 para o Cruzeiro está finalmente chegando ao fim. Para o torcedor, foi um ano, em sua maioria, de muita aflição, raiva e angústia. Os cruzeirenses viram a equipe pouco produzir nas mãos de dois técnicos com abordagens peculiares. Criou-se uma nova esperança com a chegada de Mano Menezes, que, enfim, salvou o time do rebaixamento, permancendo no rol dos times que nunca participaram da segunda divisão de nosso futebol, além de classificar a Raposa para a Copa Sul-Americana 2017.
Após um 2015 sem títulos e com mudanças no departamento de futebol, o torcedor esperava um 2016 melhor. Mas, os dois primeiros fracassos no Campeonato Mineiro e Primeira Liga mostravam o que a temporada prometia para o Cruzeiro. O Campeonato Brasileiro chegou e o primeiro turno foi catastrófico. A Raposa fez um segundo turno que valeu pela competição inteira, mas, para isso, teve que deixar a Copa do Brasil em "stand by", caindo nas semifinais para o Grêmio, que se sagrou pentacampeão.
Agora você confere, em ordem cronológica, a retrospectiva do Cruzeiro, produzida pela equipe VAVEL Brasil.
Cruzeiro aposta em Deivid como técnico e explora mercado sul-americano
O ano de 2015 acabou e o Cruzeiro ficou sem seu técnico Mano Menezes recebeu proposta generosa do futebol chinês e acabou deixando o time. A diretoria celeste foi pega de surpresa com a decisão. Nomes como de Muricy Ramalho e Diego Aguirre, que foi anunciado pelo rival Atlético-MG dias depois, estavam no mercado. No entanto, os dirigentes celestes optaram por buscar uma solução caseira e apresentaram o então auxiliar Deivid como novo treinador. O ex-jogador chegou à Raposa como parte da comissão técnica de Vanderlei Luxemburgo e, após a saída do técnico, se manteve na comissão fixa da equipe.
Deivid foi apresentado ainda em dezembro de 2015 ao lado do também ex-jogador Pedrinho, que seria seu auxiliar, e de Geraldo Delamore, que fez parte da comissão técnica de Tite. Assim, o Cruzeiro foi ao mercado e efetuou oito contratações, explorando ao máximo o mercado sul-americano. A Raposa contratou os volantes Federico Gino, Lucas Romero e Marciel, os apoiadores Sanchez Miño, Pisano e Bruno Nazário e os atacantes Rafael Silva e Douglas Coutinho. Apesar de boa parte da lista não ser conhecida do torcedor celeste, o apoio era depositado. Vários destes jogadores foram recebidos ainda no aeroporto.
Fracassos na Primeira Liga e no Mineiro custam emprego de Deivid
A bola, enfim, começou a rolar em 2016, depois de uma extensa pré-temporada. O primeiro adversário do ano foi o Criciúma, pela Primeira Liga. O empate em 1 a 1, no Heriberto Hulse, frustrou parte da torcida, mas, entendiam que era um resultado normal por ser começo de temporada. Veio o Campeonato Mineiro. O adversário era a URT, pela primeira rodada. O empate sem gols, em pleno Mineirão, acendeu o alerta no torcedor logo no começo do ano, já que foi uma partida fraca técnicamente. Deivid se justificava nas entrevistas coletivas, mas, a torcida seguida de olho.
A Raposa não conseguia fazer brilhantes partidas e sempre vencia com um gol de diferença. Mas, o que aumentou a desconfiança do torcedor, foi a derrota para o Fluminense, por 4 a 3, no Mineirão, pela segunda rodada da Primeira Liga. O revés eliminou o Cruzeiro da competição precocemente. No Campeonato Mineiro, a equipe celeste terminou a primeira fase com 29 pontos, sendo líder, sem derrotas. Apesar do desempenho brilhante na tabela, a torcida não gostava nem um pouco da performance do time em campo. Mas, Deivid colocava panos quentes e sempre afirmava: "Somos líderes".
Então, veio a semifinal. O adversário era o América-MG. A primeira partida foi no Estádio Independência. O Cruzeiro não conseguiu impor seu ritmo e perdeu por 2 a 0. A pressão em Deivid aumentou e o treinador estava ciente disso. O clima na Toca da Raposa II era de tensão naquela semana. A segunda partida veio, mas a equipe celeste não conseguiu sair do 0 a 0, no Mineirão. Horas depois do apito final, a diretoria optou por demitir Deivid. O ex-jogador comandou o time em 18 jogos, vencendo 11, empatando cinco e perdendo dois.
Recusas de brasileiros obrigam Cruzeiro a contratar Paulo Bento
Após a demissão de Deivid, o "Plano A" do Cruzeiro era contar com Jorginho, naquela época, técnico do Vasco. Mas, a equipe estava na decisão do Campeonato Carioca. A diretoria celeste, então, sugeriu ao treinador que assumisse a Raposa após o término do Estadual. Mas, o presidente cruzmaltino Eurico Miranda entrou em ação e dificultou a saída de Jorginho, renovando o contrato do profissional. Os dirigentes celestes tentaram, também, Ricardo Gomes, que dirigia o Botafogo, adversário do Vasco na final do Carioca. Gomes, no entanto, preferiu seguir com seu projeto no Glorioso.
Sem opções no mercado brasileiro, a Raposa então explorou outros ares e foi parar em Portugal, onde encontrou Paulo Bento, ex-treinador da seleção portuguesa. Bento assinou com o clube celeste até o fim de 2017. Assim, os dirigentes celestes colocaram fim em uma novela, que durou 17 dias. O estilo europeu do técnico foi sentido logo de cara, com treinamentos logo pela manhã, cercados de muito mistério. O semblante sério do português mostrava o profissionalismo do mesmo. Sua estreia na Raposa foi contra o Figueirense, pelo Campeonato Brasileiro. A partida terminou empatada em 2 a 2, após a equipe celeste sofrer 2 a 0.
Bento até conquistou vitórias importantes no Cruzeiro, como no clássico contra o Atlético-MG, no qual venceu por 3 a 2, além do líder Palmeiras, por 2 a 1, no Mineirão. Mas, a equipe, sob seu comando, sofreu oito derrotas, ficando na zona de rebaixamento do Brasileirão, sem mostrar qualquer tipo de reação. Após a derrota para o Sport, por 2 a 1, no Gigante da Pampulha, no dia 24 de julho, a diretoria celeste optou por demitir o português, que saiu com 41,17% de aproveitamento, com seis vitórias, três empates e oito derrotas.
Super Mano: assim como em 2015, técnico chega ao Cruzeiro para salvar a temporada
Diferentemente do que havia ocorrido no primeiro semestre, quando a Raposa ficou 17 dias sem técnico, os dirigentes celestes agiram rápido e anunciaram Mano Menezes, novamente, como técnico. Afinal, não havia tempo a perder. A equipe precisava de uma reação no Campeonato Brasileiro. Assim, o treinador, que havia sido demitido do Shandong Luneng-CHN, interrompeu suas férias no Caribe e desembarcou em Belo Horizonte afirmando: "Quando o Cruzeiro precisar, sempre vou dizer sim".
O carinho da torcida pela campanha de 2015 credenciou o retorno de Mano, que logo emplacou seis jogos de invencibilidade. O técnico soube usar os reforços que a Raposa havia contratado ainda com Paulo Bento no comando, como: Rafael Sóbis, Ramón Ábila, Ezequiel, Edimar, entre outros. A Raposa chegou a golear o Botafogo, em plena Arena, por 5 a 2, pela primeira partida das oitavas de final da Copa do Brasil, mas, logo após, enfrentou um jejum de vitórias que durou cinco jogos.
Além do Botafogo, o Cruzeiro também eliminou o Corinthians da Copa do Brasil. Após perder o primeiro jogo, em São Paulo, por 2 a 1, a Raposa fez a lição de casa e venceu o Timão, no Mineirão, por 4 a 2. No entanto, o Grêmio veio ao Gigante da Pampulha e fez 2 a 0 na equipe celeste, logo no primeiro jogo da semifinal. O segundo duelo, em Porto Alegre, terminou sem gols. Assim, restou o Campeonato Brasileiro. Mano conseguiu, mais uma vez, salvar o time do rebaixamento, e ainda classificou a Raposa para disputar a Copa Sul-Americana 2017.
Feliz 2017!
Antes mesmo do fim da temporada, o Cruzeiro anunciou a saída do volante Denilson, que chegou à Toca da Raposa II em julho, emprestado pelo Al-Wahda, dos Emirados Árabes. O jogador disputou apenas cinco partidas pela equipe celeste. Além do camisa 88, a diretoria celeste também confirmou a saída do zagueiro Bruno Rodrigo, cujo contrato vence no fim do ano e que não será renovado. Bruno, que chegou em 2013, deixa o Cruzeiro após 166 partidas, marcando 17 gols, se sagrando o terceiro maior zagueiro artilheiro da história do clube.
Logo após o término do Campeonato Brasileiro, a diretoria da Raposa anunciou duas contratações: a do zagueiro equatoriano Luis Caicedo, além do lateral-esquerdo Diogo Barbosa, oriundo do Botafogo. Os dirigentes também oficializaram a renovação de contrato do defensor Léo por mais duas temporadas. Houve, também, reformulação fora de campo, uma vez que o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, anunciou a saída de Thiago Scuro, diretor de futebol celeste.
Diferentemente de 2016, a próxima temporada não terá "apostas", apenas contratações pontuais. Uma decisão conjunta da diretoria com a comissão técnica, representada por Mano Menezes. Dos jogadores emprestados, apenas o lateral-direito Fabiano, campeão brasileiro pelo Palmeiras neste ano, será reintegrado. Nomes como o do lateral-esquerdo Mena e do atacante Neilton, estão em análise pela comissão técnica. Allano, Eurico, Rafael Silva e Uillian Correia serão emprestados novamente.
Melhor jogo: Botafogo 2 x 5 Cruzeiro, jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil
No dia 1º de setembro, Botafogo e Cruzeiro se enfrentavam no Estádio Luso-Brasileiro, no Rio de Janeiro. Os mandantes até abriram o placar, sofreram a virada, buscaram o empate, mas o ataque da Raposa estava inspirado e logo construíram 5 a 2 no placar. O atacante argentino Ramón Ábila foi destaque da partida, com dois gols. O meio-campo da equipe celeste também teve atuação brilhante, sobretudo, com Robinho e Arrascaeta.
Pior jogo: Cruzeiro 0 x 2 Grêmio, jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil
O torcedor celeste estava empolgado com a Copa do Brasil. 53.452 cruzeirenses compareceram ao Mineirão para o duelo contra o Grêmio. Mas, viram mesmo o show de Luan, que marcou um golaço no primeiro tempo. A Raposa apenas assistia o Tricolor Gaúcho jogar. No segundo tempo, mais um belo gol, desta vez, de Douglas. Um jogo de poucas chances de gol para o Cruzeiro. Um futebol escasso. As vaias eram justificadas pelo mau desempenho em campo.
Melhor jogador: Rafael (goleiro)
Nos profissionais do Cruzeiro desde 2008, o goleiro Rafael sempre foi o reserva imediato de Fábio. Com a lesão do ídolo celeste nesta temporada, coube ao camisa 12 assumir a meta celeste. Seguro, o jovem defendeu três pênaltis durante o ano, sendo dois no Campeonato Brasileiro e um na Primeira Liga. Como todo goleiro, Rafael precisou de sorte. Diante do Sport, na Ilha do Retiro, o arqueiro viu a penalidade de Diego Souza acertar o travessão.
Não foram só as penalidades que consagraram Rafael. As defesas no reflexo, os saltos nos cantos da meta, fizeram o camisa 12 passar dez partidas sem sofrer gols. A segurança demonstrada pelo goleiro fez com o que a diretoria celeste procurasse o jogador para renovar seu vínculo, que agora terá duração até o fim de 2019. Fábio voltará a jogar em abril de 2017. E aí, Mano Menezes? A dúvida ficará por conta do comandante celeste.
Pior jogador: Lucas (lateral-direito)
Lucas chegou ao Cruzeiro em abril, através de uma negociação envolvendo a ida do lateral-esquerdo Fabrício ao Palmeiras. A intenção da diretoria celeste era suprir a ausência do lateral-direito Mayke, que sofreu com a sequência de lesões na atual temporada. Fabiano, reserva imediato, não conseguiu corresponder à altura e também foi negociado com o clube alviverde. Em troca, o meio-campo Robinho desembarcou em Belo Horizonte.
No entanto, Lucas também não se firmou na posição. Muito se esperava dele, mas não foi correspondido. O lateral-direito apresentou grande deficiência técnica, tanto defensivamente, quanto na parte ofensiva. Assim, o Cruzeiro foi obrigado a contratar Ezequiel, oriundo do Criciúma. Mas, quem resolveu os problemas do setor foi o volante Lucas Romero, improvisado na direita.
Análise final
Ao contrário do que foi ano passado, o Cruzeiro, ao que tudo indica, irá começar a pré-temporada de 2017 com um técnico de expressão. A permanência de Mano Menezes, é, sim, um fato a ser comemorado. Ter um "manager" que sabe o que deve ser mudado e quais peças deverão ficar, ou não, já é de fato uma dose de tranquilidade para os torcedores da Raposa.
Fato é que os dirigentes celestes terão que analisar muito bem os nomes a serem contratados e a serem dispensados. O Cruzeiro perdeu muito nesta péssima temporada de 2016. De acordo com o site de valores, Transfermarkt, do plantel de 40 jogadores do time, apenas 14 tiveram valorização no ano. Outros 14 não tiveram mudanças e 12 tiveram quedas em seus valores (entre eles, todos os zagueiros, os laterais direitos e o atacante Willian).
Das oito contratações concluídas no início da temporada, cinco saíram do Cruzeiro no decorrer do ano: Sanchez Miño foi devolvido ao Torino-ITA, mesma situação de Marciel, que retornou para o Corinthians. Douglas Coutinho rescindiu contrato com a Raposa no fim de agosto, enquanto Rafael Silva foi emprestado ao Figueirense e Matías Pisano foi cedido ao Santa Cruz. Bruno Nazário jogou apenas cinco partidas pela Raposa, enquanto Gino entrou em campo em 11 oportunidades.
É bastante óbvio que o Cruzeiro precisa de uma reformulação. Não precisa contratar craques com salários surreais, mas sim jogadores pontuais, que irão resolver o problema dos setores mais carentes da equipe, como laterais e ataque, uma vez que a Raposa sofreu com a seca de gols lá na frente. Planejamento é fundamental. Sustos como os que a equipe celeste passou em 2016, com o rebaixamento "na porta", poderiam ser evitados. Salários poderiam ser enxugados. Lição para 2017.