O Brasil de Pelotas voltou a estar entre os 40 clubes do país na disputa da Série B do Campeonato Brasileiro 2016. O Xavante surpreendeu ao seus e aos demais torcedores pelo país pelas campanhas no ano. A começar no Campeonato Gaúcho, quando teve dificuldades para engrenar na competição, lutou contra a queda, mas ainda conquistou uma das vagas para o mata-mata. Eliminado nas quartas de final, o Rubro-Negro focou-se na disputa nacional do ano, em sua volta à segunda divisão do Brasil. Sempre forte em casa, o Xavante chegou a sonhar com o acesso, mas acabou no meio da tabela de classificação, em 11º lugar.

O primeiro ponto a analisar do Brasil de Pelotas é o treinador: Rogério Zimmermann está com o clube desde 2012, quando ajudou o Rubro-Negro a regressar para a elite do futebol gaúcho. Antes disso, o clube amargurava a divisão de acesso em período deveras complicado. O Brasil havia sofrido um acidente com seu ônibus em janeiro de 2009, o que culminou no falecimento de dois atletas, Régis e Claudio Milar, e do preparador de goleiros Giovani Guimarães. Com muitos impossibilitados de jogar por lesões, se esforçou descomunalmente para montar um elenco às pressas, mas acabou rebaixado. Zimmermann, em 2012, botou o Brasil de volta nos trilhos do futebol estadual.

Mais do que isso, não demorou para o Xavante, de torcida apaixonada e conhecida por ser uma das maiores do estado gaúcho, ingressar em sua saga nacionalmente. Subiu da Série D para a Série C em 2014. No ano seguinte, superou o Fortaleza nas quartas de final e subiu para Série B, de volta aos 40 maiores clubes brasileiros. Não disputava a segunda divisão há 15 anos. O 2016 iniciou com um Gauchão disputado, aguerrido, o Brasil não encaixava seu jogo no estádio Bento Freitas, onde costuma obter os melhores resultados. O ataque não vinha funcionando e o time, após flertar com novo rebaixamento, acabou escapando e ficando com a 8ª posição na fase inicial. Foi eliminado para o Grêmio no mata-mata.

Durante o estadual, o meia Marcos Paraná foi um dos poucos destaques, inclusive com o gol que foi eleito o mais bonito do Gauchão. O lateral-esquerdo Xaro foi o mais criticado e perdeu espaço na equipe com a chegada do bom lateral-esquerdo Marlon, titular no resto da temporada. Na lateral-direita, Wender, do estadual, se lesionou, e Weldinho, pertencente ao Palmeiras, ganhou a posição. O ataque rubro-negro esperava mais do atacante Ramon, vindo do Lajeadense.

Mandante forte mesmo com a casa em reforma

No Brasileiro, a estreia foi com casa cheia, como costumou acontecer durante o ano. Vitória tranquila por 2 a 0 sobre o Paraná Clube. Uma torcida eufórica e ainda desabituada a disputar um campeonato tão longo de pontos corridos. Aos poucos, a realidade trouxe uma série de vitórias no estádio Bento Freitas. Por falar no estádio, a casa xavante passa por reformas e o clube não contou com seu espaço em Pelotas em algumas rodadas. Nas que contou, ainda conviveu com a presença das arquibancadas móveis, em um cenário diferente.

Ainda no primeiro turno, saiu para ser mandante em Caxias do Sul, no estádio Centenário, e obteve bons resultados. Empatou com o Náutico e venceu os adversários Bahia e Joinville. Na reta final do turno, conquistou suas primeiras vitórias fora de casa e chegou a ingressar no G-4. Com os pés no chão, o técnico Rogério Zimmermann e seu grupo mantiveram um discurso que era dado no início do ano: "o objetivo é a permanência na Série B", sem desvirtuar ou maximizar as coisas.

Leandro Camilo comemora gol no 3 a 0 sobre o Avaí (Foto: Carlos Insaurriaga/ G.E.Brasil)

O artilheiro da equipe foi Felipe Garcia, que chegou à marca de 13 gols, a maioria deles feitos ainda na primeira metade do torneio. Garcia teve a companhia do meia Diogo Oliveira, camisa 10 de técnica apurada e qualidade para bater na bola e armar o time. O ataque ganhou a presença do baixinho Elias, que estava no Aimoré durante o Gauchão. Fechou o setor ofensivo o atacante Ramon, em recuperação durante a temporada, agora com bolas na rede.

Apesar do quarteto mais à frente, a segurança defensiva era o molde e inclusive está mantida para a temporada 2017. Eduardo Martini; Weldinho, Cirilo, Leandro Camilo e Marlon; volantes Leandro Leite e Washington configuraram uma das melhores formações de defesa na Série B. Foi a quinta que menos sofreu gols. Alguns dos destaques para Martini, ex-Grêmio e Avaí, um dos mais elogiados arqueiros da Série B; Cirilo, de pouco cenário a nível nacional e idade avançada; Leandro Camilo, zagueiro-artilheiro em alguns jogos; Marlon, técnica para disputar a Série A, através de grandes atuações.

A campanha do Brasil teve seu ápice no final do turno e começo de returno. Depois, entrou em uma maré de poucas vitórias, mesmo no Bento Freitas, local em que sofreu derrotas somente para o campeão Goianense, o Vila Nova e o Criciúma. Já na reta final, o Xavante inaugurou uma nova arquibancada com vitória por 2 a 1 sobre o Vasco da Gama, em jogo de grande festa. O encerramento do campeonato, já sem chances de classificação para Série A, foi com empate em casa com o Oeste, e igualdade fora com o Avaí, ambas por 1 a 1. O Xavante ficou em 11º lugar, com 54 pontos.

Quem se destacou? Felipe Garcia, vice-artilheiro da Série B com 13 gols. Méritos também a todo o sistema defensivo xavante.

Quem decepcionou? Atacante Jonatas Belusso, com passagem por clubes de expressão, pelo futebol coreano e que não marcou gols. O meia Clebson e o atacante Nathan Cachorrão também pouco auxiliaram na campanha.

Time base na campanha: Eduardo Martini; Weldinho, Cirilo, Leandro Camilo e Marlon; Leandro Leite, Washington, Felipe Garcia, Diogo Oliveira; Elias e Ramon.

Números:

Campanha Pontos Vitórias Empates Derrotas Gols marcados Gols sofridos Saldo de Gols
Brasil de Pelotas 54 14 12 12 40 38 2

Análise-geral: O Brasil de Pelotas surpreendeu positivamente como um dos melhores mandantes no estádio Bento Freitas, sempre com muito apoio dos locais rubro-negros. A expectativa quanto ao estádio é boa, pois está recebendo melhorias e será como uma nova arena ao clube. Já quanto ao time, o técnico Rogério Zimmermann permanece para seu sexto ano no Xavante e renovou contrato com praticamente todos os seus defensores, a base de um time que marca muito. Para o ataque, o problema será reencontrar peças, pois Garcia, Oliveira, Elias, Ramon, Nathan, Clebson e outros atletas já deixaram o time.