A promessa de um time de futebol feminino no Santa Cruz saiu do papel, mas apenas por alguns meses. Desde dezembro sem treinar e sem receber auxílio desde a criação da equipe em agosto, as jogadoras foram dispensadas sem qualquer ajuda do clube, e na última quinta-feira (2) começaram a expor o descaso do time pernambucano.

A primeira a se manifestar sobre o caso foi Elaine Campos, uma das atletas do Santa Cruz. Em uma rede social, ela expôs a situação que quase trinta jogadoras do elenco feminino vêm enfrentando nos últimos meses.

Nós, do futebol feminino, fomos contratadas para jogar para o clube. Por amor, saímos de nossos estados e de nossas casas para tornar um sonho realidade. Porém, não foi e nem está sendo isso que está acontecendo. Meninas de São Paulo e eu, do Mato Grosso, fomos esquecidas. Isso mesmo, esquecidas com salários de R$250, com quatro meses de atrasos, sem alimentação e sem passagem para voltar para casa. Por acaso vocês estão sabendo disso? Nós temos um contrato assinado e queremos nossos direitos”, disse Elaine, em sua publicação.

Ao site Superesportes, a jogadora ainda falou sobre a falta de comunicação do clube com as atletas. "Temos o contrato e nada que nele está escrito foi pago, realizado. Fomos todas dispensadas. De acordo com o técnico, que só fala e não faz, estão tirando (providenciando) a passagem das meninas, mas sabemos muito bem que isso não vai acontecer. Porque é sempre uma desculpa, sempre uma recuada. Nem enfrentar a gente cara a cara eles conseguem. Só queremos satisfação e o que nos devem. Passamos por coisas que você nem imagina o que é sentir na pele”, revelou Eliane.

Das 28 jogadoras no plantel, oito chegaram de outras cidades ou outros estados. Todas, inclusive, foram procuradas pelo clube com a promessa de que teriam ajuda de custo de R$ 250 por mês, além de alimentação, alojamento, uniforme e local de treino e transporte. Porém, o contrato não foi honrado.

Estou aqui em Recife desde o dia 23 de agosto, fui a primeira a chegar. Não nos deram condição de ir treinar, nem alimentação devida de uma atleta. Comemos apenas arroz, feijão e farinha pelo patrocínio, se não nem isso teríamos. Temos uma ajuda de custo de R$ 250 e até hoje, desde que chegamos, não vimos um real. Prometeram milhares de coisas e não nos deram nada. Ficamos em uma casa em Olinda sem nada e dormimos no colchão no chão porque não tem cama. Não temos geladeira, fogão", disse uma atleta, que preferiu não se identificar, ao Diário de Pernambuco.

"Não tivemos um apoio de nada do clube. A única coisa que foi dita e cumprida foi o nosso amistoso contra o Náutico, no Arruda, e a nossa vinda para Pernambuco. Somente. Só quem vive conosco lado a lado sabe como está nossa situação. Está sendo horrível. Nunca passei isso na minha vida e olha como estou hoje”, completou.

Na esperança de ganhar uma vaga no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino Série A1, o Santa Cruz voltou a ter um time na modalidade após 11 anos. O trabalho, entretanto, ficou ativo apenas por alguns meses, visto que o clube não conseguiu permanecer na primeira divisão, forçando a diretoria a encerrar as atividades sem qualquer auxílio às atletas.

Oficialmente, o clube ainda não se pronunciou sobre o caso e nem contatou as atletas para que a questão fosse resolvida. Agora, as jogadoras aguardam um posicionamento e tentam seguir em frente.