Desde que assumiu o comando do Botafogo, Jair Ventura deu uma nova cara ao time, um perfil aguerrido de muita luta e vigor físico. Mas engana-se quem pensa que o Alvinegro é apenas suspiro e alma. Na verdade, a áurea da equipe é o sistema de volância, que consegue alcançar e ajudar os outros dois setores -  o de defesa e o de ataque.

Com a lesão de Airton, quatro jogadores assumiram o posto de coração da equipe: Matheus Fernandes, Rodrigo Lindoso, João Paulo e Bruno Silva. Mesmo sendo escalados, na maioria das vezes, como volantes, esses jogadores, dependendo do momento do jogo, assumem novas funções táticas que visam quebrar o sistema tático do adversário.

O principal “infectado” pelas ideias do jovem treinador é Bruno Silva. O volante de 30 anos chegou ao Glorioso em 2016 e seus primeiros meses na equipe não foram nada bons. Na época, foi constantemente alvo de críticas pela torcida, que já não tinha paciência com o jogador. Mas isso mudou no segundo turno do último Brasileirão – consequentemente com a chegada de Jair Ventura – quando o jogador assumiu uma nova função na equipe. Não apenas como um volante, mas como um jogador dominador pelo lado direito do campo.

Às vezes combatendo um meio campo, outras vezes fazendo pressão no lateral, outras recompondo uma linha de 4 homens no meio de campo. Bruno Silva tornou-se onipresente no lado direito do campo porque desse Jair Ventura consegue aproveitar a melhor qualidade dele: vigor físico e capacidade defensiva de combater um adversário – apesar de levar muitos cartões amarelos.

Em uma equipe que prefere jogar sem bola, Bruno consegue demonstrar suas virtudes com facilidade, já que não precisa ficar rodando a pelota ou segurando jogo. Além disso, é inegável dizer que ele é o jogador mais importante da equipe do Botafogo e que não há outro jogador com as mesmas qualidades no elenco.

Podemos dizer que Bruno Silva, desde a sua melhora tática, se tornou um “falso volante”, e isso refletiu na sua atuação ofensiva: desde então, marcou 9 gols – sendo seis esse ano. A nomenclatura utilizada se dá pois o jogador varia entre o flanco do meio campo e o lado direito, flutuando e, às vezes, fechando até como um ponta direita. São muitas posições assumidas pelo atleta no mesmo jogo.

É falso pois a nomenclatura de “volante” prevê um jogador que não saia muito do círculo central do campo, permanecendo, inicialmente, com princípios defensivos. Bruno Silva não. Ele dá combate e está presente nos contra-ataques e nas jogadas de bolas aéreas sempre pelo lado direito. Mas, no momento defensivo, recompõe como um volante, fechando o time num 4-3-1-2 ou 4-4-1-1, dependendo da situação. 

(Foto: Footstats)
(Foto: Footstats)

Provavelmente a melhor partida de Bruno Silva com a camisa do Botafogo. Em um jogo difícil, enfrentando um forte meio campo, o jogador Alvinegro foi um dos diferenciais da partida por conta do seu combate no meio campo, principalmente contra as subidas de Farid Diaz e Andres Ibargüen. Como pode ser percebido, ele quase não permanece no círculo central e na grande parte do jogo ficou entre a metade defensiva do campo pelo lado direito, justamente pela preocupação com as perigosas subidas do adversário. 

(Foto: Footstats)
(Foto: Footstats)

Diferente do jogo contra o Atlético Nacional, dessa vez Bruno Silva foi a grande preocupação do lateral adversário. Mesmo com uma maior participação ofensiva, ele não abriu mão da marcação e praticamente cobriu o lado direito do campo sozinho, provando que o vigor físico e aplicação tática são as suas maiores qualidades. Além disso, ele mostra que pode ser útil tanto quando o jogo seja bom para ele atacar, e também quando é cobrado defensivamente, mesmo que, por muitas vezes, cometa faltas bobas e tome muitos cartões – já são cinco nesse campeonato.