A emoção ao lembrar do dia 4 de julho de 2012 nunca terá fim. Muitos corinthianos lembram detalhadamente do que aconteceu neste dia, outros, de tanta emoção vivida, sequer recordam de detalhes ou ações.

Há 5 anos, eu via pela primeira vez a chance de meu time ser campeão da Libertadores, e, mesmo muito nova, já entendia a emoção que meu pai sentia naquele dia, durante cada segundo daqueles 90 minutos em que fomos, finalmente, libertados.

Nossa preparação para a final começou no dia 27 de junho, no dia do primeiro jogo da final, contra o Boca Juniors, na enorme e lotada La Bombonera. Antes do apito inicial já nos preparávamos para tal sofrimento que viria mais tarde. Eu, meu pai e meu irmão, assistindo programas esportivos o dia todo, e todos repetiam a mesma pergunta: "O Corinthians seria campeão da Libertadores de 2012?"

Até que chegou a hora do jogo. Sentamos todos juntos pra ver o jogo, até mesmo minha mãe que nunca assistia jogos conosco. Meu pai tem costume de falar muito durante os jogos, e xingar também, mas foi tudo diferente durante os dois jogos da final. Tudo que ouvíamos era o silêncio, mas aos 40' do 2º tempo, com o passe de Sheik, a bola chegou em Romarinho pela primeira vez no jogo, e gol. 

Meu pai vibrou naquele gol como eu nunca havia visto até então, levando meu irmão e eu junto com ele nessa explosão de felicidade. Acredito que naquela época mal sabíamos o que sentir, mas de tanto ver nosso pai durante os jogos, aprendemos tudo. Vibramos até o final do jogo. E depois daí, criamos ainda mais expectativa para o segundo jogo, em nosso território, no Pacaembu. 

Assim como milhões de corinthianos, queríamos ir assistir ao jogo no estádio, mas minha mãe nunca deixaria. Ela morre de medo só de nos ouvir falar sobre isso. Ficamos em casa, fazendo a mesma coisa que fizemos no dia do outro jogo da final. Durante a semana só se falava do gol salvador de Romarinho, da bela sequência de jogos, só dava Corinthians, assistimos cada gol feito durante aquela campanha, vimos cada lance importante, cada erro que quase nos fez perder nossa invencibilidade, vimos a emoção do time.

Estávamos nervosos, ansiosos, mas preparados para sermos campeões, e desde o apito inicial acreditamos na força do nosso time. Sequer passava na minha cabeça que perderíamos aquele jogo. Eu pensava "não chegamos até aqui pra algo ruim acontecer". Diferente da primeira final, meu pai comentava os lances do jogo, cada passe, cada erro, cada chegada do time do Boca com um tom de nervosismo. 

Se eu pensava que não havia visto meu pai comemorar tanto na vida dele como no gol do Romarinho na Bombonera, mudei de ideia assim que a bola foi de Danilo, de calcanhar, para Emerson Sheik, que marcou nosso primeiro gol. Desde esse momento não houve mais silêncio, cada lance era comentado com alegria, as incríveis e salvadoras defesas do Cássio eram aclamadas por nós. 

Ainda era cedo pra comemorar o título e, mesmo muito nova, eu já sabia que tudo poderia mudar em alguns minutos, mas foi naquele passe errado do zagueiro Schiavi, que chegou aos pés de Sheik, do nosso artilheiro, de novo, não houve o que nos impedisse de gritar que éramos campeões.

Depois do gol, não consigo me lembrar de mais nada, tanto que alguns lances só consegui ver depois em reprises, que assisto até hoje. Até o fim do jogo, eu conseguia ver e sentir a emoção que meu pai sentia, aos 48' do 2º tempo, no apito final, só conseguia ouvir gritos e mais gritos de felicidade, emoção e alívio.

Somos campeões da Copa Libertadores da América de 2012.

Até hoje, meu pai fica eufórico e emocionado ao falar sobre aquele título, aqueles gols, aquele ano. Até hoje assistimos documentários que falam sobre esse título, e lágrimas de emoção marcam presença em todas essas vezes. 

Há 5 anos eu estava com a minha família, ao lado de meu pai, Alessandro, quem me ensinou tudo que sei sobre futebol, e sobre o Corinthians, me ensinou que ser torcedora é apoiar não só em títulos, mas a todos os momentos. Vimos seu xará, nosso capitão Alessandro erguer a taça da Libertadores pela primeira vez. Há 5 anos, no dia 4 de julho de 2012, eu estava fazendo minha coisa favorita, torcendo pelo Corinthians, ao lado do meu pai.

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