103 anos de história, e, parafraseando a torcida que canta e vibra, lutas e glórias, não é para qualquer um. É um marco histórico no futebol brasileiro e no clube descendente de italianos, que passou por inumeráveis problemas durante sua vida. Esse mesmo Palmeiras que se reinventou, se superou e ostentou sua fibra.

Como disse Gabriel Santoro, palmeirense, cineasta e criador de vídeos: "Uma camisa que não sangra, nunca conhecerá a essência da conquista." O clube alviverde paulista, que teve de mudar de nome por causa da guerra, que teve de se reinventar em um novo século, após ser um dos times que mais venceram no século passado, um time que amargou a segunda divisão duas vezes e conseguiu voltar, no campo.
Um clube que conhece o valor da glória, conhece o valor da conquista e o que ela traz.

Para conseguir tais conquistas, sempre se passa pelo desempenho em campo, desempenho diretamente e quase sempre por culpa de seu comandante, de seu técnico que fica à beira do campo, orientando o que o time deve fazer.
Em 103 anos de história, muitos técnicos passaram pelo Palmeiras, alguns não trazem boas lembranças outros cravaram seu nome na história do clube. A VAVEL Brasil lembra os grandes e emblemáticos técnicos que passaram pelo maior campeão nacional.

Oswaldo Brandão: Inalcançável em número de jogos

Oswaldo Brandão em sua época de Palmeiras (Foto: Divulgação/SE Palmeiras)
Oswaldo Brandão em sua época de Palmeiras (Foto: Divulgação/SE Palmeiras)


No dia 18 de Setembro de 1916, na cidade de Taquara, localizada a 72 quilômetros de distância de Porto Alegre (RS), nascia uma pessoa que viria a se tornar uma das lendas do futebol brasileiro. Oswaldo Brandão cresceu nesta cidade que, em dias atuais, possui 54 mil habitantes. De Taquara para o Brasil, surgia o técnico que mais vezes defendeu as cores verde e branca do Palmeiras.

Ex-atleta do time paulista da década de 40, Oswaldo Brandão é o técnico que mais vezes esteve no comando do Palmeiras e que mais venceu pelo clube, com 585 jogos, dentro destes tiveram 341 vitórias, 151 empates e 93 derrotas.

O técnico comandou o time em períodos marcados por pausas no trabalho, sempre retornando algum tempo depois. Ele treinou o clube de 1945 a 1946; 1947 a 1948; 1958 a 1960; 1971 a 1975 e em 1980.

Oswaldo Brandão conseguiu colecionar taças importantes em solo paulista, sendo tricampeão do brasileiro, em 1960, 1972 e 1973.
também foi tetracampeão paulista, em 1947, 1959, 1972 e 1974.
O título paulista de 1974 é muito marcante para o Palmeiras e para Oswaldo pois foi contra o grande arquirrival, Corinthians, que estava há 20 anos sem conquistar uma taça expressiva.


Campeões do turno e returno do paulista, ambos os times se enfrentaram em dois jogos. O primeiro, no Morumbi com pouco mais de 35 mil pagantes, terminou empatado em 1 a 1, levando a decisão para o segundo jogo.

Os pouco mais de 120 mil torcedores no Morumbi, sendo desses 100 mil alvinegros e apenas 20 mil alviverdes viram o Palmeiras marcar com Ronaldo e se sagrar campeão paulista daquele ano, deixando seu maior rival por mais um ano sem conquistar títulos.

Oswaldo Brandão ficou muito marcado por ser o técnico que comandou a segunda academia, que tinha as estrelas Ademir da Guia, Leão, Luís Pereira, Dudu, Leivinha e César Maluco.

O técnico alviverde faleceu em São Paulo, no dia 29 de Julho de 1989, com 72 anos, três anos após encerrar sua vitoriosa carreira em solo brasileiro.

Filpo Nuñez: O argentino que comandou o Palmeiras-Brasil

Filpo Nuñez durante treino da equipe palestrina (Foto: Divulgação/SE Palmeiras)
Filpo Nuñez durante treino da equipe palestrina (Foto: Divulgação/SE Palmeiras)

Nélson Ernesto Filpo Nuñez, nasceu na capital Argentina, Buenos Aires, no dia 19 de Agosto de 1920. Antes jogador de futebol em seu país natal e técnico lá também, Filpo Nuñez comandou ao Palmeiras de 1964 a 1965; 1968 a 1969 e 1978 a 1979. Filpo Nuñez fez 153 jogos pelo alviverde, com 93 vitórias, 27 empates e 33 derrotas.

Emblemático treinador, comandou a primeira academia que tinha estrelas como Ademir da Guia, Julinho Botelho e Djalma Santos. Guiou a equipe ao título do Torneio Rio-São Paulo de 1965, vencendo o Bangu por 3 a 0.

O principal feito do técnico argentino frente ao Palmeiras foi ser o comandante da equipe que foi convidada a representar a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão, contra o Uruguai.
O Palmeiras-Brasil venceu sem maiores esforços a equipe uruguaia, pelo placar de 3 a 0 com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano.
Filpo Nuñez é, até hoje, o único estrangeiro a dirigir a seleção canarinho.

Filpo Nuñez faleceu no dia 6 de Março de 1999, com 78 anos, em São Paulo.

Vanderlei Luxemburgo: O fim de um jejum

Luxemburgo em treino frente ao Palmeiras, em 2009 (Foto: Dante Fernandez/Gettyimages)
Luxemburgo em treino frente ao Palmeiras, em 2009 (Foto: Dante Fernandez/Gettyimages)

Carioca de nascença e carinhosamente apelidado de "Pofexô", Vanderlei Luxemburgo da Silva nasceu em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, no dia 10 de Maio de 1952.Treinou o Palmeiras de 1993 a 1994; 1995 a 1996; 2002 e de 2008 a 2009.

No comando do time ele fez 369 jogos, com 221 vitórias, 81 empates e 67 derrotas. Conquistou títulos de grande importância, sendo eles os Campeonatos Paulistas de 1993, 1994, 1996 e 2008, o Torneio Rio-São Paulo de 1993 e os Campeonatos Brasileiros de 1993 e 1994.

Em uma boa passagem pelo Bragantino, Luxemburgo foi contratado pelo Palmeiras para o ambicioso projeto da co-gestão com a Parmalat, que tinha o objetivo de trazer de volta os tempos de glória para a tradicional equipe paulista. Luxemburgo teve o desafio de comandar o esquadrão montado pelo Palmeiras.

Já em seu primeiro ano, Luxa teve um desempenho invejável, levando o time a conquistar um título após 18 anos de fila. E logo contra seu arquirrival, Corinthians.

O primeiro jogo da final do paulista de 93 foi vencido pelo time alvinegro, por 1 a 0, com gol de Viola, que aproveitou para provocar na comemoração, imitando um porco. O fato despertou o lado motivador de Vanderlei, que se aproveitou da situação para motivar seus jogadores.

No jogo de volta, dia 12 de Junho, o Palmeiras foi superior ao seu rival desde o primeiro minuto. Zinho abriu o placar, aliviando os nervos dos torcedores alviverdes. No segundo tempo, o time continuou a pressionar e fez mais dois gols, com Evair e Edílson.


Com a vitória no tempo normal, o jogo foi para a prorrogação, onde em um pênalti extremamente bem batido por Evair, o Palmeiras fez o 4 a 0, venceu o jogo e se sagrou campeão paulista, 18 anos depois de vencer um título.

Ainda em 93, o treinador levou o Verdão a conquista do título brasileiro, contra o Vitória, da Bahia. Em 1994, Luxemburgo foi bicampeão de ambas as competições, o brasileiro teve o destaque de vencer sobre o seu rival Corinthians. O paulista de 1996 foi especial para o Palmeiras, com o famoso time dos mais de cem gols, liderado por Rivaldo e Luizão.

Luxemburgo ainda voltaria ao time alviverde para ser campeão mais uma vez. Doze anos depois, em 2008, ele se sagrou campeão paulista, com um time comandado por Valdivia, Alex Mineiro e "São" Marcos. O time eliminou seu rival São Paulo na semifinal, com gol e provocação de Jorge Valdivia e na grande final, venceu o primeiro jogo, em Campinas, contra a Ponte Preta por 1 a 0, com gol de Kléber "Gladiador".
No jogo de volta, no Palestra Itália, o time de Luxemburgo deu show e venceu o jogo por 5 a 0, com gols de Valdivia, Kléber e hat-trick de Alex Mineiro.


Luxa deixou o Palmeiras em 2009 e hoje treina o Sport Recife.

Luiz Felipe Scolari: A conquista da obsessão

Felipão ainda em sua primeira passagem (Foto: Matthew Ashton/Gettyimages)
Felipão ainda em sua primeira passagem (Foto: Matthew Ashton/Gettyimages)

Conhecido muito pelo estilo de jogo de suas equipes e por priorizar o resultado, Luiz Felipe Scolari, o famoso Felipão, nasceu no dia 9 de Novembro de 1948, em Passo Fundo, cidade do interior do Rio Grande do Sul.
O ex-zagueiro treinou o Palmeiras em 1997 a 2000 e de 2010 a 2012.
Ele é o segundo técnico com mais jogos pelo clube, com 409 partidas, sendo que tem 193 vitórias, 111 empates e 105 derrotas.
Ele foi o responsável por alguns títulos de expressão como a Copa do Brasil de 1998 e 2012, a Copa Mercosul de 1998, a Copa Libertadores de 1999 e o Torneio Rio-São Paulo de 2000.

O técnico que tinha o estilo que se precisava na época, para o projeto Tóquio, chegou em 1997 para vencer a tão sonhada Copa Libertadores. Para isso ele teria de antes vencer a Copa do Brasil e, consequentemente, conseguir a vaga para a competição internacional.

A Copa do Brasil de 1998 foi marcante na carreira de Felipão. Seu time tinha o estilo copeiro, jogava com o regulamento embaixo do braço, fazendo apenas o que se precisava dos jogos, sem se arriscar completamente.


Na semifinal da competição, a equipe de Luiz Felipe Scolari enfrentou seu grande rival da baixada santista, o poderoso Santos. Com um empate em 1 a 1 no Palestra Itália e outro empate, agora por 2 a 2, na Vila Belmiro, o time foi para a final com a regra do gol qualificado ao seu favor.

Na grande final, encontrou o algoz da Copa do Brasil de 1996, o Cruzeiro.Nem a derrota por 1 a 0 no Mineirão conseguiu abalar a confiança do elenco alviverde, que no jogo de volta venceu por 2 a 0, com gols de Paulo Nunes no começo do jogo e de Oséas, que, em uma falta cobrada por Zinho e defendida pelo goleiro, acertou um chute sem ângulo e levou ao delírio os quase 50 mil palmeirenses que estavam no Morumbi.

Em 1999, Felipão levantaria a taça mais importante do clube até hoje, a considerada obsessão, a Copa Libertadores da América.
Classificado em um grupo complicado, que tinha Corinthians, Olimpia e Cerro Porteño, o Palmeiras enfrentou o então atual campeão Vasco da Gama nas oitavas de final.


No primeiro jogo, no Palestra Itália, o Palmeiras foi superior mas apenas conseguiu um empate em 1 a 1.O jogo de volta, em São Januário, parecia ser impossível de se vencer, mas o Palmeiras de Felipão se mostrou forte e conseguiu tal feito. O 4 a 2 de virada classificou o time para as quartas, onde enfrentou novamente seu arquirrival Corinthians.

Com Velloso fora de combate, uma outra lenda surgia: Marcos vinha do banco para ser eterno no time alviverde.No primeiro jogo, o goleiro alviverde fechou o gol que foi bombardeado pelos corintianos. E o time copeiro de Felipão fez dois gols, um em cada tempo, conseguindo boa vantagem para o jogo de volta.


Na segunda partida, nem Marcos foi capaz de parar o ataque alvinegro, que devolveu o resultado de 2 a 0 e levou o jogo para os pênaltis.Marcos pegou a cobrança de de Vampeta. Dinei chutou para fora, enquanto os palmeirenses Arce, Evair, Rogério e Zinho marcaram. O Palmeiras vencia por 4 a 2 e estava na semifinal, onde enfrentaria o tradicional River Plate.

No jogo de ida, Marcos se fez presente mais uma vez, salvando o time alviverde e segurando o resultado de 1 a 0 para os donos da casa, que sabiam que era uma vantagem difícil de ser segurada em São Paulo.
No jogo de volta, o Palmeiras se mostrou muito superior e venceu o jogo por 3 a 0, pressionando muito o time argentino, e assim chegando a final, que seria contra o Deportivo Cali, da Colômbia.

Na grande final, o Palmeiras fez o primeiro jogo contra o time colombiano fora de casa, onde não conseguiu segurar o empate e foi derrotado por 1 a 0. O otimismo tomava conta da torcida para o jogo de volta, disputado no Palestra Itália. Mas o nervosismo do jogo impediu ambos os times de marcar na primeira etapa da final.

No segundo tempo, Evair em perfeita cobrança de pênalti, abriu o marcador para o time de Felipão. Júnior Baiano quase acabou com o sonho, fazendo pênalti em Zapata, que cobrou e empatou o jogo.
Porém, Oséas, apenas 6 minutos depois, desempatou e levou o jogo para os pênaltis.

Zinho foi o primeiro a bater, e perdeu, chutando no travessão. Após isso, Júnior Baiano, Roque Júnior e Rogério marcaram.
Bedoya acertou a trave e deixou tudo igual nas cobranças.
A quinta do Palmeiras foi de Euller, que fez o gol com categoria.
Zapata, que já tinha marcado de pênalti durante o jogo, era o responsável pela quinta cobrança do Deportivo. Marcos caiu para seu lado esquerdo e Zapata cobrou no lado direito do gol, mas a tentativa de ser perfeito foi tanta, que ele cobrou para fora e assim o Palmeiras foi campeão da Copa Libertadores da América.

No Mundial de Clubes, o time pressionou, martelou, mas não conseguiu vencer o Manchester United, que ganhou por 1 a 0 e deixou o vice campeonato para a equipe de Felipão.

Em 2000 o time chegou novamente na final da Libertadores, onde, na semifinal, eliminou mais uma vez o Corinthians, nos pênaltis, com Marcos pegando a quinta cobrança de Marcelinho Carioca.
Na final, o time perdeu para o Boca Juniors, também nos pênaltis, e amargou o vice campeonato da Libertadores daquele ano.

Luiz Felipe Scolari deixou o Palmeiras em 2000 para comandar o Cruzeiro e, posteriormente, a Seleção Brasileira, onde ganhou a Copa do Mundo de 2002.

Em 2010, Felipão voltou ao Palmeiras, que dessa vez não tinha o poder financeiro da Parmalat.Apenas em 2012, o técnico conseguiu erguer uma taça pela equipe alviverde.


Com um time considerado fraco, Felipão chegou às semifinais da Copa do Brasil contra o poderoso Grêmio, então treinado por Luxemburgo. No primeiro jogo, o time soube se defender ao ataques da equipe tricolor, que jogava em casa, no místico Estádio Olímpico.
Sabendo tomar pressão, o time conseguiu em dois contra-ataques fulminantes, vencer o clube gremista por 2 a 0, com gols de Mazinho e Barcos, assim praticamente classificando o time para a final.
No jogo de volta, na Arena Barueri, o time apenas segurou um empate por 1 a 1, com gols de Valdivia e se classificou para a final, onde enfrentou o Coritiba.

Na finalíssima, o time copeiro de Felipão fez seu primeiro jogo em casa, na Arena Barueri, onde, com um gol de pênalti de Valdivia e um gol de cabeça Thiago Heleno, após cobrança de falta de Marcos Assunção, o time conseguiu boa vantagem para o jogo de volta, que seria disputado no Couto Pereira, fortaleza do alviverde paranaense.

No jogo de volta, o Coritiba tentou, pressionou e até conseguiu um gol, em cobrança de falta perfeita de Ayrton. Mas o Palmeiras, com sua principal arma nas cobranças de falta de Marcos Assunção e um desvio leve do desconhecido Betinho, que substituia Hernán Barcos, conseguiu segurar o empate e ser campeão da Copa do Brasil daquele ano, 12 anos após vencer seu último título nacional.